Você está na Rua Dias Ferreira, calor de rachar, quando vislumbra a imagem luminosa de uma geladeira de sorvetes.
Entra, pede um picolé de limão e, quando vai pagar, percebe que está numa farmácia. Aí, você aproveita e decide comprar um antibiótico.
É isso que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, acha que acontece. Pelas novas regras, as farmácias não podem mais vender balas, sorvetes, bengalas, guarda-chuvas, enfim, nada que não seja medicamento ou coisa próxima. Mamadeira, por exemplo, pode. Roupinha de bebê, não pode.
Qual o argumento? Evitar a automedicação e o uso excessivo de remédios.
E como se faz isso? Reduzindo o número de pessoas que entram numa farmácia.
Ou seja, o pessoal da Anvisa acha que, proibindo o consumidor de comprar chiclete na farmácia, reduz o uso de anti-inflamatórios. Ou, vendo a história pelo reverso, o pessoal acha que o sujeito entra para comprar um chiclete de um real e sai com um pacote de medicamentos de 50 reais.
Além disso, a nova regra determina que as farmácias não poderão colocar os medicamentos de venda livre nas gôndolas e prateleiras, ao alcance dos consumidores. Os produtos deverão ficar atrás dos balcões e o consumidor precisará pedir a um funcionário da farmácia.
Mesmo argumento. O sujeito entra para comprar um comprimido para dor de cabeça e resolve levar antigripal, xarope, preservativo, diurético e tal. Diretores da Anvisa disseram que é preciso proteger o consumidor e evitar que ele caia nas armadilhas insidiosas dos donos de farmácias ou ceda a seus piores instintos de tomar qualquer medicamento que apareça na sua frente.
Mesmo que isso fosse verdade, não resolveria o problema. É óbvio que o funcionário da farmácia, ao entregar o produto solicitado pelo consumidor, vai perguntar: mais alguma coisa? A pessoa que gosta de um remediozinho e os hipocondríacos continuarão indo à farmácia buscar as novidades.
A coisa toda só vai atrapalhar o consumidor normal, a imensa maioria.
Mas há mais. Com essas regras e suas explicações, a Anvisa está dizendo que nós, consumidores, somos uns idiotas, uns bobalhões, vítimas fáceis de charlatães. Assim, o governo, formado por sábios, como todos sabem, precisa dizer o que a gente pode ou não comprar e onde.
Esse cidadão normal, estando doente, obviamente deseja ser atendido por um bom médico, receber a receita e adquirir os remédios corretos numa farmácia confiável. Só não faz isso quando não tem acesso à consulta — acesso a tempo, bem entendido, não esperando dias.
Assim, parece razoável supor que a pessoa se medica quando não consegue ser atendida no SUS ou não tem dinheiro para pagar um serviço privado.
E aí entra o problema adicional: o automedicamento funciona porque se compra sem receita, o que é ilegal.
De maneira que a Anvisa, que regula os planos e seguros saúde, tem aí dois desafios sérios: garantir atendimento eficiente aos doentes e controlar a venda com receita.
Em vez de fazer isso, proíbe a venda de picolés em farmácias. Impõe um desconforto ao consumidor e um custo às farmácias. Todas precisarão mudar seu layout, trocar os móveis.
Para as grandes redes, pode ser um custo normal. Para as pequenas, não.
Além disso, as novas regras retiram faturamento das farmácias, o que encarece toda a operação e, pois, coloca uma pressão adicional sobre os preços de medicamentos.
Em 2007, a Anvisa colocou tais regras em consulta pública. De lá para cá, não houve mudança nesse quadro de assistência insuficiente e venda ilegal sem receita. E o que faz a Anvisa? Resolve complicar o comércio legal.
Reparem: quem vendia sem receita, continuará vendendo. Quem vendia dipirona do Paraguai, continuará vendendo, talvez mais. A farmácia que fazia tudo certinho, vendendo medicamentos e picolés de qualidade, será prejudicada.
Só pode o ilegal.
