Para especialistas, economia só começa a se recuperar no 2º semestre do ano que vem
Com a redução pela 12ª semana consecutiva das apostas para o crescimento da economia em 2014 – de 0,81% para 0,79%, na pesquisa Focus – especialistas já estimam que o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) só deve voltar a avançar a partir do segundo semestre de 2015. A avaliação considera o cenário mais otimista para o próximo ano, e parte dos economistas aposta que a economia só voltará a deslanchar em 2016.
As previsões da pesquisa feita pelo Banco Central (BC) para 2015 são modestas e corroboram essa avaliação. Segundo analistas, o país crescerá apenas 1,2% no próximo ano. A projeção para 2016 é de expansão da atividade econômica de 2,5%.
Para o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Julio Gomes de Almeida, que se classifica como otimista, o crescimento mais forte pode voltar a ocorrer já no segundo semestre do ano que vem, após a “digestão” de um aperto fiscal e de um realinhamento de preços de energia elétrica e de combustível.
— O país tem condições de crescer 2% no ano que vem e a Selic pode caminhar para 10%. É um patamar muito ruim (da Selic, hoje) para a indústria. O que a indústria precisava neste ano era investir mais. Apenas se investir mais sairá do buraco que está — afirma.
O economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, também se diz moderadamente otimista com o desempenho da economia no ano que vem e aposta que os juros podem voltar a cair no segundo semestre e o PIB chegar a 2%. Ele trabalha com um cenário de vitória da oposição ou de mudança na condução da política econômica da presidente Dilma. Para Velho, isso ocorre com um ajuste fiscal que leve a meta de superávit primário para até 3% bem como pela sinalização, já no primeiro trimestre, de reformas tributária e da Previdência.
— A política fiscal pode ser a grande aliada para evitar o aumento dos juros, mas para a taxa de investimento deslanchar é preciso um conjunto de reformas — afirma.
Juros devem subir menos
Com a economia em marcha lenta e projeções mais favoráveis para a inflação, a pesquisa do BC mostra que os economistas passaram a esperar por uma alta mais moderada para a taxa de juros (Selic, atualmente em 11% ao ano) em 2015. Analistas do mercado financeiro consideram que o BC não precisará aumentar tanto os juros para domar a inflação no ano que vem. Segundo a pesquisa, os juros devem subir para 11,75% ao ano. Até a semana passada, a aposta era que a Selic chegaria a 12% ao ano no fim de 2015.
A queda nos juros é reflexo de projeções melhores para a inflação. O levantamento do BC mostra que a estimativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano caiu pela quinta semana seguida: de 6,26% para 6,25%. Outro fator que leva à expectativa de juros mais baixos é o crescimento. Com a economia em um ritmo menos acelerado, a dose do remédio contra a alta de preços pode ser menor.
Indústria pode reagir em 2015
Ainda segundo o Boletim Focus, a estimativa de retração do setor industrial passou de 1,53% para 1,76% em 2014.
— A projeção está bem realista porque temos perspectiva de desemprego em alguns setores e ainda por cima queda no consumo das famílias — aponta o economista-chefe da corretora NGO, Sidnei Nehme.
Para alguns economistas, no entanto, a indústria poderá voltar a crescer no ano que vem. Leonardo França Costa, da Rosenberg & Associados, não vê espaço para retomada do PIB no ano que vem. Ele prevê alta de apenas 0,9%, próxima do resultado deste ano. Considera, porém, que para a indústria, o pior já passou:
— O setor automobilístico teve neste ano o seu momento mais difícil. No ano que vem, existe a perspectiva de aumento da demanda interna, a expectativa de que a economia argentina melhore e que mesmo a economia mundial melhore também — afirma.
Fonte: O Globo
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