Até hoje, tinha a convicção, mais ou menos segura, de que a vitória de Dilma inauguraria um novo ciclo, diferente do que foi o de FHC-Lula. FHC representou o presidente-moeda, como muitas vezes assim o chamei, carinhosamente, em palestras sobre o tema do plano Real, pelo trabalho gigante de haver orquestrado a equipe que finalmente dominou o monstro da inflação descontrolada. Por esta ação estruturante e transformadora, FHC devolveu respeito ao dinheiro e confiabilidade aos preços dos produtos e às transações em geral. O resultado estupendo foi, é claro, uma redução expressiva do nível da pobreza, até porque inflação e prosperidade não caminham juntas nunca. A inflação roubava um pedaço do salário dos brasileiros todos os dias.
Lula, outro gigante da política brasileira, trouxe de volta, mais do que a moeda, a auto-estima de ser brasileiro, num esforço que ele próprio encarnava ao superar suas próprias limitações de escolaridade e informação para se tornar o grande presidente que é, e provavelmente, o maior de todos. Pensava eu com meus botões que o ciclo estaria, então, completo. De certa forma temos, de fato, uma obra concluída e o edifício da nacionalidade posto de pé sobre fundações estáveis, que são a liberdade, a estabilidade econômica e as garantias fundamentais. Mas agora vejo que, de outro ângulo, econômico e produtivo, talvez não esteja ainda completa a obra política desta geração que se identifica com o ano de 1968, a “geração de 68”.
Nos últimos dias, tem sido muito ressaltada na televisão a parte do currículo da presidente eleita, Dilma Rousseff, que a descreve como uma vítima da tortura pelo regime militar então instalado no País. A própria Dilma afirma ter sido “brutalmente torturada”. Nada neste mundo justifica o crime da tortura. Falar abertamente dessa página terrível de nosso passado é fundamental para purgar o pecado coletivo da sociedade. A “geração de 68”, uma juventude generosa e voluntariosa, não quis esperar que o regime militar caísse de maduro. Partiu para o confronto direto. Muitos foram para as ruas, como na Marcha dos Cem Mil em 1968, no Rio de Janeiro. Aqui, como em Paris ou em Woodstock, nos EUA, a geração do pós-guerra queria abrir caminhos, mesmo chocando a opinião pública, mesmo partindo para as drogas ou para a luta armada, duas formas de revolta pessoal e confronto social.
Após um rápido intervalo de cortina, como numa peça de teatro ao vivo, é esta “geração de 68” que reaparece em nossa história, com Serra, FHC e Cesar Maia, ou com Dilma, Dirceu e Gabeira, com Lula e Franklin Martins, entre tantos outros de uma mesma turma dos perseguidos e banidos pela ditadura. Os então excluídos foram mais do que resgatados. Foram reintegrados e alçados, pelo poder democrático do voto, aos mais altos cargos da República. O Brasil deu a volta na sua própria história e devolveu à geração de 68 seu amplo direito de expressão. É neste sentido que Dilma ainda não pertence a um ciclo novo, mas ao atual, que ela terá a honra de encerrar. Especulações já ocorrem sobre 2014, que politicamente, está longe. Porém, é quase fatal que as forças sociopolíticas em jogo, nas próximas eleições gerais, mostrarão temas e pessoas novas, desvinculadas das angústias e do trauma da geração de 1968. A presença forte de Marina da Silva, nesta eleição, já foi uma avant-première dessa superação.
É enorme a responsabilidade da presidente eleita de completar a obra de 68. As decisões que Dilma tomará repercutirão intensamente nos cinqüenta anos seguintes, ou seja, na vida inteira de praticamente todos os cento e noventa milhões de brasileiros vivos nesta data. Para se ter uma idéia disso, em matéria econômica e tributária, de organização da nossa economia real, ainda vivemos o rescaldo da estrutura modernizadora (para a época, bem entendido) deixada concluída em 1967 pela equipe de Roberto campos e Octavio Bulhões, outros gigantes de uma geração precedente, que os brasileiros já teriam esquecido, não fora pela presença marcante e teimosa de outro campeão, o ministro Delfim Netto. Façam vocês uma conta rápida: de 1968 a 2018, se Dilma for reeleita, meio século terá se passado desde que a “geração de 68” começou a agitar e balançar a roseira.
