Para você, que provavelmente não acompanhou em detalhes o anúncio do ajuste fiscal prometido pelo governo, feito pelo ministro do Planejamento Nelson Barbosa na sexta feira passada, vai aqui uma explicação singela.
Barbosa, como é próprio dos economistas, se expressa numa linguagem enviesada. Em lugar de “aumento de impostos”, ele diz “esforço de arrecadação”.
[su_quote]O aumento de impostos, que pagará a conta da gastança feita para reeleger Dilma Rousseff, já está garantido[/su_quote]
Recessão, para ele, é “redução do nível de atividade econômica” (que deve ficar em 1,2% em 2015). Para não estender muito essa lista, a privatização recebeu o nome de “operações com ativos”. Até aí, tudo certo. O problema é que, se espremermos tudo o que foi dito, o que resta é uma realidade desanimadora.
O aumento de impostos, que pagará a conta da gastança feita para reeleger Dilma Rousseff, já está garantido. A gasolina já subiu, a conta de luz está na estratosfera e os bancos (num esforço do governo para mostrar que a classe média não pagará sozinha pelo ajuste) viram aumentar a Contribuição Social Sobre seu lucro.
Já naquilo que diz respeito ao corte de despesas de aproximadamente R$ 70 bilhões, só existe a intenção. Tudo o que Barbosa apresentou foram indicações de áreas que gastarão menos e valores sem lastro em projetos concretos.
De certo (e o ministro foi claro nesse ponto) não existem estudos nem projetos que dimensionem os cortes. Tudo o que existe é a promessa de Barbosa.
O mais estranho é que, no Congresso, as maiores objeções ao ajuste vêm justamente do partido da presidente da República e contam com o estímulo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) pediu a demissão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Mesmo sendo partidário do governo, a cabeça de Farias funciona como as panelas que a sociedade insatisfeita bate a cada pronunciamento de Dilma. Como elas, a cabeça do senador parece sempre vazia. Mas quando resolve fazer barulho, incomoda muita gente.
A fala de Lindberg indica que, se o ajuste fiscal prometido por Dilma tiver o mesmo destino da redução dos Juros Bancários (que ela prometeu e não entregou) ou da redução da conta de luz (substituída pelo maior aumento dessa tarifa na história) a derrota deve ser debitada exclusivamente na conta daqueles que deveriam estar do lado da presidente mas preferem manter o discurso populista que é a alma de seu negócio.
O exterminador do passado
E o governador Fernando Pimentel, hem? Sem um único projeto para mostrar depois de quase meio ano de governo, resolveu investir pesado na destruição do que encontrou pronto.
Seu esforço para não deixar pedra sobre pedra em um dos mais importantes projetos culturais do Brasil (o circuito da Praça da Liberdade) tem sido a marca mais visível de sua administração. O pior é que nem original consegue ser.
Quando assumiu o governo da Bahia pela primeira vez, em 2007, Jacques Wagner não sossegou enquanto não destruiu todo o esforço para a recuperação do Pelourinho, do Farol da Barra e da Orla Marítima, identificados com seus antecessores. A destruição da Praça da Liberdade segue a mesma cartilha — para decepção dos mineiros.
Fonte: Hoje em Dia, 24/05/2015.
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