O Podcast Rio Bravo conversa com Tonico Novaes, diretor geral da Campus Party, evento que já faz parte do calendário da tecnologia e da inovação no Brasil. Na edição deste ano, que acontece de 12 a 17 de fevereiro, a Campus Party se compromete, também, a pensar o futuro do trabalho para nativos digitais, a geração que já nasceu no contexto das novas tecnologias e da conexão com a rede mundial de computadores. Nas palavras de Tonico Novaes: “A Campus Party é um evento que leva pessoas para se aperfeiçoarem pessoal e profissionalmente. No ano passado, por exemplo, nós proporcionamos a oportunidade para os jovens influenciarem os executivos”. Nesse sentido, ao comentar as mudanças recentes no perfil da Campus Party, Tonico Novaes ressalta a importância de estar alinhado com as características do jovem. “As expectativas do jovem de 12 anos atrás não são as mesmas expectativas dos jovens de hoje. Por isso, a Campus Party tem de estar sempre na vanguarda”.
Rio Bravo: Como é que a Campus Party tem manifestado interesse na transição em relação ao trabalho no futuro, sobretudo no que tange aos jovens?
Tonico Novaes: É fato e já de conhecimento público que os robôs estão chegando para substituir os trabalhos do ser humano, assim como aconteceu há 200 anos atrás, quando a Revolução Industrial chegou. Todos diziam que as máquinas iam substituir o trabalho do ser humano e de fato isso aconteceu em alguns segmentos. Na linha de produção, principalmente, as máquinas acabaram substituindo o trabalho do ser humano. Muita gente diz que nós estamos na quarta Revolução Industrial. Nós estamos na revolução da economia digital, da economia compartilhada. Nós temos aí o advento do robô querendo invadir o trabalho do ser humano, mas novos empregos vão surgir. A gente está vendo aí empregos de desenvolvedores, arquitetura em TI, sincronizadores de APIs, então a gente vê novos empregos surgindo. A Campus Party traz esse debate, a Campus Party provoca o jovem a esse debate. A Campus procura trazer para a sociedade qual é o futuro. Será que nós temos que falar em aumento do trabalho ou aumento de renda? Será que nós temos que falar que o computador, o robô vai substituir o trabalho do ser humano e o ser humano agora vai ter mais tempo para o ócio ou novas profissões vão aparecer? É todo esse tipo de debate que a gente procura dar o start dentro da Campus, dar a fagulha para que, junto com a sociedade dos jovens, a gente possa entender qual é o futuro que está por vir aí pela sociedade, o que vai acontecer.
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Rio Bravo: Quando a gente fala de futuro, você, particularmente, estima quanto tempo para esse futuro se tornar uma realidade bastante objetiva?
Tonico Novaes: Hoje, já tem alguns dados que dizem que 29% de todo o trabalho está sendo ocupado por computadores, algoritmos etc. Obviamente, quando a gente fala em países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Finlândia, Suécia, eu acho que isso deve acontecer nos próximos 10 a 15 anos. Aqui no Brasil, tende a demorar um pouco mais. Eu acredito que vai ser nos 15, 20, 25 anos. Eu acredito que demore um pouco mais esse tipo de processamento, de soluções a chegar aqui. Tem muita coisa que a gente sabe que já está em funcionamento, já existe, mas no Brasil ainda é um pouco incipiente.
Rio Bravo: E vai haver espaço para que as pessoas, de um modo geral, possam participar desse novo mercado de trabalho, dessas novas opções de forma completa? Eu me refiro a isso porque um dos grandes autores do nosso tempo, Yuval Noah Harari, historiador, disse numa entrevista que a grande preocupação dele no futuro era que haveria uma parcela bastante significativa da população que não teria muito o que fazer. Não te parece que existe um contraponto sombrio demais em relação a esse futuro?
