Aproveitando a proximidade do Natal, apresento aos leitores uma seleção de livros que citei ou analisei em colunas deste ano. São sugestões para presentes, num momento em que há um movimento para superar as crises do mercado de livros no país, das livrarias e editoras.
No início deste ano eleitoral, escrevi sobre o livro “A campanha eleitoral na Roma Antiga”, do historiador alemão Karl-Wilhelm Weeber, com base na tradução italiana. Nele havia referência a um pequeno manual da campanha eleitoral, atribuído a Quinto Túlio Cícero, para orientar seu irmão, o grande orador Marco Túlio, eleito cônsul em 63 a.C.
Em boa hora a editora Bazar do Tempo lançou a tradução em português do manual, com o título “Como ganhar uma eleição: Um manual político da Antiguidade Clássica para os dias de hoje”.
O “Dicionário de política” de Norberto Bobbio, da Editora da UNB, é um clássico que deve estar sempre à mão. Em “Presidencialismo de coalizão: Raízes e evolução do modelo político brasileiro”, da Companhia das Letras, o cientista político Sérgio Abranches analisa, 20 anos depois de ter criado expressão, o presidencialismo de coalizão e suas consequências na política brasileira.
Um livro editado pela Princeton University Press, a ser publicado pela Companhia das Letras, intitulado “Radical markets: Uprooting capitalism and democracy for a just society” (“Mercados radicais: desenraizando o capitalismo e a democracia para uma sociedade justa”), do economista da Microsoft e da Universidade de Yale Glen Weyl e do jurista da Universidade de Chicago Eric Posner, apresenta propostas polêmicas, como um sistema de votação que avalia a intensidade da preferência de cada eleitor, elegendo os desejados mais fortemente pela maioria, sejam políticos ou propostas.
Leia mais de Merval Pereira
Águas turvas
Bolsonaro enfrenta resistências
STF de zagueiro
“Apelo à razão: A reconciliação com a lógica econômica”, dos economistas Fabio Giambiagi e Rodrigo Zeidan, lançado pela editora Record, apresenta propostas de políticas públicas “capazes de levar o país a sair do século XX e ingressar, finalmente, no século XXI”, nas palavras dos autores.
O livro de Marcilio Marques Moreira, ex-ministro da Economia, Fazenda e Planejamento, editado pelas edições de Janeiro, intitulado “Quixote no Planalto: O resgate da dignidade em tempos adversos”, relembra o fim do governo Collor, quando um ministério de notáveis, reunido em um “pacto de governabilidade”, tentou levar adiante um governo que definhava.
O economista Gustavo Franco lançou o livro “A Moeda e a Lei”, pela editora Zahar, no qual faz um balanço de nossa história monetária, e explica a moeda como um símbolo nacional. O historiador Jorge Caldeira, no livro “História da riqueza no Brasil”, publicado pela Estação Brasil, estuda a formação da riqueza em nosso país através de uma abordagem com técnicas modernas de investigação histórica.
“Destorcer o Brasil”, de Jorge Maranhão, publicado pela editora Ibis Libris, trata de maneira crítica “barroquismo brasileiro”, que se mantém enraizado na nossa cultura. O economista-filósofo Eduardo Giannetti no livro de ensaios da Companhia das Letras “O elogio do vira-lata”, defende que não ter pedigree é um caminho civilizatório tão válido quanto os de sociedades exemplos de desenvolvimento.
A editora Intrínseca lançou a coletânea de artigos do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan “Uma certa ideia de Brasil: Entre passado e futuro”. Com cultura multifacetada, Malan encontra no sociólogo alemão Max Weber uma referência para os que, como ele, querem ser servidores públicos conjugando a “ética da convicção”, dos princípios morais aceitos em cada sociedade, e a “ética da responsabilidade”, que prevalece na atividade política.
Malan foi um dos coordenadores do livro “De Belíndia ao Real: Ensaios em homenagem a Edmar Bacha”, da Civilização Brasileira, com o auxílio de Jose Carlos Carvalho, Luiz Chrysostomo, e Regis Bonelli. “Os grandes julgamentos da História”, organizado por José Roberto Castro Neves, da editora Nova Fronteira, reúne análises de vários juristas, entre eles o ministro do STF Luis Roberto Barroso.
Fonte: “O Globo”, 09/12/2018