Por que não copiam um sistema que funciona? Nos Estados Unidos, você compra muitas coisas nas farmácias, verdadeiras lojas de conveniência. Mas não consegue de jeito nenhum comprar medicamento restrito sem receita.
Aqui, eles montam um sistema que vende remédio sem receita, mas não vende picolés nem com receita.
(O Globo – 20/08/2009)
Sardenberg sempre muito preciso. Digo-lhe mais, isso não vai evitar as consultas de balcão.
Anti-histamínicos até onde sei não ficam nas prateleiras e creia-me são “prescritos” reiteradamente nos balcões de drogarias, por várias vezes atendi pessoas com relatos semelhantes a esse : “Doutora eu tava com coriza, espirro , fui na farmácia e perguntei para o farmacêutico ( no caso era o balconista erroneamente chamado de farmacêutico ) o que eu poderia usar pra melhorar aí ele me indicou esse aqui” , mostrando a caixa da substância loratadina.
A solução é a exigência da receita, o resto é bobagem.
Não conseguindo prevenir o ilícito que lhe cabe coibir (a venda de medicamentos sem receita), a Anvisa resolveu criminalizar toda a atividade das farmácias e drogarias.
É a mesma falácia de que se não se pode acabar com o tráfico, que se liberem as drogas.
Droga por droga, diferentes tratamentos, não? A mesma sociedade que fala em liberar a maconha e já descriminalizou o porte quer agora proibir ou dificultar a venda da aspirina ou o porte de sonrisal. Vai chegar a hora em que será mais fácil fumar um baseado pra curar a dor de cabeça!
Boas leis não interferem em atos que nada tenham de nocivo. Essa norma da Anvisa muda arbitrariamente as idéias comuns de vício e virtude, estende a esfera dos crimes e multiplica as transgressões.
Cria-se um impasse: o homem que respeita essa norma tem confundido seu senso de vício e virtude; o homem que a desconhece será considerado criminoso por atos inócuos.
Mas como esperar boas leis de um país cujo presidente elogia Chavez e critica Uribe? Liberam a cannabis e proíbem o paracetamol. O Brasil não é um país sério.
A Anvisa tem tantos problemas a serem resolvidos que não dão ibope. Este ao menos a população fica prejudicada e aí sim o ipobe sobe.
Acredito que para colocar ordem no comércio de remédios, em primeiro lugar a Industria tem que ser bem fiscalizada, depois os médicos e ai sim as farmácias.
E assim as nossas liberdades individuais vão sendo ainda mais reduzidas…
Médico hoje é vendedor de laboratório, quando você faz uma consulta independentemente do seu estado de saúde o profissional de vendas à sua frente saca um cartão tipo Visa/Mastercard e diz esse remédio custa uma fortuna, mas…., se você apresentar minha carteirinha e meu CRM terá um desconto de 50%, mas nós sabemos que o medicamento certo mesmo custa 20 vezes menos que o receitado com 50% de desconto.
Eu fui vítima inúmeras vezes e troquei de profissional quase até esgotar a lista dos cooperados em planos de saúde.
Nenhum órgão “vê” isso, não dá Ibope, como acima comentaram!!!
Caro, Sardenberg.
Vi a sua crônica a respeito da RDC044/99 da ANVISA. Posso compreender a sua indignação com tal norma, pelo aspecto ideológico dos princípios das liberdades individuais. Você adentrou em uma seara que tem uma importância muito grande para a saúde do brasileiro. Trate-se da Farmácia Pública Brasileira. E devo dizer que discordo totalmente do seu artigo.
Tenho quarenta e cinco anos e trabalho em drogarias desde o ano 1977. Sou farmacêutico e proprietário da DROGARIA PRÓ-SAÚDE desde 1991.
A Resolução acima referida foi feita por base em uma consulta pública que participaram os conselhos de medicina, conselhos de farmácia, conselhos de enfermagem, institutos como o IDEC e o IDUM, sindicatos de farmacêuticos e médicos. Dos quais tiveram opiniões totalmente condizentes com a RDC044/99.
