O ano acaba nessa semana. Impõe-se o momento de lembrar, reconhecer e desejar. Antes que o tempo nos leve tudo o que trouxe. Antes de o amor virar saudade, do medo virar dor ou alívio, do vigor transformar-se em lembrança.
Há muitas maneiras de sentir o tempo, cada um ao seu modo. Eu o sinto mais intensamente no amor aos meus filhos. Lembro da estrada até aqui, as dores e a beleza do crescimento; tento reconhecer onde estão agora e seus embates com a vida e desejo muitas coisas para eles.
E o que sonho para eles é o que desejo para todos. Um país mais justo, onde a educação seja o instrumento para a realização individual, as leis sejam a garantia da igualdade de oportunidades e segurança das pessoas, onde o trabalho, e somente ele, habilite o sustento e a integridade, a saúde seja um direito e a democracia um valor constitutivo da humanidade e resguardo da individualidade.
Desejo, e esses são os meus votos, a felicidade. Sem a ilusão de que a incompreensão, a dor e as quedas são evitáveis, pois essas são marcas inexoráveis da vida e do crescimento. O homem é frágil, muitas vezes fraco, mas imenso em suas possibilidades.
Encerro pedindo a Deus, eu, um ateu apaixonado pela fé, que ampare um amigo que dorme num leito de hospital, Fábio Barreto, e que aqueça o coração de sua família com otimismo e bênção.
No mais, um pouco de arte na vida de todos, melhor maneira de entender a existência, louca, bela e rápida demais.
(O Dia, 27/12/2009)
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