O título não precisa ser contextualizado. Para muitos, absurdos burocráticos passam desapercebidos pois tornam-se tão sem sentido que o estresse não compensa. Vivemos em um emaranhado de regras improdutivas, obsoletas, certamente surreais em muitos casos. E quando isso não basta, surgem os entes fiscalizadores como a receita federal emitindo multas e mais multas absurdas em termos de valor contra pequenas empresas pasmem, por atraso de entrega de um documento que a maioria dos empresários nem sabe que existe, nunca viu em sua trajetória empresarial, mas que para a burocracia é de fundamental importância para o desenvolvimento do Brasil. Conheço um caso recente de uma multa de R$ 6 mil por um erro do contador. Essa pequena empresa obviamente não tem essa quantia de reserva no caixa para pagar suas despesas do final do mês, mas terá que se virar para arrumar para pagar a multa emitida pela receita federal, sob pena disso virar um pesadelo.
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O Brasil não entendeu em que lugar está no mundo relativizado, cai nas pegadinhas dos números absolutos pois como um dos maiores países do mundo, qualquer grande número absoluto tende a provocar uma distorção nas análises. Vejamos um bem simples, o PIB absoluto impõe respeito ainda no meio desse caos político-econômico que já dura quase cinco anos, mas ao relativizarmos o país despenca e desnuda suas diferenças. A agroindústria é motivo de orgulho em números absolutos, mas o caos em números relativos é uma covardia ao serem contabilizadas perdas nos processos de produção, armazenagem, logística/transportes e manuseio. Os pequenos produtores carecem de uma via de mão dupla que seja de muito mais fácil compreensão, seja com o Banco do Brasil, Caixa, BNDES ou Bancos privados, com o Sebrae, Embrapa, entre outras instituições que são formadas por pessoas sérias e comprometidas, mas que gostariam de ‘jogar ou outro jogo’, sem interferências políticas sem fim das três esferas de governo. Há lampejos de uso de tecnologias avançadas, a grande maioria importada e de custo proibitivo.
Ah, e a educação? A mistura de todas as classes sociais deveria começar no ensino fundamental, hoje não acontece. O Brasil é caro na educação, na saúde, tomando por base uma comparação direta com o norte de Portugal para não incorrermos em erros comparativos com países de primeiro mundo. Tudo aqui é caro, produtos e serviços tem em seus custos segurança por exemplo. É um item cada vez mais oneroso, mas que valor ele agrega para o consumo em um restaurante ou uma compra em um centro comercial? Quase nenhuma. A população está refém da incompetência acumulada. Quem é sério tem que pagar a conta, sob pena de receber multas e mais multas. Não basta pagar o IPVA e IPTU, tem que pagar uma taxa para estacionar em via pública. Tem gente que acha normal, pois ter um carro é considerado pelos puritanos uma heresia, algo que ofende. E assim o Brasil sangra, esforça-se para desmotivar quem produz, quem quer recuperar uma pujança e tornar o Brasil do futuro uma realidade presente. A solução? Que no curto prazo os sangramentos sejam estancados, e que no longo prazo essa doença chamada burocracia não ganhe mais uma letra ‘R’. É só o que falta!