Parece que a presença de produtos alheios à farmácia presente nestes estabelecimentos tem pouca importância ou nenhuma importância. A simples presença de produtos inócuos a saúde tem um objetivo de passar para o consumidor incauto uma imagem “soft” destes estabelecimentos. A neurociência está a serviço dos profissionais de marketing. Tudo é trabalhado para oferecer uma falsa imagem ao usuário de medicamentos.
Um exemplo de conceito que a população brasileira assimilou de forma errada é o termo “produto natural”. Chegam nas drogarias pedindo um medicamento natural. A população tem a imagem que natural é o que não faz mal a saúde. Costumo brincar com meus clientes falando que maconha, cicuta, veneno de cobra e cocaína são produtos ou substâncias naturais.
Quanto à questão da falta de regras para o uso irresponsável de medicamentos, devo dizer que estão sendo criadas portarias que visam melhorar a segurança do usuário.
Este assunto é muito complexo para poucas linhas. Mas estamos num bom caminho a discussão será benéfica para toda sociedade.
Quando a imprensa brasileira monstra tanto interesse na venda de produtos estranhos a um estabelecimento farmacêutico é porque alguém está contrariando os interesse lucrativos dos anunciantes de medicamentos.
Quem sabe não colocam as drogaria para vender carne, sapatos, gasolina, inseticidas,etc…
Farmácias e seus profissionais têm função sanitária nos países mais desenvolvidos do mundo. É só abrirem uma loja de conveniência do lado.
Parabéns ANVISA.
Bola fora Sardenberg.
O qué é quase um consenso entre profissionais de saúde é criticado por jornalistas e comerciantes.
Esse não é um país sério mesmo.
Eu discordo do ponto de vista do jornalista, pois ele analisa superficialmente o assunto, sem conhecimento de causa e efeito sobre os fatores sociais e sanitários.
Não concordo com o jornalista Sardenberg, em vários aspectos: em primeiro lugar farmácia é um estabelecimento de saúde, onde os medicamentos e a orientação farmacêutica ocupar seu lugar de primazia dentro da farmácia. Segundo: farmácia e drogaria não são “buteco” para vender picolé, chiclete, chocolate, refrigerante, cigarro, cerveja, guarda-chuva e bengalas. O tratamento de saúde das pessoas tem que ser levado a sério e feita por farmácias que levam a sério a dispensação de medicamentos. Terceiro: comparar o Brasil com os EUA ??? Como assim? Então vamos comparar as farmácias brasileiras com as farmácias européias. Na maioria dos países europeus as farmácias são consideradas postos avançados de saúde, onde os medicamentos são vendidos através de receituário medico.
Outro absurdo no Brasil permitir a venda de medicamentos em bares, churrascarias, restaurantes, mercearias, supermercados. Muitas vezes encontramos em butecos, remédios fracionados, sem data de validade, sem numero de lote, vencidos e acondicionados de forma totalmente irregular.
Temos uma grande massa de analfabetos e de desassistidos pelo sistema de saúde pública. Mas ao invés de considerar a nossa “gente idiota” eu prefiro lutar pela melhoria da qualidade e do acessso a educação em nosso país.
Marcelo Antonio – Farmacêutico-bioquímico
Eu discordo do ponto de vista do jornalista. Entendo que farmácia não é um estabelecimento comercial comum, é um estabelecimento que vende produtos de saúde e correlatos. Concordo que mamadeira não é um correlato, mas preservativo sim, uma vez que tem função de proteção da saúde. No entanto, a resolução da ANVISA não foi baseada em “achismo” existem fatos que comprovam automedicação e consumo excessivo de medicamentos muitas das vezes desnecessários. Esta mudança não acbará com estes problemas, mas é sem dúvida um começo para o reconhecimento e resgate da profissão farmacêutica junto a população e também um estímulo para que o farmacêutico volte a exercer o seu papel mais essencial que é a atenção farmaêeutica junto aos pacientes.
Ana Carolina – farmaceutica e bioquimica – CRF-MG 23523
A GENTE NÃO É IDIOTA
Você está na Rua Dias Ferreira, calor de rachar, quando vislumbra a imagem luminosa de uma geladeira de sorvetes.