Tonico Novaes: Sim, me parece. Eu acho que todas as expectativas são sombrias, todas as previsões são sombrias, mas se você olhar, por trás de todo software tem uma pessoa. O que eu já vejo hoje nas empresas é que todas têm uma grande preocupação em estar trabalhando com inteligência artificial, big data, realidade virtual, realidade aumentada, blockchain, ou seja, uma série de tecnologias, mas, principalmente, elas estão procurando como humanizar essas tecnologias, como fazer com que o ser humano tenha uma participação mais proativa, como ele ser o protagonista dessa história. Hoje, a gente tem diversos softwares de inteligência artificial. Nenhum é 100% inteligência artificial, todos precisam de um ser humano, seja ele para programar, ou até softwares de bancos que estão fazendo reconhecimento de documentos para ver se aquilo é um documento mesmo precisam no final ter uma conferência de um ser humano, e depois tem uma terceira conferência que eles variam, pode ser do computador ou de um ser humano. Sempre tem um ser humano por trás, mas as empresas hoje estão muito enraizando na questão do chief culture officer, aquele cara que se preocupa com a cultura, com o propósito das empresas. Por que isso? Porque as empresas têm três tipos de missão. Tem a missão que ele coloca na parede, tem a missão que ele quer, os valores que ele quer alcançar, e tem os valores que ele realmente pratica no seu dia a dia. Então, essa figura hoje é muito importante dentro das empresas, porque está humanizando cada vez mais o trabalho e transformando as relações em algo mais justo, algo mais empreendedor, algo mais profissional de acordo com esses valores. Eu vejo que as empresas se preocupam muito com a tecnologia, mas elas se preocupam muito com essa humanização e essa humanização faz com que cada vez mais as pessoas tenham um papel importante dentro da sociedade. Hoje, além dessa parte da cultura, eu vejo as empresas se preocupando com quem é o cara de API, quem é o cara de desenvolvimento de soluções tecnológicas e também quem é o cara responsável por customer experience, pesquisas de satisfação de cliente. Sempre tem a tecnologia para atender o cliente, saber o que o cliente quer, mas tem uma pessoa sempre por trás disso ou um grupo de pessoas que está preocupado com isso. Então, a minha resposta é sim, acho que as previsões são sombrias, mas eu acredito que nós todos, seres humanos, sociedade, nesses debates, vamos encontrar soluções para que a gente possa no futuro, não como o historiador falou de não termos o que fazer, mas a gente vai trabalhar menos e vamos ter mais tempo para dedicar às nossas famílias.
Rio Bravo: Os jovens já estão adequados a essa nova conjuntura, na sua avaliação, pela sua experiência de Campus Party?
Tonico Novaes: O jovem que já nasceu nesse milênio, sim. Acredito que ele já chega mais preparado, porque ele nasceu com todas essas tecnologias. Nós somos os imigrantes digitais. O jovem que vem desse milênio é um nativo digital. Essas tecnologias crescem com ele, ele sabe como isso funciona, ele sabe manusear e ele já vem pronto. A grande questão é que essa nova geração é uma geração que vem sem resiliência. Digitalizada, que vem com a informação democratizada, consegue ter acesso, é uma nova era onde o cara para aprender a falar inglês ele aprende na internet, não precisa morar fora, fazer curso, nada disso. É uma geração que já chega pronta para esse mercado, mas é uma geração que chega sem resiliência, é uma geração que precisa se aperfeiçoar e aí eu acredito muito nessa sinergia de quem já está há mais tempo no mercado, porque nós, que já estamos há mais tempo no mercado e somos imigrantes digitais, podemos aprender a ser digitais, nós podemos nos digitalizar e daí nós já temos a experiência, nós temos a faca e o queijo na mão.
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Rio Bravo: Fora do Brasil, além do estudo que foi divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, como é que esse tema tem sido discutido? Quais são as iniciativas que têm sido colocadas em prática no tocante a esse tema?
Tonico Novaes: A questão é a tecnologia, que está aumentando. Nós temos que começar a pensar em aumentar a renda e não o trabalho, não o emprego. Diversos aplicativos de economia compartilhada já estão nessa pegada. Uber, Airbnb, Cabify, 99 etc. já são dessa pegada, eles não estão aumentando os empregos formais, não estão aumentando carteira de trabalho, mas eles estão aumentando a renda. Hoje, tem diversos aplicativos de economia compartilhada que a gente vê aí e você vai ver quem é o CEO do aplicativo, é um menino de 26 anos, de 27 anos que teve uma ideia ótima. Um exemplo disso foi uma vez que a gente fez um hackathon na Campus Party para uma montadora. Colocaram lá uma série de desafios e a ideia era que o ganhador cumprisse esses desafios em três dias e o vencedor ganhou em 1 minuto e 32 segundos. Um minuto e 32 segundos, algo que era para decifrar em três dias. O prêmio era R$ 10 mil, um carro e um emprego na fábrica. O menino falou: “Me dá os R$ 10 mil, o carro também me dá que eu vou vender e vou pegar o dinheiro pra mim, e o emprego, obrigado, eu não quero”. Como assim? “Eu, numa fábrica em São Bernardo do Campo? Vocês estão de brincadeira, eu vou ficar na minha casa e quando vocês precisarem de mim, você me liga lá e me contrata que eu faço de lá mesmo o trabalho.” Já é essa mudança de mindset. Nós, mais antigos, falaríamos: “Como assim? Você tem um emprego garantido”. “Não quero emprego, eu quero trabalhar na minha casa.” Eu tenho muitas pessoas que trabalham aqui na empresa, que são desenvolvedores e trabalham em casa, e se você falar pra elas “Olha, a partir de amanhã eu vou tornar você um CLT”, o cara dá um pulo da cadeira. “Eu não quero, não quero sair da minha casa, eu fico na minha casa, eu não quero ter vínculos com você, eu trabalho pra você, pro outro, pro outro, pro outro, não quero”, porque já está nesse espírito empreendedor, já percebeu que ele pode estar no mercado de diversas formas. Ele não quer ter um emprego formal.
