Parafraseando uma canção da banda R.E.M., a queda do Muro de Berlim foi algo como o fim do mundo como nós o conhecíamos – e eu me sinto ótimo por conta disso até hoje.
E eu sou desses que gostam de pensar que a queda de um muro, qualquer que seja, físico ou virtual, real ou figurado, sempre redunda na abertura de janelas e portas, passagens através das quais pessoas de diferentes lugares trocam experiências, informações, vivências e tecnologias.
Em 09 de novembro de 1989, presenciamos não só um sistema totalitário caindo de podre, mas um dos passos mais importantes na horizontalização do mundo. Muitas coisas contribuem e têm contribuído para esse processo de horizontalização, definido pelo jornalista norte-americano Thomas L. Friedman (no livro “O Mundo é Plano”, lançado no Brasil pela Objetiva) como uma espécie de “achatamento do mundo”.
Esse achatamento não é sinônimo de nivelamento por baixo. Trata-se de uma nova fase da globalização na qual os indivíduos, interconectados, não importando onde estejam no mundo, participam ativamente de processos onde, até pouco tempo atrás, não passavam de coadjuvantes. A quebra de hierarquias tende a proporcionar um desenvolvimento mais coordenado de tecnologias e serviços, oferecendo melhores oportunidades não só àqueles que vivem em países ricos.
A queda do Muro de Berlim pode ser vista, dentre inúmeras outras coisas, como um dos primeiros sintomas físicos dessa mudança global que já se desenhava, por exemplo, com o advento dos computadores pessoais.
Por mais ingênuo que eu possa parecer (e sou), acredito que a livre circulação de pessoas, tecnologias e ideias, em vez de levar à mediocridade ou, pior, à anulação do indivíduo por quaisquer totalitarismos, pode, aqui e ali, eventualmente resultar em um incremento do que temos de melhor.
A Queda do Muro de Berlim foi um desses momentos em que o futuro chega, puxa uma cadeira, senta e abre um sorriso que parece dizer: a vida vai melhorar. Na medida em que utopias são utopias, isto é, coisas irrealizáveis, gosto de pensar que, desde 1989, ou com mais força a partir de então, as perspectivas para boa parte do globo melhoraram um bocado.
Na pior das hipóteses, ou para dizer o mínimo, ficamos mais próximos e menos ignorantes uns dos outros. Afinal de contas, foi um muro que veio abaixo.
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