Os fundos small caps foram o tipo de fundo de investimento em ações que mais rendeu no acumulado de 12 meses até novembro de 2019: 40%, segundo dados mais recentes divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Esses fundos privilegiam papéis de valores considerados baixos no mercado de ações, cuja capitalização vai de R$ 300 milhões a R$ 2 bilhões. A carteira é composta por pelo menos 85% dessas ações, que não estão listadas entre as 25 maiores companhias que compõem o índice IBrX, o Índice Brasil da Bolsa de Valores.
Em um cenário de juros baixos – a taxa básica, Selic, está no piso histórico de 4,5% ao ano – e com sinais de recuperação da economia– vide a mudança de perspectiva de nota de crédito atribuída ao País pela S&P na semana passada, com o avanço das reformas –, o mercado de ações toma a dianteira entre os investimentos com melhor rendimento.
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Nesse contexto, os fundos small caps se beneficiam da pulverização da liquidez de ativos maiores listados na Bolsa, explicou o gestor da Rio Verde Investimentos Eduardo Cavalheiro. Segundo ele, quando o País estava passando pela crise econômica, o investidor privilegiou a rapidez com que um ativo poderia ser negociado. “A liquidez do mercado brasileiro está concentrada nas grandes empresas e o investidor queria estar nas coisas mais líquidas para tomar a decisão de investir ou desinvestir a qualquer momento. Agora, com a estabilidade da economia, ele já vê que não precisa disso tanto assim.”
Composição
O Índice de Small Cap (SMLL), que mede a rentabilidade de um conjunto de 75 ações, acumula alta de 50% em 2019, com trajetória similar à do Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira, composto por 68 ações, que subiu 28% no mesmo período.
A representatividade dos setores nos dois índices, no entanto, é diferente. Enquanto um terço do Ibovespa é composto apenas por ações de serviços financeiros, no Índice Small Cap a maior fatia, de 16,4%, é de papéis de empresas de energia elétrica. A maior variedade de setores que compõem o índice é apontada por especialistas como um ponto positivo no quesito flexibilidade de investimento.
A pedido do Estado, a consultoria Economatica compilou o desempenho de todas as ações small caps listadas na Bolsa brasileira: 14 delas tiveram retornos acima de 100% em 12 meses; 12 tiveram resultados negativos.
No topo do ranking, ficou o Banco Pan, com rendimento de 383,79%. Segundo o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman, o que pode explicar o resultado do Pan é sua carteira de crédito voltada especialmente para o financiamento de veículos, no mercado de baixa e média rendas. “Além disso, eles conseguem ter uma estabilidade relevante na carteira de crédito, muito pela participação de servidores públicos e com menor nível de inadimplência.”
Cavalheiro, da Rio Verde, mencionou as construtoras de imóveis residenciais entre os destaques do ano. “A gente está no início do ciclo de recuperação mais forte do setor, com queda de juros e maior disponibilidade de financiamento imobiliário.” A Caixa, líder nesse tipo de crédito, anunciou a redução nas taxa de juros para o crédito imobiliário no dia seguinte ao último corte da Selic.
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Para os experientes
As small caps são mais indicadas para o investidor que tem familiaridade com o mercado de ações e sabe que está sujeito tanto a lucros quanto a prejuízos. “Quem investe em large caps normalmente vê seus rendimentos correlacionados ao Ibovespa. Se o índice subiu, meu fundo também, o que traz mais conforto. Quem investe em small caps tem de saber que o retorno não é imediato ou tabelado”, explicou Cavalheiro.
Independentemente do tipo de ação, o investidor tem de estar preparado para as oscilações do mercado. As small caps costumam pertencer a empresas menos consolidadas quando comparadas àquelas que compõem o Ibovespa. Mas Arbetman lembra que algumas das grandes empresas estiveram listadas entre as small caps, como o Magazine Luiza, hoje uma das principais varejistas.
Fonte: “Estadão”