Por Deborah Palma/ IFL Salvador
Murray Newton Rothbard foi um dos economistas austríacos que rejeitaram a teoria dos liberais clássicos no que tange à soberania do consumidor. Ele achava equivocada a definição de que o consumidor é o soberano no mercado, dado que “soberania” é um atributo do poder político, garantido pela coerção. Em uma sociedade independente, cada indivíduo é a autoridade máxima sobre a sua propriedade privada e liberdade. Para um grupo ter poder sobre o outro, é indispensável o uso da força, do domínio e do controle, a invasão tanto da liberdade, quanto da propriedade do dominado.
Desde os primórdios do comércio, quando tínhamos o escambo como meio de troca, estipulávamos quanto valia cada mercadoria de acordo com outros produtos. Todos eram produtores e consumidores, pois havia uma troca livre e espontânea entre as partes com seus respectivos interesses.
Com o desenvolvimento do comércio, os meios de troca evoluíram, pois as mercadorias, além de serem muitas vezes perecíveis, podiam acabar desperdiçadas ou ter alto custo de logística para serem transportadas até o lugar da troca. Isso além da dificuldade da acumulação de capital, que se tornou imprescindível para o desenvolvimento de uma sociedade.
Após a introdução dos metais preciosos, em razão da dificuldade de produção e transporte, originaram-se as primeiras cédulas de dinheiro em 1661 na Suécia. Foi a França que adotou o papel moeda de forma mais rápida. Veja que, independentemente do tempo, é da natureza do homem criar, produzir e inovar. Primeiro para garantir o próprio sustento, depois para atender a demanda dos demais, que decidem comprar determinados produtos e adquirir esses serviços por enxergarem valor no que o outro possui/ produziu.
Em contrapartida, esse “outro” considera mais valioso o dinheiro que irá receber, devido à uma troca livre e espontânea entre as partes. Portanto, apesar de diferentes meios de troca, ambos continuam sendo consumidores e produtores, em sintonia com a Lei de Say, que define a concepção do consumo como o alicerce da produção em toda a transação, em virtude da troca pacífica numa economia livre.
Independentemente de o indivíduo ser produtor, fornecedor, vendedor ou comprador, ele possui o seu sustento graças à busca e ao consumo de outros indivíduos. Estes também produzem e atendem uma parcela dos consumidores, destacando que a sua própria sobrevivência é o principal fim que justifica continuarem trabalhando em suas respectivas áreas e cargos.
Um exemplo real de identificação dessa relação voluntária está no momento em que vou realizar um exame médico. Há uma troca natural na aquisição do que eu desejo a partir do preço estipulado pelo médico, que presta esse serviço. Assim, eu estou consumindo o serviço ofertado pelo médico e ele está aceitando o meu dinheiro para pagar o seu trabalho.
A mudança das vontades e dos interesses dos consumidores também é levada em conta, visto que é de acordo com o seu movimento que o produtor adquire o seu salário.
Por outro lado, um grande problema cultural são os cartéis estatais, que dificultam a atuação de uma economia pacífica, interferindo na escolha das pessoas, obrigando-as a comprarem determinado produto com uma qualidade inferior e a um preço mais alto.