Diante do tamanho de nosso governo, suas regulações e obrigações, o cidadão se torna refém de um ente hostil e sem rosto, capaz de ceifar empregos, inibir empreendedores e emparedar os brasileiros. A burocracia é a palavra que sintetiza este ente amorfo que faz parte da vida de todos nós. Sem vida própria, necessita dos cidadãos, que são obrigados a pagar tributos para sustentar sua existência.
O Brasil é um dos países mais burocráticos do mundo, onde o excesso de regulações torna a vida de cada um de nós cada vez mais difícil. Dentre 190 países pesquisados pelo Banco Mundial, somos o 175º mais complicado para abrir uma empresa e o 184º mais complexo para lidar com impostos. Nossa competitividade está atrás da média da América Latina e Caribe, de países africanos e socialistas como a China. Na média, existem 124 países mais competitivos que o nosso. Quem paga o preço de tanta burocracia e regulação é o cidadão brasileiro, sem emprego, renda e oportunidades.
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Mas o que é preciso mudar para modificarmos este estado de coisas? A resposta é simples. Menos governo, menos impostos, menos regulação. Uma burocracia mais enxuta, cortando de forma definitiva o número de funcionários públicos e o sistema que se alimentam para viver. Passamos por um (des)equilíbrio perigoso, pois a burocracia depende de forma direta da existência de uma iniciativa privada que arque com seus custos de operação. Sem empreendedores, não temos impostos e sem estes, não existem recursos para custear a máquina pública.
A renda per capita do Brasil expressa bem esta situação. São Paulo, celeiro empreendedor da nação, que contribui com 32% do PIB nacional, possui renda média menor do que o Distrito Federal, berço da burocracia nacional. Estas disparidades evidenciam aquilo já dito por Roberto Campos no passado: “No Brasil, os assistentes passam melhor do que os assistidos”. Não há dúvida, hoje o brasileiro que opta por se tornar um burocrata em Brasília, vive em situação melhor do que um empreendedor em São Paulo. Isto é inconcebível para uma nação que pretende ser desenvolvida e próspera. Mas é a triste realidade de um país com traços tipicamente socialistas.
Nossos talentos, portanto, são atraídos para as carreiras de estado e se acomodam em cargos públicos ou muitas vezes tomam o rumo do exterior, imigrando para nações que valorizam sua formação educacional e sua verve empreendedora. Felizmente, mesmo com a situação hostil e as saídas para a burocracia de Brasília ou para o exterior, valentes brasileiros optam por ficar e lutar. Estes são aqueles, que mesmo em situação adversa, levam o país nas costas, geram emprego, renda e inovação. A verdadeira riqueza de nosso país.
Precisamos enfraquecer este ente autoritário, anônimo e sem rosto chamado burocracia, que ceifa o futuro de nossa nação. O destino do Brasil precisa estar nas mãos dos brasileiros. Menos estatais, menos estado, menos governo. Uma massa de burocratas sustentada com o dinheiro dos empreendedores não pode ser responsável por decidir o futuro de uma nação.
Fonte: “O Tempo”, 20/11/2017.
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