Enquanto a campanha eleitoral discute se Dilma é a mãe (ainda não se sabe quem é o pai), a vida real passa sorrateira ao fundo do cenário, como quem não quer nada.
A Petrobras, orgulho nacional, suposto símbolo e locomotiva do lulismo, baixou na UTI. Está respirando por aparelhos, e precisará de uma transfusão: 100 bilhões de reais na veia, metade diretamente do Tesouro (seu bolso).
Vamos recapitular, para o caso de você não estar ligando o nome à pessoa. A Petrobras é aquela que, dos 500 bilhões de reais do PAC, respondia por cerca de 100 bilhões.
A Petrobras é aquela que, depois da descoberta do Eldorado do pré-sal, ia levar o Brasil nas costas. Compre ações da Petrobras hoje e acabe com a pobreza nacional amanhã, anunciava a equação petista.
O que houve com esse futuro dourado? O que houve com essa locomotiva?
Ninguém parece saber explicar direito. De repente, o dinheiro deu marcha à ré, e a mega-estatal precisa que o Brasil lhe dê meio PAC de presente. E o Brasil vai dar, porque o petróleo é nosso.
Em qualquer país normal, o anúncio de uma operação de capitalização de 100 bilhões de reais em dinheiro público para a maior empresa nacional cairia como uma bomba atômica. Mas o Brasil está ocupado discutindo amor de mãe nas urnas.
E quando se fala na Petrobras, é para dizer que Fernando Henrique, o malvado, ia entregá-la para o primeiro gavião neoliberal que passasse pela Avenida Chile.
Os súditos de Lula vivem arrepiados com esse pesadelo. Mas encaram numa boa o trem-fantasma da vida real. Que gestão é essa a que os companheiros submeteram a estatal? Por que esse colosso nacional anda passando o pires na Caixa Econômica e no BNDES?
Ninguém estranha nada. Desde que a farra seja nacionalista, está liberada.
O governo popular que conseguiu a façanha de afundar os Correios tem aprovação automática para tudo. Podem sangrar a Petrobras à vontade com a festa dos convênios para Sarney e os amigos do PT. O Brasil paga feliz. São só 100 bilhões.
Por medida de segurança, vem aí a estatal do pré-sal. E depois da eleição vem o carnaval, com a marchinha mais atual do que nunca: mamãe eu quero mamar.
(Do blog de Guilherme Fiuza no portal da revista “Época”)
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