O resultado líquido dessa geração, para não ser chamada depois de fantasiosa, em vez de voluntariosa, por algum historiador do futuro, tem nas intenções de Dilma sua última cartada coletiva. A ela caberá, não mais consertar a moeda, ou aprumar a auto-estima do povo, Não basta o que Dilma já prometeu, que não é pouco: simplificar e desonerar a tributação no Brasil. É urgente alcançar bem mais do que isso, pois é de uma nova estrutura tributária e produtiva, mais competitiva, e com maior controle e eficiência nos gastos públicos, que estamos precisando para virar país de fato desenvolvido e confiável a nós mesmos. A conclusão lógica é que não faltará coragem aos melhores de uma geração que enfrentou a ponta de baionetas. Resta saber, como diria Calvino, se não nos faltará, entretanto, Leveza, Rapidez e Exatidão, como recomendava ele, nas transformações requeridas pelo novo tempo.
Faltou mencionar transparencia e respeito as instituições que, frequentemente, nesse governo, foram desmoralizadas e quase sucumbidas em função de tantos desmandos sem punições à altura do que regem nossas normativas.
As zelosas e bem postas observações do senhor não rescindem esses lamentáveis eventos.
O Sr Paulo Rabello de Castro, ótimo economista com quem sempre se aprende, neste texto foi de uma generosidade extrema misturando, numa análise pseudo-histórica impressionante, gente que que nada tem a ver entre si, exceto o fato de terem vivido mais ou menos na mesma época. Alguns (nem preciso citar) eram candidatos a déspotas ou fascínoras e continuam nutrindo extremo desprezo por algo que certamente o articulista preza muito, que é a democracia representativa e a economia de mercado. Tenho certeza que em 68 o Sr. Paulo Rabello ficaria ao lado da lucidez de Aron e não do afundamento moral de Sartre; estaria estudando e não se drogando em Woodstock e assim por diante. Essa gente causou muito dano, entre outros encher a linha dura daqui de razão e prolongar o regime militar muito além do inicialmente imaginado.
Apresentar Lula como quem nos devolveu a auto-estima é dose para leão, a não ser que levar com publicidade constante, mensalões e aparelhamentos o Estado patrimonial brasileiro aos píncaros da glória possa ser sinônimo de auto-estima.
Portanto, melhor voltar a falar sério para que todos possamos continuar aprendendo com as suas sempre excelentes análises econômicas.
Sr. Paulo R. de Castro, o senhor é um fanfarrão.
“Geração de 68”, bela porcaria…
Lamentável este texto. As únicas coisas gigantes com relação a Lula são a corrupção, fraude, ligação com as FARC, flerte com ditadores e a burrice (esta é a mais gigante de todas). Não pense que o senhor é intelectual, porque não é. O que o senhor quer é $$$$$$$$$ de “PAItrocínio”. Vocês estão aniquilando com a possibilidade de levante de uma raça pensante nesta Terra de Santa Cruz.
Esse cara está no lugar errado, deveria escrever no site do PT.
Esse sujeito só pode estar de brincadeira. Garantias fundamentais? Acha mesmo que DoiDilma vai cortar tributos?
Há tempos não via um puxa-saco deste porte! O saco é o corrimão do mundo…
Se o Instituto Millenium for realmente sério, retira este artigo do site e o seu autor de seu quadro. Desinformação?
Duplipensar?
Socorro! Quem foi que autorizou a escrever para este instituto? A carta capital esta sem vaga para puxa-sacos do governo?
Nunca mais contribuo com um centavo para ajudar o milenium, estão de brincadeira agora??
Uma vez que a derrota está aí, incontornável, o jeito é tentar uma aproximação com o inimigo. É o que transparece o artigo do Sr. Paulo de Castro. A única forma de dar pitaco na política do próximo governo é tentar amenizar o patrulhamento ideológico e tecer loas ao passado “heróico” dos mandatários. Boa estratégia, Sr. Paulo. Espero que consigamos ao mínimo alguma desoneração fiscal. Mas não confio muito, não.
Mediocre…..
impressionante o site do Millenium, um instituto conservador, ter esse tipo de opinião chapa branca.
Adolfo
Geração de 68? Vá aprender a raciocinar e só depois volte a querer opinar sobre questões importantes para o Brasil.
