Diferente do que possa parecer, já existe uma reforma política no Brasil. Ela ocorreu ao longo dos últimos dez anos.
Durante os dois mandatos do presidente anterior, a reforma se deu contando com os ruídos advindos do Chefe de Estado e Governo e suas peripécias midiáticas. O populismo garantiu uma mutação menos discreta do que na atual gestão.
Seguindo o protocolo do silêncio empregado durante a campanha eleitoreira, a qual de fato deu excelentes resultados, pois não foi possível conhecer verdadeiramente o perfil da atual presidente, tanto a administração do Poder Executivo quanto a reforma política avançam sem ondas sonoras quaisquer. Quando se percebe, foi.
Nem mesmo a queda por comprovada corrupção de tantos Ministros de Estado em tão pouco tempo – todos escolhidos pela própria presidente – causou danos ao Gabinete Presidencial ou à Casa Civil. Nada. Apenas a contemplação passiva, como numa meditação transcendental.
Enquanto isso e concomitantemente, os parlamentares a suplentes personagens da Reforma Política se agitam nos corredores das Torres Gêmeas pátrias, dispares das destruídas em 11 de setembro de 2001 porque o terror reside dentro destas.
Garantindo a mencionada transição está a Casa da Injustiça, a assegurar acesso, permanência e recondução de figuras apocalípticas. Parece roteiro de filme catástrofe.
Enfim, qual é essa tal Reforma Política que já ocorreu sem constar em nenhum informativo? É a reforma que converte todos os partidos políticos regularmente registrados no Brasil no denominado Partidão. Explica-se.
As oposições deixaram de agir como oposições já no final do governo passado. Verificando que não era possível instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI que pudesse atuar ou, atuando, resultar em punições, os contrários à situação passaram a se compor segundo a máxima do “Se não pode com eles, junte-se a eles.”
Assim, o que se percebe é a conversão de todos em aliados do governo. A diferença na distribuição de verbas, cargos, funções e demais benesses se dá conforme duas classificações: Os Puros e os Convertidos.
Aos Puros, ou seja, parlamentares e partidos com tradição nas alianças com o antes chamado PT recebem os pratos principais do eterno banquete pago regiamente pelos tributos e suas arrecadações recordes. Aos Convertidos, os restos de tudo isso. E sobra tanto, que os restos são muito mais interessantes do que aquela coisa aborrecida e inútil de ficar se opondo e perdendo oportunidades financeiras.
Os poucos redutos dos Convertidos ainda no exercício do poder estão em plena campanha de alianças explícitas com os Puros. Claro, isso em breve resultará na ampla e irrestrita dominação em âmbito nacional da mais nova e única chapa pseudoideológica – O Partidão!
Nas próximas eleições gerais, os eleitores deverão escolher um dos candidatos… do mesmo partido. Talvez, então, o voto deixe de ser obrigatório. Pensando bem, se a linha de governo é a mesma, eleições para que? É imprescindível manter os feriados, porque ninguém é de ferro e é preciso lembrar as datas antes importantes por algum motivo no momento irrelevante. Mas não seria mais necessário ir às urnas.
É possível até ver a próxima geração trajando os uniformes padronizados com um símbolo qualquer, uma estrela verde, ou uma banana vermelha, participando de um plebiscito para mudar o nome da nação para República Popular Tropical do Oeste. Que avanço tremendo!
……e então continuaremos a ver os políticos falando para os idiotas e governando para os velhacos…Nada de novo. Mudamos para a mesma coisa!
Gilberto, pelo menos sob uma bandeira só… de resto, festejando sem motivos…
Um dia pensei que pudesse,como cidadão,entender de política… ..Hoje,posso dizer sem receio de errar que esse entendimento jamais ocorrerá.Não estou subestimando o meu intelecto, não. . .absolutamente…Na verdade estou convicto de que é real a frase : “Quem parte e reparte sempre fica com a melhor parte!”…Tratando-se de fato que requer idoneidade e outros atributos o Brasil está encontrando dificuldades na votação da Lei da Ficha Limpa.Não entendo mais nada.Pare esse bonde… eu quero…
Jairo… justamente por perceber as coisas como são é que o seu intelecto naõ pode ser questionado. A Política bem feita serve a todos – Estado e Sociedade. Por algum tempo isso deu certo. Infelizmente, não parece funcionar mais. Nem nos paises em que funcionava… COntudo, proponho que não saltemos do bonde, mas que tentemos trocar o condutor!