*Por Igor Pereira
Tirania, exploração, estagnação, desesperança e fome para a maior parte do povo. Estas foram as características definidas pelo economista e intelectual Murray Rothbard, para os regimes absolutistas e monarquias despóticas de séculos atrás. A chamada “Velha Ordem” foi derrubada pelas revoluções liberais, em especial a Revolução Francesa, promovendo não apenas a derrubada de regimes, mas abrindo caminho para o desenvolvimento da liberdade individual, o livre mercado e a separação entre Igreja e Estado. Mas afinal, a resposta radical e transformadora do liberalismo acabou?
Após as revoluções liberais, toma corpo na Europa Ocidental duas grandes ideologias políticas: o liberalismo, que representava a liberdade, o progresso, a esperança, e a outra, o conservantismo, que defendia a hierarquia, o estatismo, a teocracia e a exploração de classe. Contudo, segundo o economista, o caráter “revolucionário” dos liberais foi cedendo espaço para uma defesa do status quo, fazendo com que as mudanças deixassem de ser promovidas.
O aspecto transformador do liberalismo, como aconteceu em outras nações, pode encontrar uma analogia no Brasil. É o caso das revoltas inspiradas pelo pensamento liberal que começava a encontrar adeptos no Brasil, mas que foram sufocadas pelo Império. A Cabanagem, no estado do Pará, é um dos exemplos. Os abolicionistas como Luiz Gama e Joaquim Nabuco também figuram como intelectuais liberais expoentes do abolicionismo no país.
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As monarquias teocráticas ficaram para trás, não significa que o autoritarismo deixou de existir ou que governos deixaram de usar o aparato do Estado para promover a violência e repressão, principalmente durante a crise causada pela pandemia do novo Coronavírus. Apesar do cenário conturbado, esse é um ótimo momento para iluminar a escuridão com ideias.
A experiência histórica do liberalismo mostra que somente a liberdade, seja individual ou econômica, é que garante a prosperidade e o avanço de uma sociedade. Ao contrário dos movimentos socialistas que, embora advoguem uma ilusória libertação do povo, enxergam a prosperidade individual como inimiga. O liberal promove a paz, é contra a violência estatal e combate o autoritarismo e apologia à guerra, tão apreciados pelos “direitistas”, como afirma Rothbard.
São estas respostas com exemplos práticos que devem guiar a ação do liberal, tendo consciência em uma mudança não de forma imediata, mas construída unindo a teoria e a prática. Nossa tarefa não é enquadrar-se em uma “bolha ideológica”, mas mostrar soluções práticas, ideias transformadoras e iluminando o caminho com ideias. Rothbard afirma que o liberal deve ser otimista, ser firme em princípios e ter disposição para promover mudanças. Foram os liberais que promoveram a “revolução que mudou o destino do mundo” e é esse espírito que deve sustentar a nossa trajetória.
A obra consultada para esse texto foi “Esquerda e direita: Perspectivas para a liberdade”, de Murray Rothbard.
*Igor Pereira é estudante de Direito e coordenador do Students For Liberty Brasil no Belém do Pará