Mais de dois meses após a posse da presidente Dilma Rousseff, observamos que vários veículos de comunicação (incluindo aqueles que o PT e seus aliados chamam de “mídia golpista”) fazem diversos elogios ao seu estilo de administrar e também ao seu comportamento pouco midiático.
A surpresa foi geral.
Pessoas que esperavam uma presidente (por favor, não me peçam para usar o tal “presidenta”) iracunda, aparecendo para o país em explosões de ira e autoritarismo assistiram uma pessoa discreta, conciliadora até certo ponto e afável em alguns momentos (suas participações em programas de TV mostraram isso) iniciar seus primeiros passos no governo.
Suas reuniões de trabalho, sua rotina puxada, sua preocupação com prazos e metas, tudo isso foi bastante exaltado, tanto que alguns petistas começaram a dizer, em sua eterna paranóia, que a “mídia” queria jogar a presidente Dilma (criatura) contra o ex-presidente Lula (criador), elogiando um para depreciar o outro.
O fato porém é que se pensarmos com calma, veremos que nem tudo são flores nesse início de governo e no futuro que se prenuncia.
Sarney continua lá, aliado. Assim como Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Fernando Collor, entre outros.
Lentamente, o PT procura reabilitar ex-poderosos do partido e aliados que se envolveram em escândalos como José Dirceu, José Genoíno, Antônio Palocci, João Paulo Cunha e, pasmem, até Delúbio Soares.
Apesar da presidente dizer que não pretende fazer nenhum tipo de controle da mídia, a “militância” e os blogueiros oficiais continuam clamando por esta pedra da salvação para sua própria irrelevância e contra quem pense diferente do Comissariado.
Nossa política externa se afastou um pouco da fase megalonanica de Celso Amorim, pero no mucho, já que assistimos mais uma vez o Brasil se abster de apoiar sanções a um ditador na ONU, como aconteceu na votação do bloqueio aéreo contra Muammar Khadafi.
O estado continua se imiscuindo mais e mais em vários setores da sociedade, com sua regulamentação excessiva, seu intervencionismo e o uso de seu poderio econômico, inibindo a livre iniciativa e tutelando o cidadão em vários aspectos de sua vida cotidiana.
O melhor exemplo foi a tentativa da Anvisa de banir remédios para emagrecimento, passando por cima de decisões que são estritamente médico-paciente e devolvendo o obeso ao antigo rótulo de glutão-preguiçoso.
Quase todos os fundamentos que eram criticados no governo do ex-presidente Lula, estão presentes no governo Dilma, com raras nuances e a significativa mudança de estilo.
A partir do início de 2011, voltamos a ter na presidência alguém que respeita a liturgia do cargo, alguém que, pelo menos por enquanto, procurou descer do palanque e subir a rampa do Planalto.
Ligamos a TV e não vemos mais o presidente do Brasil falando sobre futebol, fome, guerras no Oriente Médio, casas populares, violência, eleições em Honduras ou sobre o corte de cabelo de Evo Morales, e isto é um alívio.
Concluo então que a melhor obra da presidente Dilma Rousseff até o momento foi simplesmente uma: o silêncio
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