É preciso saber ouvir o silêncio. No caso do médico anestesista, preso após abusar de uma paciente na mesa de parto, o silêncio relevante é o da esquerda.
Em um país embrutecido por uma criminalidade onipresente, violenta e rotineira, o crime do médico desbravou fronteiras de repugnância e depravação.
As manifestações de repúdio foram quase universais.
Quase.
É preciso prestar atenção àqueles que se calaram. É preciso ouvir o silêncio ensurdecedor dos políticos de esquerda e das ONGs de “direitos humanos”.
Como explico no meu livro A Construção da Maldade, o sistema de justiça criminal do Brasil vem sendo destruído há mais de 40 anos. Esse é um projeto político e ideológico. Entre as forças que trabalham para a criação permanente de mais benefícios para os criminosos, e para o enfraquecimento das punições, está um consórcio do mal, formado pela extrema-esquerda, pelo narcotráfico e por organizações de apoio a bandidos, infiltradas em todas as instituições do Estado e da sociedade.
Esse “consórcio” movimenta fortunas.
Para entender a destruição causada por essa turma, pense nisso: o Brasil é o país onde o estuprador tem direito à “visita íntima” na prisão.
Para entender o abismo em que jogaram o Brasil, é preciso saber disso: de acordo com os juristas, o anestesista estuprador será condenado a, no máximo, 20 anos de prisão (se for enquadrado no artigo 217-A do código penal, parágrafo primeiro, parte final, por estupro de vulnerável). Como, no Brasil, todos os criminosos têm direito à “progressão de regime”, esse criminoso provavelmente “progredirá” para o regime semiaberto antes que se passem 10 anos.
Durante o tempo em que estiver preso, o estuprador terá direito à longa lista de benefícios gozados por criminosos no Brasil como “saidinhas”, remição de pena por leitura, “auxílio reclusão” (um pagamento mensal maior que um salário-mínimo) e a inacreditável “visita íntima”: o criminoso sexual terá direito a fazer sexo na prisão às custas do contribuinte.
Um país que trata assim um criminoso sexual não tem qualquer interesse em proteger suas vítimas.
Graças ao empenho da esquerda, o Estado brasileiro não representa mais uma ameaça crível para os criminosos.
O que está por trás disso – e por trás da atuação incessante e bem-sucedida do consórcio do mal – é a lavagem cerebral à qual todos os brasileiros são submetidos desde a infância: a combinação de populismo, extremismo de esquerda e deficiência moral que promove a tese de que o criminoso é um pobre coitado, que não teve oportunidades e é vítima de preconceito.
Essa filosofia – a de que o criminoso não merece punição, mas apenas acolhimento e “ressocialização” – é defendida por 11 em cada 10 políticos de esquerda. Os mesmos que, agora, se calam, quando deveriam explicar como se “ressocializa” um médico que abusa de uma mulher na mesa de parto.
É essa bandidolatria – que colide frontalmente não só com os sentimentos dos brasileiros, mas também com nossa experiência diária – que guia a produção legislativa e a atuação de grande parte das instituições do sistema de justiça criminal.
Daqui a duas semanas a mídia terá avançado para outras pautas e o crime do anestesista terá sido esquecido por todos.
Exceto pelas vítimas.
Para essas sobrou uma sentença perpétua: enquanto viverem, em cada aniversário de seus filhos, será reavivada a memória do crime depravado.
Em poucos anos esse médico-monstro estará de volta às ruas, livre para fazer o que quiser, provavelmente até usufruindo de uma celebridade macabra que lhe renderá retorno financeiro.
Essa é a regra no Brasil.
Essa é uma conquista da esquerda.
Por isso se calam agora.