Não são boas para o Brasil as projeções da economia mundial que foram divulgadas nesta quinta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu Panorama da Economia Mundial (World Economic Outlook), o qual é publicado semestralmente.
Segundo o FMI, o crescimento mundial cairá 3,6% em 2018 para 3,3% em 2019, recuperando-se em 2020: 3,6%. Entre as principais causas estão “a escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, a necessária contenção do crédito na China, o estresse macroeconômico na Argentina e na Turquia, as perturbações no setor automotivo na Alemanha e a combinação de aperto financeiro e normalização da política monetária nas maiores economias avançadas”.
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As projeções do relatório indicam que o Brasil continuará a perder posição relativa na economia mundial. Sabe-se disso há muito tempo. O país se tornou prisioneiro do baixo crescimento em grande parte por causa da gravidade da situação fiscal. Caminhamos para o colapso fiscal e a insolvência do Tesouro sem boa reforma da Previdência.
Adicionalmente, o sistema tributário é disfuncional, talvez a maior fonte de ineficiências da economia. A taxa de investimento, de apenas 16% do PIB, é inferior à de alguns países ricos. A desastrada Nova Matriz Econômica do governo Dilma gerou incertezas, elevou custos de transação, desperdiçou recursos públicos e piorou a alocação de recursos na economia. A produtividade, a principal fonte do crescimento, está estagnada.
Esse diagnóstico é consensual entre os que analisam a economia brasileira. O relatório do FMI deu números a essa realidade. O fundo estima que a economia do Brasil crescerá 2,1% e 2,5% em 2019 e 2020, respectivamente. A projeção para este ano é menos pessimista do que da pesquisa Focus do Banco Central: 1,8%, mas esta última tende a convergir para algo como 1,5% até o fim do ano.
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As projeções para a economia mundial são melhores do que para o Brasil: 3,3% e 3,6% para 2019 e 2020, como dito acima. Para as economias em desenvolvimento e emergentes, 4,% e 4,8%. Ao crescer em ritmo inferior aos dos países avançados e dos países em desenvolvimento e emergentes, o Brasil continuará a perder relevância econômica.
Essa triste realidade poderá ser revertida se for aprovada uma reforma da Previdência robusta, se for possível substituir o caos da tributação do consumo por um tributo nacional sobre o valor agregado, se avançarem os investimentos em infraestrutura (que melhorem a operação da logística), se houver retomada da confiança nos negócios e se for possível melhorar a qualidade da educação.
Há muitos “ses”, mas nunca as condições foram tão favoráveis às mudanças. Os desafios são enormes, o atual governo ainda não dá mostra de possuir a capacidade de articulação política para obter as reformas e a educação não vai bem, mas nada está perdido. Estão em nossas mãos as bases para as grandes mudanças de que o país necessita.
Fonte: “Veja” 11/04/2019