Rio Bravo: Fora do Brasil você percebe que essa experiência já é uma realidade?
Tonico Novaes: Ela já é uma realidade, já acontece em diversos países que a gente conversa. Estados Unidos, na Europa, Portugal, Espanha, a gente vê… Israel, diversas startups. Israel tinha um grande problema no passado, que era um país extremamente focado no petróleo e não tinha o que fazer com tantos jovens que se formavam e não tinham oportunidade no mercado de trabalho. Com o investimento do governo em statups, em economia compartilhada e em economia digital, hoje, Israel é o maior polo de startups, é um dos maiores polos de inovação e empreendedorismo do mundo, então está aí o grande pulo do gato. O grande pulo do gato é investir nesse jovens. No Brasil, principalmente, a gente tem um grande concorrente, que é o narcotráfico. A gente desperdiça talentos nas favelas, nas comunidades carentes de uma forma assustadora, porque se esses jovens tivessem a oportunidade de estar em ambientes como a Campus Party… A Campus Party é só um exemplo, mas é uma pontinha de uma agulha nesse oceano. Se tivéssemos outros exemplos onde o jovem pudesse ter essa sensação de pertencimento e entender que ele pode criar soluções tecnológicas sem entender de programação, às vezes, juntando com um programador, entendendo ou começando a se especializar, eu acho que a gente teria um ganho maior. Infelizmente, o Brasil investe em ciência e tecnologia menos de 1,5% do PIB, enquanto países desenvolvidos estão com investimento acima de 4% do PIB. Está aí a grande diferença.
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Rio Bravo: Falando agora da Campus Party, diz um pouco sobre a mudança de perfil deste evento, que já faz parte do calendário da cidade de São Paulo. O evento tinha um perfil antes, com jovens que iam, basicamente, lá para aproveitar as experiências relacionadas à internet, e hoje tem um outro perfil. Fala um pouco dessa transição pra gente.
Tonico Novaes: Eu diria que a Campus é uma fábrica de jovens. A gente todo ano está trazendo mais jovens, jovens diferentes para participarem dessa experiência. Tem pessoas que estão na Campus há 12 anos, que vão há 12 anos, e essas pessoas falam pra mim “Nossa, Tonico, a Campus mudou muito”. E eu falo pra elas “Graças a Deus que nós mudamos”, porque nós temos que acompanhar a evolução do jovem. O jovem de 12 anos atrás não é o mesmo jovem de hoje. A cabeça do jovem de 12 anos atrás não é a mesma cabeça do jovem de hoje. A expectativa do jovem de 12 anos atrás não é a mesma expectativa da cabeça do jovem de hoje, e a gente tem que estar sempre na vanguarda. É algo que a gente se cobra e o público nos cobra. Mas a gente tem algumas mudanças e algumas para melhores, outras para piores, dependendo do ponto de vista. A gente fez uma pesquisa na última Campus e tem uma informação que é super engraçada e interessante, que é a questão do eSports. A Campus é um evento onde a pessoa vai para se aperfeiçoar pessoal e profissionalmente, vai para aprender, então o eSports, o gamer… Todo mundo joga. Quase que 90% do público que vai na Campus joga, menos de 20% assume que joga, porque o gamer… É pejorativo você falar que você é gamer, então acaba acontecendo… A gente percebe nas pesquisas qualificativas que o cara fala “Não, eu não jogo”, mas depois a pessoa vai embora e fica só sacando, esse senta na bancada e começa a jogar. Por quê? Porque ele não assume que joga, mas ele joga. Então, o jovem mudou, mas a gente se esforça para que a gente tenha um evento com correalização e uma participação efetiva cada vez maior desse jovem. A gente fez no ano passado um programa bem interessante, que é o Campus Summit, onde a gente deu… A Campus Executive que chamou no ano passado, esse ano vai chamar Campus Summit. A gente deu para esse jovem o poder de influenciar alguns executivos. A gente pegou o executivo, levou, ele assistiu essas palestras, depois a gente deu uma volta, uma visita guiada com ele, apresentando a Campus, 140 executivos, e dividimos eles em três blocos, três áreas de interesse — empreendedorismo, programadores e blockchain — e depois levamos eles para serem mentorados pelos campuseiros. No começo, foi muito engraçado, porque o campuseiro falava “Ei, pera aí, você vai fazer esse negócio do Campus Executive, não glamuriza a minha Campus Party, não gourmetiza a minha Campus Party, você está tornando a Campus Party gourmetizada”, mas quando eu falava pro jovem “Não, o que eu quero é que vocês tenham voz ativa com os executivos, vocês mostrem o poder que vocês têm aqui para os executivos”, o jovem já falou “Opa, eu me interesso em participar desse programa, eu quero participar”. E o executivo, por outro lado, falava “Não, mas pera aí, eu quero dar mentoria para esses jovens”. Eu falava “Negativo, você vai sofrer mentoria do campuseiro”, e aí o executivo de 45 anos, CIO, CTO, CEO, C-Level vira pra mim e fala “Como assim? Eu vou sofrer uma mentoria de um garoto de 23, 24, 25 anos? Você está de brincadeira?”