Duas pesquisas, divulgadas entre terça-feira e quarta-feira (dias 10 e 11), do Datafolha e do Ibope, acabaram levantando alguma polêmica, por mostrarem diferentes visões sobre a performance dos principais candidatos à presidência, depois do atentado contra Jair Bolsonaro do PSL. Vejamos.
Comparando as pesquisas
A pesquisa do Datafolha mostrou Bolsonaro com pouco dinamismo, saindo de 22% para 24% e ainda mostrando forte rejeição (43%). Mostrou também que pouco mudou numa disputa de segundo turno, com ele perdendo para quase todos os adversários, com exceção de Haddad em empate. Já pelo lado do Ibope, o deputado do PSL mostrou mais fôlego na sua campanha, passando de 22% para 26%. Importante observar que no segundo turno ele acabou penalizado, também, pela alta rejeição, mesmo que em queda (de 44% para 41%) e com “derrotas” no segundo turno mais apertadas.
Metodologias diferentes
As pesquisas se desenvolvem sob metodologias diferentes. O Datafolha trabalha com coletas em pontos de fluxo, enquanto que o Ibope realiza amostras domiciliares. Importantes observar que são variadas as metodologias, como no caso das pesquisas privadas, por exemplo, da XP e do BTG Pactual, baseadas em ligações telefônicas. Importante observar, no entanto, que tal como as nuvens, estas pesquisas mostram um “retrato de momento”, sendo importantes sim, mas não sinalizando uma tendência.
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Nestas duas pesquisas, a do Datafolha apurou no dia 10 de setembro e a do Ibope entre os dias 8 e 10, talvez mostrando um momento emocional mais intenso, depois do atentado do dia 6. Além disso, o Datafolha comparou dados da semana com a sua pesquisa anterior realizada há três semanas, enquanto que o Ibope comparou com uma pesquisa realizada na semana passada. Ou seja, o Ibope captou melhor o sentimento público após o esfaqueamento do deputado Jair Bolsonaro. A do Datafolha capturou mais o aumento da rejeição que o precedeu (que o Ibope pegou na semana passada), junto com a melhora após a agressão.
Soma-se a isso, as pesquisas realizadas em um único dia, como o Datafolha, tendem a ser um pouco menos confiáveis do que as pesquisas realizadas ao longo de dois ou três dias. Concentrando-se apenas nas diferenças desde a semana passada, o impacto do atentado a Bolsonaro pareceu-nos um pouco mais claro no Ibope.