Ao perder as eleições de 2000 para o Partido da Ação Nacional, de Vicente Fox, o Partido Revolucionário Institucional passou a ser considerado um cadáver insepulto na política mexicana. Agora, 12 anos depois, a legenda que governou o México por mais de 70 anos ininterruptos volta ao poder com o jovem Enrique Peña Nieto – eleito no domingo para a Presidência da República com quase 40% dos votos.
A ressurreição da legenda aconteceu porque, conforme vem sendo dito e repetido por todos os que se propõem a falar sobre o assunto, o PAN, do ainda presidente Felipe Calderón, foi incapaz de acabar com problemas seriíssimos, que vêm incomodando os mexicanos há um bom tempo.
O mais sério é o clima de insegurança criado pelo tráfico de drogas. Igualmente importante é a falta de uma resposta para a crise econômica que vem freando a economia do país.
É assim mesmo que acontece nas democracias: quando o partido no poder não dá conta de atender às expectativas da população, o eleitorado tem o poder de transferir o direito de governar para outra agremiação – que será substituída caso também não consiga uma resposta satisfatória para os problemas.
O México é mesmo um caso interessante no conjunto dos países latino-americanos. A volta do PRI ao poder revela maturidade política (característica que não se encontra, por exemplo, no novo sócio do Mercosul, a Venezuela, onde o coronel Hugo Chávez tem sua reeleição sempre garantida).
No campo da economia, sua maior vantagem é, também, seu maior problema: fazer fronteira com os Estados Unidos. Quando o vizinho poderoso vai bem, o México acelera à custa de uma manufatura baseada exclusivamente na montagem de produtos para exportação.
Quando a economia americana se retrai, o México recua, como está acontecendo neste momento. É justamente aí que está a grande oportunidade do Brasil: aproveitar o momento de baixa da economia e a chegada ao poder de um presidente novo, que precisa dar respostas rápidas à população, para estabelecer com o país acordos comerciais mais amplos do que os atuais. Seria ótimo.
O que atrapalha, e pode significar a perda dessa oportunidade, é exatamente a proximidade do México com os Estados Unidos.
Nos últimos tempos, o Brasil tem cometido o equívoco de tentar se firmar como líder de um bloco que parece acreditar na possibilidade de viver de costas para a maior economia do mundo.
É isso que tem levado o país a não fazer acordos bilaterais com países importantes, e limitar essa possibilidade a tratados celebrados no âmbito do Mercosul.
A própria postura de punir o Paraguai no Mercosul, após o impeachment de Fernando Lugo, tem entre suas explicações a simpatia que o novo presidente, Federico Franco, devota aos Estados Unidos.
Fazer acordos com o México, num momento de extrema necessidade para o país, seria uma maneira de facilitar o acesso de produtos e serviços brasileiros a uma economia poderosa que, mais cedo do que se imagina, voltará a funcionar a todo vapor. O momento não poderia ser melhor.
Fonte: Brasil Econômico, 03/07/2012
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