. “Não, eu não estou de brincadeira, é isso que vai acontecer”. Então, foi um encontro muito legal e, de certo ponto, perigoso, porque eu tinha a desconfiança do campuseiro de um lado e a desconfiança do executivo do outro, mas eu tinha a convicção que isso ia dar certo e isso foi muito enriquecedor e muito frutífero. Os executivos que foram já queriam comprar o ingresso de renovação, que a gente nem tinha lançado nem tinha vendido. Os campuseiros ficaram super interessados. Essa parte da visita guiada mais a mentoria ia durar duas horas, durou quatro horas e meia, porque os executivos queriam ficar perguntando cada vez mais. Os caras viram um menino de blockchain minerando bitcoin na hora, eles viram a máquina funcionando, com o software rodando, com tudo acontecendo, ou seja, é muito enriquecedora. É nisso que a gente tem que pautar as próximas iniciativas, como fazer essa sinergias das gerações — a geração que é nativo-digital, que já nasceu esse ano e que vai estar na Campus, com os imigrantes digitais. Como a gente traz esse executivo para participar ativamente com o jovem e eles poderem se entender ali? Ali, ele pode pegar uma ideia para um trabalho, ele pode recrutar um talento, ele pode criar novas ideias para ele, investir numa startup, as opções são infinitas, então foi um trabalho muito interessante para dar voz ativa ao nosso jovem e mostrar que o que a gente tem lá dentro é para jovem, jovens de 18 a cem anos.
Rio Bravo: Além desse Campus Summit, quais são as próximas atrações da Campus Party do ano que vem?
Tonico Novaes: Acho que a principal atração que a gente vai ter é a mudança de local. A gente vai agora para um local onde a infraestrutura é bem mais adequada ao perfil do público. A gente está saindo do Anhembi e estamos indo para o Center Norte. Pela data que a gente faz, o Center Norte tem um ar-condicionado, então isso é algo que ajuda a gente com o nosso público. Além disso, a gente vai continuar investindo no que a gente acredita que é a vanguarda. Na área de startups, a gente vai começar a investir em novas startups. Antes, a gente dividia em startups anjos e startups mais avançadas. Agora, a gente quer um passo antes do anjo. A gente quer criar programas que vão dali sair novas startups para o mercado, pessoas que ainda não têm o CNPJ, que só têm uma ideia e vamos ajudá-los a criar uma startup. A ideia é aproveitar esses talentos para criar novas startups, para dar a esse jovem a oportunidade do empreendedorismo de fato. Vamos também ter uma área que chama Campus Jobs, que aí é para o campuseiro que quer empreender na sua carreira profissional e não num negócio próprio. Ele quer ser executivo numa empresa, então ali a gente vai dar mentorias de que tipo de especialização fazer, para qual curso ele deve seguir, como se portar numa entrevista de trabalho. Isso é uma coisa que às vezes parece básico pra gente, mas que para um jovem ninguém explicou para ele como preencher um currículo, que tipo de informações, o que passar, como se portar, como sentar, como olhar, como pegar nas coisas, então a gente vai dar uma série de mentorias através da Campus Jobs. A gente está trazendo também a Fórmula 1 in Schools. Não sei se já ouviu falar, é um projeto de minicarros de Fórmula 1, criado em escolas, com CO2, onde existe uma corrida numa pista de 25 metros de extensão. Além disso, a gente tem a Educação do Futuro, que a gente vem apostando bastante, que é uma parceria com o MIT e com a Turma da Mônica, com o Centro Paula Souza, focada não só para as crianças, mas, principalmente, para o formador, para o professor, dar formação para o professor, mostrar pra ele linguagens de programação em Scratch, animação de cartoons da Turma da Mônica, como ele pode passar a aprendizagem criativa mesmo nas escolas para o aluno de forma com finalidade. Esses são alguns pontos, acho que vai ter outros, mas não lembro agora de cabeça.
Fonte: “Podcast Rio Bravo”