Depois de fazer, sorridente, um chamego no braço ensangüentado de Mahmoud Ahmadinejad, Luiz Inácio da Silva defendeu o programa nuclear iraniano. Para fins pacíficos, claro.
Lula avisou ao mundo que, por ele, o tarado atômico pode ter quanto urânio, plutônio e substâncias radioativas quiser em seu quintal. Só faltou dizer: “Mas não vai brincar de bomba, hein, menino?”
A única coisa chata nesse assunto é que o Irã não deixa, nem vai deixar ninguém ver de que exatamente está brincando em seu quintal. Mas Lula confia no país amigo.
O apoio oficial do Brasil ao programa nuclear iraniano pode ser o início de uma era na diplomacia. Não custa nada o presidente brasileiro apoiar também a venda de cocaína pelas Farc para fins pacíficos. E dar um voto de confiança à escalada militar da Coréia do Norte para fins pacíficos.
Os fuzileiros do tráfico de drogas no Brasil também poderiam ganhar um salvo conduto pacifista de Lula. Chega de implicar com essa gente boa.
Deu para sentir a boa índole de Mahmoud Ahmadinejad, especialmente quando afirmou candidamente, em solo brasileiro, que os Estados Unidos e Israel “não têm coragem” de atacar o Irã. Nota-se que o ditador obscurantista tem o pacifismo nas veias. Lula, o filho do Brasil, não tem com que se preocupar.
A doutrina do esquerdismo radioativo (para fins pacíficos) há de trazer bons frutos para o Brasil.
Daqui para frente, as confusões no Oriente Médio com a grife do maluco homofóbico têm a chancela do Itamaraty. É claro que, no primeiro míssil pirata que sair voando de lá, Amorim, Top Garcia e seus estrategistas vão querer dizer à ONU que não era bem isso o que o Brasil apoiava. O apoio brasileiro era ao Ahmadinejad do bem. Ah, bom.
O presidente do Irã veio dizer que o capitalismo acabou, para delírio dos revolucionários bolivarianos. Lula ainda acaba enterrando mais uns caraminguás do contribuinte numa edição do Fórum Social Mundial em Teerã.
Qual será o próximo passo da arrojada diplomacia do oprimido?
Vai uma dica: a campanha eleitoral nas Filipinas começou com duas dezenas de políticos e jornalistas decapitados pela milícia do estado de Maguindanao. O chefe do bando aguarda, ansiosamente, o convite do Itamaraty.
(Publicado em Época)
Ótimo.
Antigamente o Brasil era pobre mas parecia um país decente no plano internacional.
Israel e Irã: dois pesos, duas medidas.
Vocês imperialistas acham que nós brasileiros não temos capacidade para perceber essas sutilezas retóricas, né?
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Cacilhas, La Batalema