Entra, pede um picolé de limão e, quando vai pagar, percebe que está numa farmácia. Aí, você aproveita e lembra de comprar seu remédio de pressão que está acabando. Você pergunta se tem e quanto é, porém não tem aquela marca que você usa e nem o genérico, porém tem um que “é igualzinho”.
É isso que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, sabe que acontece. Pelas novas regras, as farmácias não podem mais vender balas, sorvetes, bengalas, guarda-chuvas, enfim, nada que não seja medicamento ou coisa próxima. Mamadeira, por exemplo, pode. Roupinha de bebê, não pode.
Qual o argumento? Evitar a automedicação e o uso excessivo de remédios e a transformação das farmácias em um comércio qualquer.
E como se faz isso? Reduzindo o número de itens que a farmácia oferece para que o serviço original que a farmácia deve ofertar seja realmente valorizado e receba os investimentos necessários.
Ou seja, o pessoal da Anvisa acha que, proibindo o consumidor de comprar chiclete na farmácia, reduz o risco uso de medicamentos sem a devida informação. Ou, vendo a história pelo reverso, o pessoal acha que o sujeito entra para comprar um chiclete de um real e sai com um pacote de medicamentos de 50 reais. Isto realmente pode acontecer em muito pouco dos casos, mas o que realmente acontece, e a Anvisa quer evitar, é a pessoa entrar para comprar o pacote de medicamentos de R$ 50,00 e sair com os medicamentos erroneamente trocados e sem as devidas informações, já que o balconista está apressado e quer vender os chicletes e picolés.
Além disso, a nova regra determina que as farmácias não poderão colocar os medicamentos de venda livre nas gôndolas e prateleiras, ao alcance dos consumidores. Os produtos deverão ficar atrás dos balcões e o consumidor precisará pedir a um funcionário da farmácia.
Mesmo argumento. O sujeito entra para comprar um comprimido para dor de cabeça e resolve levar antigripal, xarope, preservativo, diurético e tal. Diretores da Anvisa disseram que é preciso proteger o consumidor e evitar que ele caia nas armadilhas insidiosas dos donos de farmácias ou ceda a seus piores instintos de tomar qualquer medicamento que apareça na sua frente.
Isto é em parte verdade, porém não resolveria o problema como um todo. É óbvio que o funcionário da farmácia, ao entregar o produto solicitado pelo consumidor, vai perguntar: mais alguma coisa? E a pessoa que não sabe nome nem marcas de medicamentos e nem os tem ao alcance das mão, dos olhos e do impulso, responderia: não agradecido. Não resolveria para a pessoa que gosta de um remediozinho e os hipocondríacos continuarão indo à farmácia buscar as novidades.
A coisa toda pode até atrapalhar o consumidor normal, a imensa maioria. Porém onde tem uma farmácia com certeza tem um boteco, uma lanchonete, uma loja de variedades com roupas de bebê, para que vender isso nas farmácias?
Mas há mais. Com essas regras e suas explicações, a Anvisa quer evitar, que nós, consumidores, sejamos tratados como uns idiotas, uns bobalhões, vítimas fáceis de charlatães e presa fáceis das estratégias do consumismo dentro de um estabelecimento que é diferenciado e um estabelecimento de saúde e não de consumo. Assim, o governo, que sabe que tem como uma de suas funções primordiais a de proteger a sociedade, formado por técnicos competentes, como todos sabem, precisa dizer o que a gente pode ou não comprar e onde.
Esse cidadão normal, estando doente, obviamente deseja ser atendido por um bom médico, receber a receita e adquirir os remédios corretos, com as devidas informações sobre o seu uso correto e racional numa farmácia confiável e que realmente tenha como foco a recuperação e manutenção da saúde de seu freguês. Só não faz isso quando não tem acesso à consulta — acesso a tempo, bem entendido, não esperando dias. Fato que acontece mesmo que você tenha um plano de saúde.
Assim, parece razoável supor que a pessoa se medica quando não consegue ser atendida no SUS, ou “a tempo” no seu plano de saúde ou não tem dinheiro para pagar um serviço privado.
