A pandemia do novo coronavírus ampliou a atenção de consumidores para a limpeza, como forma de tentar evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Pequenas empresas do setor, com ingredientes naturais e preocupação com o meio ambiente, estão com crescimento acelerado e planos ambiciosos para 2020.
“O coronavírus deu mais visibilidade para o nosso segmento, de produtos de limpeza”, diz Marcella Zambardino, fundadora da Positiva, fabricante de produtos de limpeza naturais e veganos.
“A maneira como pessoas compram produtos de limpeza, e como nossos concorrentes os vendem, não faz sentido hoje”, diz Marcelo Ebert, da Yvy, do mesmo setor. Ele é fundador da Yvy, que nasceu em 2018 como um spin off de uma empresa fabricante de produtos de limpeza para uso profissional, em hospitais, clubes, shoppings ou prédios comerciais.
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“Mais de 90% dos produtos é água. As empresas colocam água para passear em frascos, e em pleno século 21 dependem do canal offline”, diz Ebert. “As pessoas gostam de ir para o supermercado comprar vinho, chocolate. Ninguém gosta de comprar uma garrafa pesada cheia de água”, afirma ele, sobre os produtos de limpeza tradicionais.
A Yvy vende limpadores multiuso, desinfetantes, lava roupas e outros produtos apenas no canal online desde sua criação, em pequenos frascos do tamanho da palma da mão, que devem então ser diluídos na casa do consumidor. Na primeira entrega, a empresa envia um borrifador – nas seguintes, envia apenas o refil do produto de limpeza. Os frascos podem ser acumulados e enviados de volta para reciclagem.
O empreendedor diz que a pandemia jogou luz no setor de produtos de limpeza. “Agora que as pessoas estão mais em casa, e estão limpando o próprio lar, percebem os efeitos dos produtos de limpeza tradicionais”, diz. Desde o início do ano, a empresa triplicou o faturamento. Durante a quarentena, de março até agora, cresce 20% ao mês.
A Yvy tem 2.500 assinantes ativos e deve faturar em 2020 pouco mais de 4 milhões de reais. Entre os seus planos de médio prazo, estão abrir uma filial nos Estados Unidos e levantar uma rodada de capital com investidores.
Outra pequena empresa do setor é a Positiva. Em 2019 a empresa mais que dobrou o faturamento e chegou a 5 milhões de reais. Para esse ano, a meta é novamente dobrar a receita. A companhia conta com um centro de distribuição próprio na cidade de São Paulo e vende seus produtos em 200 mercados, de redes pequenas a unidades do St. Marche.
A Positiva tem um lava roupas, sabão de coco em barra e em pó e um produto multiuso concentrado, que serve para limpar diversas superfícies A Positiva tem 21 itens diferentes e prevê lançar mais 40 até o fim do ano. Entre os novos produtos, estão o álcool em gel e novas versões dos produtos de limpeza com aroma de lavanda, ambos pedidos dos clientes.
A Positiva conta ainda com sacolas e esfregões feitos de redes de pesca reaproveitadas por comunidades de pescadores e buchas vegetais, produzidas pela agricultura familiar no cerrado.
A busca por ingredientes naturais e de qualidade encarece o produto final, mas a empresa busca maneiras de tornar a compra mais barata para o consumidor. Uma forma é, assim como a Yvy, vender apenas itens concentrados. “Grande parte dos produtos tradicionais é água. Ao deixar o produto concentrado, o cliente adiciona água em casa e economizamos no estoque e no transporte”, diz Leandro Menezes, co-presidente da Positiva.
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Outra forma de economizar é ter itens multiuso, que sirvam para limpar diversas superfícies – assim o consumidor compra apenas um frasco, e não dez. A filosofia é ter menos itens, que sirvam para mais de uma coisa, uma lógica que vai contra o cenário atual da indústria, dizem os empreendedores, em que há diversos produtos para o fogão, banheiro, chão e vidro, com cores e aromas fortes.
A partir de julho, todas as embalagens da Positiva serão feitas de plástico reciclado, em parceria com cooperativas de reciclagem, para diminuir o material que é enviado a aterros ou lixões. Em agosto, irá lançar a compra programada, uma espécie de clube de assinatura flexível.
As empresas, embora ainda pequenas diante de gigantes como Unilever e Reckitt Benckiser, acreditam que podem conquistar uma fatia de mercado. “O que nasce com uma boa intenção tem chances de prosperar. Nossos produtos são essenciais e buscamos desenvolver a melhor linha de limpeza”, diz Zambardino.
Fonte: “EXAME”