Desde quando Dilma Roussef, Fraklin Martins, José Dirceu e outros integrantes desta corja lutaram pela democracia no Brasil? Isso é um insulto a inteligência de quem conhece o mínimo sobre a história da esquerda no Brasil.
Covardes como você auxiliam para que os brasileiros sejam enganados diariamente sobre a figura do Lula. Quem em sã consciência elogiaria uma pessoa que passou quase a vida inteira sem trabalhar, que promove o ódio entre as classes, promove o culto ao apedeutismo, se solidariza com terroristas das FARC, indica o nome de uma terrorista para dirigir o Brasil nos próximos 4 anos e sem falar na hipocrisia de se julgar pobre quando na verdade continua usando os ternos mais caros, possui avião próprio e tem filhos milionários (curiosamente justo na gestão do pai quando presidente), e o pior, muitos dos irmãos do Lula passam por dificuldades financeiras!
Dilma é vítima de tortura, por que será? Deve ser porque estava colhendo flores no jardim de casa, não é Paulo Rabello? E os inocentes que morreram nos atentados terroristas dos esquerdistas (inclua nesse rol: Dilma Roussef, Jose Dirceu, Jose Genoíno, Carlos Marighella, Frei Beto e muitos outros)? O certo então seria os militares deixarem o Brasil a mercê destes que você tanto idolatra agora? Francamente, se você quer um cargo no governo vá pedir em outros veículos de comunicação !!!!
Estou no site errado?
O autor afirma, por linhas transversas, que tudo que o Instituto Millenium defende é uma besteira, um atraso, manifestação da direita-burra. Aplausos ao sr. Paulo Rabello de Castro!
Esse cara aí é um tremendo dum lambe botas, tenha decência, medalhão! Pare de adular o adversário! Ou você já cerrou fileiros ao lado dele?
E aí seu Paulo, tem coragem e competência de responder ao último artigo do Olavo de Carvalho:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/101116dc.html
CARAMBA ! CHAMAR DE DEMOCRATAS A ESTA SUCIA DE SEGUIDORES DE FIDEL CASTRO, SALVADOR ALENDE E OUTROS PATETAS HISTÓRICOS ? SEMELHANTE PATOTA OUTRA COISA NÃO ALMEJAVA SENÃO TRANSFORMAR O BRASIL NUMA “REPUBLICA POPULAR” COM PAREDON Y OTRAS COSITAS MAS. A PRIMEIRA TENTATIVA FOI A DE DARCI RIBEIRO AO LEVAR O PANACA DO JOÃO GOULART A FAZER DISCURSO NO AUTOMOVEL CLUBE NA COMPANHIA DE ALGUNS SARGENTOS INGENUOS. JANGO E JK PAGARAM CARO PELA COMPANHIA DO SENHOR DO PROCESSO CIVILIZATORIO MAS QUE ERA NA VERDADE O PROCESSO DE CUBANIZAÇÃO DO BRASIL. E LA VEM O PAULO RABELO QUERENDO ENTRAR NO BONDE DO LULISMO E DA DILMA. OU O “HOMI” ESTÁ MALUCO OU ESTÁ QUERENDO GRANA.
Abjeta bajulação que mostra o caráter fisiológico institucional Brasileiro. Fisiologismo institucional este do qual o Sr Paulo de Castro é um dos “sofisticados” porta vozes.
“Digníssima excelentíssima Dilma conceda-nos pela vossa divina e competentíssima graça alívio tributário.” é a essência obsediante do artigo.
Os próceres do PT estão celebrando. Enquanto tipos “mucho satisfecho”, economicistas de oclinho, terninho e imagem de “business boy” servilmente sancionam simbolicamente os comunistas com o termo supostamente glorioso de
“Geração de 68”, não vai ser difícil, digo não vai ser nada difícil, completar o aparelhamento do executivo, do judiciário, do legislativo e todas outras instituições de Estado como a Receita Federal, a Polícia Federal e as Forças Armadas. Suplementado é claro com cerceamento de todos os meios de comunicação para por fim dominar e ditar o imaginário da nação.
Já o Brasil real afoga em violência (Cinqüenta mil assassinatos por ano segundo a ONU), corrupção, consumo de drogas crescente e nível educacional
péssimo e piorando, entre outras muitas mazelas mais.
Mas tudo bem, um alíviozinho tributário parece ser um preço justo.
Êta elitizinha barata essa sô!
Constrangedor este artigo…