Tenho criticado, em artigos, o governo do senhor Lula da Silva pela sua falta de cumprimento dos programas lançados com grande fanfarra e, ausência de cumprimento dos prazos. Basta ver ar obras do chamado PAC. Mas tenho que lhe fazer justiça pelo fato de ter tocado, com energia, o grande projeto conhecido como “Transposição das águas do São Francisco”. Resistiu, inclusive, a demagogia de bispo católico que, prometia greve de fome se o projeto não fosse interrompido. Talvez, por ser homem do Nordeste, tenha compreendido a importância da obra para a sofrida gente do semi-árido nordestino.
Mas, o que vem a ser este projeto, suas conseqüências e benefícios? Trata-se de aproveitar o excedente das águas do “São Francisco” jogadas fora, sem aproveitamento, no Oceano Atlântico. E não é pouca quantidade. Depois de passar pelas hidroelétricas em seu trajeto – note-se que hidroelétricas não “comem” águas – despeja no oceano cerca de 2.100m³/s de água doce. Prevê tomada d’água à altura da cidade de Cabrobró (PE), pouco abaixo da barragem de Sobradinho. Pretende-se que uma quantidade ínfima das águas, 80 m³/seg , menos de 10% (dez por cento), do total das 2.100m³/s da água doce jogada no mar, sejam elevadas à altura de 170 metros por sistemas de elevatórias, adutoras, canais e túneis, para transpor a Chapada do Araripe, na divisa de Pernambuco com o Ceará. A partir daí, as águas passam a correr por gravidade nas calhas dos rios Salgado e Jaguaribe, atingindo o açude do Castanhão, com capacidade de acumulação maior que a Baia da Guanabara. Várias derivações estão projetadas para atender Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Alguns números: a população beneficiada será de mais de 10 milhões de habitantes, com geração de mais de 1,5 milhões de empregos e propiciando superfície irrigada de cerca de 600 mil hectares. A produção anual com este reforço hídrico será de mais de 8 bilhões de reais. Não cabe no escopo deste artigo o detalhamento deste grande projeto, verdadeira redenção para milhares de nossos irmãos nordestinos, atingidos atualmente pela seca.
Projeto semelhante foi realizado na baixa Califórnia (USA) onde, chove menos que no Nordeste. Lá, o desvio do Rio Colorado, transformou a região no pomar da América.
Quando se fala, neste país, em combater a pobreza, cogita-se sempre de medidas assistencialistas que, necessárias em emergências, combatem apenas os efeitos e não as causas da pobreza. O projeto de desvio de parte ínfima das aguas do São Francisco, este sim, vai direto às causas, levando a milhares de nordestinos a certeza de vida com dignidade e fixação em seu hábitat, prevenindo o êxodo em direção às regiões mais ricas do país.
Não acredito que quem esteja realmente preocupado com a pobreza no Brasil, possa ser contra este projeto. Os brasileiros que vivem em regiões mais prosperas que o semi-árido nordestino, devem meditar no que disse Adam Smith, em sua famosa obra “The Wealth of Nations” (A riqueza das nações,), escrita em 1776: “ Nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz, quando grande parte de seus membros é pobre e miserável”.
Prezado José Celso de Macedo Soares
Este projeto, necessario ao nordeste foi conduzido pelo Sr Ciro Gomes que na epoca enfrentou muitas resistencias.