E aí entra o problema adicional: o automedicamento funciona porque se compra sem receita, o que é ilegal.
De maneira que a Anvisa, que regula os planos e seguros saúde, tem aí dois desafios sérios: garantir atendimento eficiente aos doentes e controlar a venda com receita.
E começa a fazer isso, proíbindo a venda de picolés em farmácias. Impõe até um certo desconforto ao consumidor e um custo às farmácias. Todas precisarão mudar seu layout, trocar os móveis de lugar, que não geram custos e vender os móveis excedente que gera créditos.
Para as grandes redes, pode ser um custo normal. Para as pequenas, não haverá custos e até redução do capital de giro e melhoria do mix de medicamentos ofertados e uma melhoria substancial no atendimento à sociedade.
Além disso, as novas regras retiram faturamento das farmácias, mas diminuem capital de giro o que compensa toda a operação regulada pela Anvisa e, pois, pode-se pensar que coloca uma pressão adicional sobre os preços de medicamentos, que não sofrerão aumento devido a isto, pois os preços são regulados pelo governo e tem como base de preço a indústria e não o comercio.
Em 2007, a Anvisa colocou tais regras em consulta pública. De lá para cá, não houve mudança nesse quadro de assistência insuficiente e venda ilegal sem receita. E o que faz a Anvisa? Resolve , dentro de suas funções, disciplinar o comércio que já funcionava ilegalmente, pois a lei que proíbe tal comércio:Lei nº 5991 é de 1973 .
Reparem: quem vendia sem receita, continuará vendendo.Isto é fato, porém, para tudo tem um começo e a Anvisa já começou a agir. Faltando agora apenas o Congresso agir e aprovar o Substitutivo Ivam Valente que transforma a farmácia em um estabelecimento de saúde. Quem vendia dipirona do Paraguai, continuará vendendo, talvez mais. E este caso é um caso de polícia, uma vez que é crime hediondo. A farmácia que fazia tudo certinho, vendendo medicamentos e não mais picolés de qualidade, será prejudicada para que a população não seja prejudicada, tomando medicamentos sem a devida orientação. Porém a população poderá se sentir mais segura, pois saberá que o foco das farmácias é vender medicamentos e assim o investimento dela será nisto.
Só pode o legal.
Por que não copiam um sistema que funciona? Nos Estados Unidos, você compra muitas coisas nas farmácias, verdadeiras lojas de conveniência. Mas não consegue de jeito nenhum comprar medicamento restrito sem receita. Pórem no Brasil os donos de farmácias, drogarias e as ditas “drug stores”, querem este sistema, porém querem vender de tudo e os medicamentos sem receita também. Este pensar que podem ser de muitos é do tempo da ditadura e de um Brasil submisso aos USA: O que é bom para a América é bom para o mundo. A Anvisa não está inventando nada, mas copiando o sistema que muito bem funcionam em países da Europa.
Aqui, eles começam a montar um sistema que vende remédio sem receita, (por enquanto) e vende picolés em qualquer botiquim. Isso é um sistema de saúde em um país democrático, livre e preocupado com sua população.
Livre adaptação do texto de Carlos Alberto Sardenberg publicado no Jornal “O Globo” em 20/08/2009, feita pelo Farm. Albano Verona.
Sardenberg,
Você levantou uma boa questão, a venda de medicamentos em nosso país. O nosso país precisa de mais seriedade na área farmacêutica. Primeiro toda farmacia deveria ter um farmaceutico durante todo expediente. Venda de medicamento só com receita médica. Acabar com os similares e deixar só genérico e nome de marca (quando ainda na patente).Tenho certeza que com estas três medidas resolveria o problema de auto medicação.
Sardenberg, acho que você pegou pesado. Aqui em Manaus, tem drogaria com adega, e o pessoal sentava numa mesinha para beber vinho. Mesinha chic, ar-condicionado, barrilzão na parede e copinhos style para degustar a bebida. É meio demais pruma farmácia, né?
Não gostam de farmácias com chiclete e bala? Não consumam nelas, não produzam elas.
