Tempos atrás, uma atriz afirmou que “tinha medo” de mudanças…
O efeito foi tão negativo que influenciou a classe média, “fiel da balança”, a pender para a “esperança” que venceria o medo. “Esperança” que vinha de uma mudança: do radicalismo ideológico para a “paz e amor”.
Mudança… A alternância de poder é da democracia, assim como a liberdade de expressão e a igualdade perante a lei. Quem crê e pratica a democracia não as teme!
Daí, o cenário pré-eleições preocupa sob múltiplos aspectos:
Preocupa que um cantor instigue o público a manifestar-se contra um presidente; que um presidente precise se esconder, num evento público, e que ao ser “descoberto” seja grosseiramente ofendido, em rede mundial; que um jornalista chame os ofensores de “elite branca intolerante”. Preocupa que um membro da diretiva de um partido de situação incite à morte de um juiz que condenou seus “heróis”; que a impunidade quase geral e irrestrita – que só é rigorosa para arrecadar impostos – tenha “oficializado” a pena de morte nas ruas, transformando vítimas em “réus sociais”. Preocupa que parte da juventude aceite a alienação cultural, enquanto outra é cooptada pelo crime organizado ou doutrinada por docentes tendenciosos; que intelectuais empoleirados, manifestem seu ódio contra a classe média, sob aplausos de uma plateia que inclui um sorridente ex-presidente, eleito e reeleito graças ao apoio dela, a qual ele alega ter “aumentado”; que esses milhões que ascenderam financeiramente sejam classificados como “nova classe média” – mais “diferente”, na tese de intelectuais “engajados” – talvez para não se sentirem também “odiados”. Preocupa que multidões tenham ido às ruas para exigir mudanças, mas a intencionalidade criminosa ou ideológica de alguns tenha deturpado esse pleito. Preocupa que um artista “dedure” colegas por se encontrarem com um candidato, como se fossem criminosos. Coisa de CIA, KGB, Gestapo… Preocupa que o patrulhamento ideológico agora seja usado por quem foi vítima dele. Preocupa que mídias calem jornalistas, para não serem prejudicadas financeiramente; que uma mídia que se diz “independente” publique nomes e fotos de colaboradores de um instituto, qual procurados pela Interpol ou condenados por fanáticos religiosos, chamando-os de magarefes (açougueiros), porque uma “blogueira” cubana, “inimiga”, ali está.
“Magarefes”? Mandaram alguém para “el paredón”, Sibéria, Guantánamo, Gulag ou Auschvitz? Pregaram morte ou linchamento de seus opositores? Doutrinaram crianças a denunciarem parentes pelo “bem da pátria”, como faziam nazistas e stalinista?
Preocupa que a liberdade de expressão e o direito ao contraditório se tornem alvo de assédio político, moral ou risco de vida; que o medo de perder uma eleição incite à “luta de classes” ou ao ódio racial. Preocupa que ainda exista gente que acredite em partido único; que a “reeducação” ou o expurgo sejam as únicas alternativas para os que discordam de suas crenças. Preocupa que, em vez de buscarem identidade e união nacionais, alguns continuem a desejar que sejamos cópias ou extensões de regimes totalitários de esquerda ou direita; ou escravos da gratidão velhos “revolucionários” aos seus mentores e “heróis”; ou submissos aos interesses de corporações internacionais. Preocupa a falta de renovação na política brasileira, que não é democrática nem nos partidos; que o crime esteja cada vez mais organizado e motivado, e as instituições cada vez mais alheias e desacreditadas; a escalada assimétrica institucionalizada e universalizada da corrupção; que alguns políticos se acreditem “mitos”, dignos de inscreverem seu nome na história com próprio punho, e que quase 200 milhões de brasileiros lhes sejam eternamente gratos e devedores. Preocupa que outros tantos, caudilhos violentos e insensíveis, tenham enriquecido ilicitamente, se lixando para esse mesmo povo. Preocupa, sobretudo, que privilégios e feridas do passado sejam cultivados nas novas gerações, e que rancores pessoais e interesses partidários continuem a engendrar fins que justifiquem quaisquer meios: poder pelo poder!
Pelo bem da democracia, “santa e pecadora”, e, principalmente, pelo bem do Brasil, que a “guerra das eleições” – que, como qualquer conflito, tem como primeira vítima a verdade – não transforme os projetos de poder de poucos, na perpetuação de antigos rancores ou de heranças políticas, ou surgimento de novos! E que a “troca de artilharia pesada” que se anuncia dê lugar à defesa democrática de propostas de governo, pois, de outra forma, a repercussão será tão ruim ou pior do que a grosseria feita no estádio.
Melhor seria que, em nome do futuro de paz e prosperidade, os que se agarram ao passado ou à tradição saíssem de cena! Porém, se a megalomania “ideológica” ou oportunista impedir que tenham esse altruísmo, que ao menos tenham a grandeza de reconhecerem que não têm sido bons exemplos, e deixem a “fila andar”, para que o Brasil deixe de ser o “país do futuro” ou da esperança, e se torne uma verdadeira nação!
Democracia se faz com pluralidade, liberdade de expressão e educação laica! E não com ódio, patrulhamento, corrupção e impunidade, fermentos da instabilidade social!
No Comment! Be the first one.