Essa é uma pergunta frequente e que dá muito pano pra manga.
Tenho percebido que a falta de informação já começa antes mesmo de formalizar a ideia.
Por não ser um hábito, os empreendedores não planejam gastos.
Não tem noção de que nos primeiros meses a empresa terá que suportar despesas fixas ainda que não consiga realizar vendas.
Por esse motivo, iniciam a atividade sem um valor investido que seja suficiente para os gastos iniciais.
Não tem a noção de que a pessoa física não se confunde com a jurídica e acreditam que possam colocar a mão no caixa da empresa e sacar a hora que bem entendem porque são os donos e dono pode tudo.
Se você pensa dessa forma, preciso te dizer que você está totalmente enganado.
Não é permitido pagar despesas pessoais com o dinheiro da empresa nem pagar contas da empresa com dinheiro pessoal.
Não é permitido usar o CNPJ para fazer compra ou qualquer outro tipo de negócio que não esteja previsto no contrato social.
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Outro ponto importantíssimo: antes de formalizar busque orientação, caso você tenha problema com seu CPF em caso de dividas.
Em muitos momentos, a empresa pode precisar de empréstimo bancário e essa situação pode colocar tudo a perder.
Depois de iniciar as atividades, vá ao banco, descubra o melhor investimento para o saldo da conta corrente.
Nunca deixe o dinheiro em aplicação automática sem negociar o quanto isso pode render.
Questione o prazo das aplicações e resgate no que diz respeito ao imposto de renda.
Cumpra o contrato de prestação de serviços e entregue os documentos do movimento contábil no prazo. Seu contador não faz milagre e esse descaso pode levar a empresa a pagar tributos indevidos.
Faça do seu contabilista um aliado. Não o trate como um inimigo que você pensa que tem que se virar e ponto. Sinto te dizer, mas você está sub-utilizando os serviços que paga.
É contra sua empresa que você trabalha quando age assim.
Busque fornecedores diversificados e pergunte a eles sobre carga tributária. Leve essa pesquisa até seu contador e pergunte a ele qual é o fornecedor mais indicado a sua empresa avaliando o seu regime de tributação e o do fornecedor.
Peça descontos. Grandes empresas têm esse poder porque compram muito e tem “bala na agulha” pra negociar.
Negocie prazos de pagamento junto a essas empresas para que você possa pagar quando já tiver vendido uma boa parte do que comprou.
Converse com seu contador e veja se é possível fazer um acordo com o estado onde estão seus clientes para pagar a substituição tributária do ICMS, se for esse seu caso, com prazo mais favorável ao caixa da empresa.
Avalie e reavalie todos os anos o desempenho das despesas gerais, faturamento e pagamento dos tributos. Seu contador pode te recomendar melhor forma para pagar tributo apenas depois que receber o dinheiro da venda.
Entenda: a contabilidade tem a função de registrar todos os pagamentos, recebimentos, considerando entre os pagamentos, a compra de bens, como máquinas e equipamentos e mercadorias para repor o estoque.
Embora muitos empresários ainda não tenham descoberto que os relatórios contábeis guardam as informações mais valiosas da empresa, esses registros podem salvar a sua empresa da falência, se você tiver a preocupação com o dinheiro do negócio.
Reflita bastante sobre a forma como você tem organizado as finanças, não só pessoais, mas também empresariais.
Lembre: a empresa não é apenas um ideal. É o sustento de várias famílias.
Num próximo artigo, eu continuo com mais esclarecimentos sobre a arte de administrar o dinheiro da empresa.
Fonte: “Traduzindo o Economês”, 06/04/2018