Advogado por formação, o cearense Anderson Morais, 28, sempre quis trabalhar com algo que impactasse a vida das pessoas, usando a tecnologia como meio. Hoje, à frente da Agenda Edu, ele vive esse sonho. Sua edtech (termo usado para startups que fundem educação e tecnologia) atende mais de um milhão de usuários provenientes de 1,5 mil escolas.
Morais conta que tudo começou em 2014, no II Startup Weekend Fortaleza, evento que estimulou os participantes a desenvolver ideias durante um final de semana inteiro e sair dali com o protótipo de uma startup. Foi lá que os quatro sócios da Agenda Edu se conheceram e descobriram um desejo em comum: trabalhar com educação.
A ideia do negócio surgiu a partir de um problema sentido na pele por um dos sócios: a dificuldade de acompanhar a agenda de papel da escola de sua filha. Em um mundo digital e conectado, essa antiga forma de comunicação parecia ultrapassada. O grupo decidiu então focar esforços para resolver a questão com o uso da tecnologia.
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A sinergia entre os quatro deu tão certo que, poucos meses depois, a empresa ganhou vida com o objetivo claro de ajudar pais e mães a acompanhar melhor o cotidiano de seus filhos por meio de uma agenda virtual. Originalmente chamada de Agenda Kids, a empresa limitava sua atuação a escolas de Educação Infantil (de zero a seis anos).
De lá para cá, o negócio se expandiu e ampliou o público. Rebatizada como Agenda Edu, hoje a plataforma pode ser usada para facilitar a comunicação entre pais, professores e alunos de qualquer idade e de qualquer tipo de instituição de ensino, sejam elas escolas regulares ou de cursos livres.
Reconhecendo oportunidades
“Eu e os outros sócios nos juntamos em um momento de vida em que buscávamos um propósito. A educação tem essa característica de deixar um legado”, diz o CEO e cofundador Anderson Morais.
“Nós nos empenhamos em entender e identificar um problema. Percebemos que os pais e responsáveis têm uma rotina intensa dentro de um contexto digital, com muitas atividades feitas pelos aplicativos de smartphone. Mas quando o assunto era a escola dos filhos, era preciso voltar aos bilhetes em uma agenda de papel”, afirma.
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Segundo Morais, outro ponto importante na construção da startup foi identificar que a situação também era problemática para a instituição de ensino. “As escolas sentiam uma necessidade muito grande de estar conectadas. Elas gastavam tempo e dinheiro em processos ineficientes com papel”, diz.
Mesmo as que tentavam ser mais modernas e usavam e-mail ou WhatApp para enviar comunicados percebiam que esses não eram método adequados para uma comunicação em nível institucional. “O problema de baixo engajamento entre família e escola continuava ali”, afirma o fundador.
No início de 2015, o produto foi lançado e logo alcançou 40 escolas pagantes, organicamente. “Chegamos no timing ideal do lançamento da solução, quando o problema explodiu. Em seguida, começaram a surgir os primeiros concorrentes”, diz Morais.
Crescimento
Ainda em 2015, a Agenda Edu foi acelerada por um programa da Fundação Lemann, o que foi fundamental para determinar quais rumos seguir. “Entramos no programa como uma empresa de tecnologia com viés educacional. Com tudo o que aprendemos lá, saímos como uma empresa de educação com viés tecnológico. Começamos a olhar mais para os envolvidos (alunos, pais, professores, diretores) para entender melhor o papel de cada um nessa jornada, e passamos a ver o software apenas como um meio”, diz Anderson Morais.
Antes disso, a Agenda Edu já havia passado por outra aceleradora, a Wave Accelerator, no ano de 2014. No histórico da startup também há o reconhecimento do prêmio Santander Universidades na categoria Empreendedores, que deu R$ 100 mil à empresa.
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Em dezembro de 2017, a primeira rodada de investimentos trouxe R$ 3 milhões da DOMO Invest. Um ano depois, no final de 2018, uma nova rodada trouxe mais investimento, desta vez, proveniente da Omidyar Network — mas a Agenda Edu não revela o valor.
Modelo de negócio e propósitos claros
O modelo de negócio da Agenda Edu é B2B. A licença da plataforma digital é vendida para as instituições de ensino de acordo com a quantidade de estudantes. Para utilizá-la, a escola desembolsa mensalmente de R$ 1,25 até R$ 5 por aluno (quanto maior a quantidade de alunos, menor o preço). O contrato prevê o mínimo de 12 meses de serviço.
Atualmente, a plataforma vai além de uma simples agenda e oferece soluções para atividades diárias, comunicados, eventos, passeios, notas, fotos, planejamento de aulas e até micropagamentos de matrículas e aulas de campo.
“Queremos manter os clientes que já temos e crescer. A ideia é triplicar o número de alunos até janeiro de 2020”, diz Morais. Com 90 funcionários na sede do Ceará no escritório de São Paulo, a previsão é que mais pessoas sejam contratadas nos próximos meses.
“Somos mais do que uma agenda digital. Nossa plataforma tem o objetivo de engajar e aproximar os atores envolvidos na jornada da educação”, diz o CEO. “Fortalecendo a relação entre família e escola estamos contribuindo com a melhoria do aprendizado. Nosso propósito é apaixonante”.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”