Em 2016, 1.028 centros de pensamento estavam catalogados no Global Go To Think Tank Index, estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia. No último levantamento, feito em 2019, houve um crescimento de 702%: o número de instituições inscritas saltou para 8.248 em todo o mundo. O dado traduz a importância que entidades que compartilham ideias e pensamentos ganharam em um momento onde há cada vez mais informação, mas com cada vez menos filtro. No Brasil, o Instituto Millenium, um dos pioneiros na difusão do pensamento liberal, teve resultado de destaque na pesquisa global, ficando com o 7º lugar entre os institutos brasileiros; e o 33º na lista referente às Américas do Sul e Central. Para analisar e debater a importância dos think tanks atualmente, o Imil entrevistou a doutora em Gestão Internacional, Margaret Tse. Ouça!
A especialista destacou que institutos independentes e autônomos, sem vínculos com os governos, estão sendo levados cada vez mais em conta por parte da sociedade, aliando o conhecimento técnico e o papel crítico para apontar caminhos e influenciar o direcionamento de políticas públicas. De acordo com Tse, o trabalho dos think tanks é de extrema importância para que os gestores recebam informações úteis, confiáveis e plausíveis sobre diversos recortes no conjunto da sociedade, entendendo quais políticas públicas funcionam e quais alternativas são possíveis na comparação com o que está sendo executado.
Em um cenário de profunda crise de credibilidade e confiança nos representantes eleitos, este papel cresce ainda mais. “Isso ajudou a impulsionar a demanda por análise independente no desenvolvimento econômico e político. Os think tanks respondem ao gap de credibilidade e representação, nos quais o cidadão se sente marginalizado; e os políticos eleitos, por sua vez, estão fora da realidade para atender aos interesses dos eleitores. Neste sentido, eles cumprem um papel importante na disseminação de informação precisa, transparente e de rigorosa análise”, disse Margaret Tse.
Mas, se é consenso que os centros de pensamento são importantes ao ajudar a formular políticas públicas, como esse processo acontece? De acordo com a especialista, uma das mais de 3,7 mil pessoas que participaram do estudo global realizado pela Universidade da Pensilvânia, os institutos informam o público em geral e habilitam os gestores para a tomada de decisões, servindo como ponte entre a sociedade civil organizada e o Estado. “Os think tanks traduzem a pesquisa básica e aplicada em uma linguagem confiável, entendida e compreendida entre o público e os gestores”, diz Margaret Tse, lembrando que o conhecimento “é uma commodity internacional em ascensão, que ultrapassa os limites físicos” em um cenário de globalização, “tendência profunda que modela e direciona o fluxo de tecnologia, recursos, conhecimento, pessoas e ideias”.
Até por isso, essas entidades cresceram muito, em todo o mundo, nos últimos anos. A Doutora em Gestão Internacional ressaltou que há evolução progressiva não apenas na quantidade, mas também no escopo abordado pelos centros de pensamento. “Há uma necessidade crescente de discussão aberta sobre as possibilidades de políticas públicas. Há uma propensão menor à aceitação de justificativas dos governos, criando demandas por fontes independentes de análise. O nosso estudo tem o objetivo de gerar maior entendimento sobre o papel destas instituições, usando o conhecimento para melhorar a capacidade e o desempenho das entidades”, disse.
Instituto Millenium se destaca no Brasil
Com dimensão mundial, o estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia reforçou o papel de destaque exercido pelo Instituto Millenium no Brasil e nas Américas. O Imil apareceu pela primeira vez no Global Go To Think Tank Index em 2012, figurando entre os 45 maiores centros de pensamento das Américas do Sul e Central – desde então, os índices foram melhorando ano a ano.
“Além disso, o Imil entrou na categoria de melhor uso da mídia social e de redes a partir de 2018; e na categoria de melhor uso da mídia tanto impressa quanto eletrônica, no mesmo ano. Isso porque o Instituto usa a tecnologia ao criar conteúdo de alta qualidade, com técnicas de big data e inteligência artificial”, pontua Margaret Tse, citando levantamento feito no ano passado pela Universidade da Filadélfia compilando a lista de dez think tanks que utilizaram a IA para pesquisas sobre governança e sociedade. Apenas três entidades voltadas para a defesa do livre mercado estavam representadas, e o Imil era uma delas.
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Além de se destacar no ranking nacional e regional, o Millenium apareceu em outras vertentes da pesquisa. O estudo “Previdência, Setor Público, Pobreza e Desigualdade“, desenvolvido pelo Millenium Analisa, foi ranqueado como um dos melhores institutos sobre política produzidos em 2019. O Imil também aparece na categoria “Melhores Think Tanks de Inteligência Artificial (IA)”. No segundo estudo da série Millenium Analisa, “Educação e Desenvolvimento – A formação do capital humano no Brasil“, foram utilizadas técnicas de IA e Big Data para traçar um cenário da educação no Brasil e sua relação com o desenvolvimento do capital humano brasileiro.