Ora, QUAL DIREITO EU VOS DEI?
Nunca em minha vida disse que poderiam dizer o que eu deveria fazer em uma farmácia, seja eu o consumidor ou o comerciante.
Não preciso amaldiçoar os funcionários da Anvisa… eles são tão vítimas quanto eu de um país onde todo mundo quer meter o nariz na vida dos outros.
Acham que somos idiotas… NÃO, nós (povo) somos todos idiotas. A começar por quem escreveu esta matéria, afinal pra que serve um farmácia mesmo???
Pra ser um posto avançado de saúde ou apenas pra dar lucro a alguns comerciantes antiéticos e anti-profissionais(?), que ainda por cima são contra a exigência legal (NECESSIDADE) do Profissional Farmacêutico dentro da Farmácia(Estabelecimento onde há manipulação, fracionamento e dispensação de produtos e insumos, e correlatos, onde também se presta o serviço profissional de atenção, consulta e orientação farmacêutica – LEGAL), com seu profissionalismo, todo seu conhecimento técnico e científico e sua ética (escrevo pela grande maioria).
Quando há facilidades em se abrir um estabelecimento comercial que lida com saúde pública(venenos e remédios, a diferença está na dose), abre-se um espaço onde qualquer um que esteja interessado apenas no ‘Lucro’, sem se preocupar com o serviço, algo que acontece no Brasil há décadas e por isso algumas pessoas (Ex: Sardemberg) acham NATURAL…
Na maioria dos países em que o serviço (Farmacêutico) e a FISCALIZAÇÃO FUNCIONAM, normalmente a farmácia é um estabelecimento privativo aos farmacêuticos, salvo algumas excessões, mas também pode funcionar como em países de primeiro mundo capitalista, com a contratação de um ou mais profissionais farmacêuticos (com Salário e carga horária dignos de primeiro mundo). O Brasil tenta seguir a linha capitalista mas só agora se deu conta de que não é qualquer um que pode abrir e manter uma farmácia, e só então procura reduzir os atrativos aos mal intencionados(obs: se quiseres fazer de uma farmacia um super-mercado, então que abra um super- mercado!).
Em Portugal, existem diversas regras para se abrir uma farmácia e comercializar medicamentos – Ex: Para cidades com População acima de 4000 habitantes, a entidade responsável verifica a necessidade e realiza até concurso para contemplar uma Farmácia ao Farmacêutico candidato (assim como hoje se seleciona cartórios e tabelionatos para os Advogados aquí no Brasil).
Nos Estados Unidos da América(lá tem médico suficiente pra todos, mas o atendimento é seletivo: só cidadãos), a farmácia para oferecer os produtos de conveniência a mesma deve possuir área minima para isso e todos os medicamentos passíveis de receita – quase todos (o FDA é bem mais rígido que as nossas VISA) encontram-se detrás do balcão, na verdade guichê de dispensação e sala de atenção Farmacêutica (Aquí no Brasil a rede bom-preço mantém uma farmacia dentro de cada Super-mercado), ou seja funcionam em ambientes independentes.
Quanto á fiscalização deficiente dos orgãos competentes, inclui-se também a polícia, os Conselhos, as VISA, os profissionais farmacêuticos e principalmente a comunidade (DENUNCIE ÀS AUTORIDADES COMPETENTES, fiscalize quem vos serve) será outra batalha a ser travada no campo da moralização do serviço e da ética entre profissionais e proprietários de redes de farmácias…
Resumindo: o sorvete é um produto inocente que está sendo penalizado devido as práticas ativas (e mal intencionadas) de longa data, que não está direamente relacionada a outra prioridade que é a fiscalização.
Um Abraço!
Enquanto tentam consertar uma das deficiências do setor para garantir qualidade ao serviço, aparecem inúmeros críticos pra apontarem as diversas outras deficiências que afetam o setor como se o que está sendo feito não tem importancia…
Vamos trabalhar pela solução, assim quem sabe o “sorvete” possa retornar às farmácias, mas em áreas restritas a estes produtos!
Aguardo contato!