Sobre:
Isto já chegou ao Brasil, faz tempo, através do governo quando criou algo como o Enem. Antes deste instrumento de apoio à seleção só o que havia eram os vestibulares. Mas, estranhamente, até liberais se posicionaram contra tais processos seletivos por serem instrumentos governamentais. São sim, mas não confundamos o teor ideologicamente enviesado de questões de humanidades com a racionalidade da seleção pelo vestibular. São coisas distintas. O ex-ministro da educação do governo FHC, Paulo Renato de Souza, p.ex., foi taxativo quando disse que queria acabar com os cursinhos (pré-vestibulares). Queria acabar, mas não conseguiu… Eles se adaptaram, justamente, porque estão livres da ingerência do MEC (são cursos livres, assim como culinária e corte e costura).
Deveria ser óbvio, mas o acesso ao ensino superior não pode ser nivelado por baixo. Se o objetivo é diversificar a “origem social” dos que participam do mesmo, o ensino básico deveria ser melhorado. Mas, dá muito mais crédito para políticas populistas, que não traçam estratégias de longo prazo, mas que correspondem ao imediatismo eleitoral brindar com vagas quem, muitas vezes, não tem condições de cursar uma faculdade. A conseqüência disto não será, mas já é a decadência de cursos em instituições superiores.
Há uma percepção geral de que o mérito é injusto. E o grande problema que vejo nisto não é o desprezo pelo conceito meritocrático, pois isto no mais das vezes não passa de puro medo, covardia intelectual mesmo. O grande problema é sim a corrupção do ideal de justiça. Uma vez que o “socialmente justo” se torna formatar políticas de ação afirmativa, a estrutura educacional não muda. Lembro-me de um ano no antigo 2º grau em Porto Alegre, na escola Dom João Becker, a qual tinha o 2º maior laboratório de química do estado e que me deixou sem passar por 1 ponto em matemática. Se me perguntarem o que mudou daquele tempo, lá pelos idos de 1980, para cá, a primeira lembrança é a abertura política. Mas não acho que seja só isto. Isto não abarca a pequena política dos subterrâneos que já se gestava, conformando mentalidades… Quem mudou, desprezando tudo que fora construído ao longo dos séculos no ensino público (que era nitidamente melhor que o privado) foram os próprios professores. A sedução por um discurso igualitário acabou por suprimir as diferenças individuais penalizando os bem sucedidos e enaltecendo a fraqueza com o sustentáculo de pedagogias que desprezam (ainda hoje) a seleção e a prova como resultado do esforço empregado.
Não sei onde isto vai parar, mas sei onde está: o ensino público repete a sina da tragédia dos bens comuns, onde o público não pertence a ninguém e é mal cuidado. O mercado como sempre, se adapta dando a resposta: empresas formam seus profissionais oferecendo cursos de formação e aperfeiçoamento. Ironicamente, as políticas de ação afirmativa têm igualado o ensino em um baixíssimo nível que só serve, no final das contas, para engrossar o caldo de uma imensa mão de obra mal formada e barata. Um efeito totalmente adverso.
Srs.,
Creio que houve um lapso involuntário na postagem do comentário do Sr. Anselmo Heidrich: faltou mencionar a quê se referia. Esse é uma continuação de comentário postado em http://www.midiaamais.com.br/cultura/3793-aplaudindo-a-imaturidade
O artigo original é “Cheering Immaturity”, de Thomas Sowell, traduzido por mim, sob o título (trad. literal) “Aplaudindo a imaturidade” e publicado no dia 25/08/2010. O M@M é o único site brasileiro apublicar, sob licença, os artigos de Thomas Sowell. Assim, gentilmente, peço-lhes a gentileza de indicar o link acima fornecido.
Atencisamente,
Henrique Dmyterko