Todo ano, lideranças educacionais vão visitar a Finlândia, Singapura ou Xangai. Com a divulgação dos resultados do Pisa, o interesse pelo processo de ensino por trás do excelente desempenho dos jovens de 15 anos dessas economias aumenta o turismo em educação.
Faz sentido se inspirar no sucesso em qualquer área de atividade humana e replicar bons exemplos. No entanto, as diferenças de condições entre comunidades demandam certa contextualização de soluções e os mais céticos acabam atribuindo os resultados positivos à renda mais alta ou à cultura dos países que as abrigam.
Vale sempre a pena olhar com prioridade para o que dá certo no país e sair da narrativa paralisante de que aqui nada funciona. Há experiências educacionais de sucesso espalhadas em estados e municípios e certamente temos muito a aprender com elas.
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Foi a partir disso que, ao criar uma rede de líderes educacionais fluminenses, a primeira ideia que ocorreu ao Ceipe, um centro da Fundação Getulio Vargas voltado à melhoria da política educacional no Brasil, foi levá-los ao município do interior do Ceará que conta com o melhor Ideb do país.
Sobral, uma cidade com um nível socioeconômico baixo e uma população de pouco mais de 200 mil habitantes, tem se destacado não só por assegurar aos alunos uma aprendizagem excepcional mas por continuar melhorando ao longo dos anos.
O que esse grupo de secretários e gestores educacionais pôde ver em reuniões, palestras e visitas, ouvindo relatos de técnicos, docentes e diretores de escola, foi um forte alinhamento de todos em torno de um receituário que funciona.
Há um currículo claro, investimento em formação continuada de professores, com bons materiais de apoio, avaliações unificadas que fornecem informações a todos sobre o que cada aluno está aprendendo e boa gestão escolar. O que não viram: salas de aula sem professores, infraestrutura sofisticada ou tablets com cada aluno.
Mas, em conversa com o prefeito de Sobral, ele me adiantou que havia, até bem pouco, duas coisas faltando para que essa educação de qualidade pudesse desenvolver plenamente os jovens e ajudar a resolver outros problemas do município.
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Trata-se do ensino de habilidades socioemocionais e da presença de psicólogos em cada escola, para atuar junto a adolescentes com risco de abandono escolar. Foi o investimento mais recente.
Afinal, é necessário contar com um currículo que contemple as competências do século 21, entre as quais a empatia e a autorregulação, e evitar que jovens abandonem a sala de aula e engrossem os exércitos da economia paralela.
Que o estado do Rio possa, de fato, aprender com essa experiência!
Fonte: “Folha de S. Paulo”, 07/06/2019