Não tem outra interpretação, falar de agronegócio é falar de esperança para a retomada econômica nacional. Apostar em políticas favoráveis para o único setor que apresentou aumento do PIB no terceiro trimestre, em plena pandemia de covid-19, é favorecer o tão desejado crescimento econômico.
O ponto que liga as eleições municipais à retomada econômica do país, é o fato de que o Ministério da Agricultura não regula determinadas regras de operação do agro. Transportes e qualidade são algumas das responsabilidades que recaem sobre os estados e municípios. É aí que entra a necessidade de ter prefeitos e governadores cientes da importância do agronegócio para a nossa economia.
Christian Lohbauer, doutor em ciência política pela USP e presidente executivo da Croplife Brasil, é taxativo sobre o assunto. “O prefeito que não entender que a chegada de um investimento, de uma empresa de biodefensivos, uma empresa de fertilizantes, uma distribuidora de insumos, na sua cidade, ou que não entender que a produção de alimento é onde está a retomada econômica do país, não está entendendo nada”, afirmou. Ouça o podcast!
O que deveria ser um ponto em comum entre as diferentes ideologias políticas, pois, a finalidade da política é a prosperidade coletiva, acabou tornando-se “coisa” da centro-direita. “Quando eu vejo, geralmente, grupos de esquerda contra o agronegócio, eu fico pensando: o que exatamente eles pensam que é uma economia pujante?”, argumentou Lohbauer.
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A volta da racionalidade
Sob essa ótica, de que o agronegócio é um interesse da centro-direita, o resultado das urnas é animador. As eleições municipais mostraram um esfriamento do ambiente de polarização que acompanhamos desde antes das eleições gerais de 2018. Houve um avanço da centro-direita e um desempenho pífio da esquerda, mais especificamente, do PT.
Enquanto os partidos mais tradicionais como MDB, PP, DEM, PSD saem fortalecidos, o PSL, partido que elegeu Bolsonaro, não faz mais parte da centralidade política e o PT sai com a missão de se rearranjar para recuperar a relevância em futuros pleitos.
E o que esperar das eleições gerais de 2022?
É preciso ter cautela quanto às análises que dão como certa a derrocada do presidente, considerando a dificuldade em transferir votos nas eleições de 2020. Além de ser o dono do poder, Bolsonaro vem se aproximando do chamado “Centrão”, o que favorece o jogo político.
“A saída dele do PSL, a fragmentação das forças políticas em torno dele, é uma evidência, mas ainda acho que, se as eleições presidenciais fossem hoje, ele estaria eleito”, afirmou Lohbauer.
PTB, PL, PR e Avante são partidos que estão alinhados, no Congresso, ao governo, algo muito relevante do ponto de vista estratégico. “Para o jogo de poder é bastante relevante e ele (Jair Bolsonaro) tem essas forças do lado dele hoje”, finalizou o especialista.
Presidentes em exercício sempre serão concorrentes fortes, porém, o que vem se desenhando é uma preferência dos eleitores por discursos menos extremistas, que mais unam do que polarizem o país.
O ideal mesmo é que todos se comprometam com a principal vocação nacional e ajam em favor do Brasil, independente de ideologia e alinhamentos destros ou canhotos.