O ano que começa é seminal para nosso país. Depois de uma eleição acirrada e um turbulento processo político que culminou com um impeachment, aos poucos o país retoma sua trajetória. Entretanto, o embate político mais uma vez se avizinha. Estaremos diante das eleições mais importantes desde nossa redemocratização, o primeiro pleito nacional que mostrará a profundidade das marcas deixadas pelas descobertas da Lava Jato no eleitorado.
As peças começam a ser colocadas no tabuleiro. Alguns despontam com chance, outros procuram marcar posição, mas sabemos que depende somente do eleitor decidir o rumo que o país tomará. Existe tanto a possibilidade de retorno de Lula, como a entrada do país em um momento de pós-petismo, encerrando o ciclo iniciado com a chegada da esquerda sindical ao poder.
Porém, a possível derrocada do petismo não fortalece os tucanos, que ainda passam por um processo de transição geracional, com desgaste das antigas lideranças, questionadas por uma ala jovem que cada vez mais ocupa uma posição protagonista dentro do partido. Enquanto isso, figuras importantes da social democracia representada pelo partido acabaram manchadas por denúncias de corrupção, o que pode abalar a chance de volta do grupo ao Planalto.
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A revolta do eleitor pode levar o voto para os braços de quem questiona o estado de coisas. É nisto que aposta Jair Bolsonaro. Ele adota a mesma linha que tem levado ao poder um grande número de políticos mundo afora, ou seja, de apostar na indignação como elemento catalisador de um eleitorado silencioso, que se faz ouvir apenas nas urnas.
Correm por fora os típicos candidatos de sempre, como Marina Silva e aqueles que apostam na existência de uma terceira via por intermédio de seu prestígio pessoal, como Álvaro Dias, Joaquim Barbosa e até mesmo (quem sabe), Luciano Huck. Surge uma direita liberal, encabeçada pelo Novo, que tende a fazer barulho e marcar um importante contraponto com a esquerda no debate.
No Congresso Nacional, a renovação tende ser grande. Em um parlamento coalhado de suplentes sem voto e experiência, o eleitor deve se encarregar de varrer do cenário muitos nomes que decepcionaram. Isto ajudará a fornecer uma nova configuração de forças para o governo que chegará.
Minha aposta, diante dos movimentos do eleitorado, é que a população tende a preferir um nome de centro-conservador, alguém que fuja dos estereótipos e aposte em uma candidatura responsável, que saiba transmitir suas ideias de forma clara, diretamente para o cidadão. Um nome íntegro, honesto e que leve para a Presidência boas práticas de gestão e administração, as maiores carências do país. Na minha opinião, o brasileiro cansou do show e da pirotecnia. A ressaca da bonança chegou e hoje o nosso eleitor quer apenas o direito a uma vida decente, honesta e digna. Quem entender isso, terá a senha para vitória.
Fonte: “O Tempo”, 01/01/2018
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