Ser “macaco velho” é ver a vida passar de forma mais lúcida, sempre atento e perspicaz nos posicionamentos. É ter 54 anos, 26 de mercado, como economista chefe de uma que foi a maior consultoria do País na sua época, e ter bem claro a destruição causada pelo PT nestes 13 anos em que foi governo.
É ter bem claro o sistema de propinagens montado neste período, saber quem eram os mentores, Dirceu, Lula, Palloci, alguns quadros do MDB, do PP, em conluio com diretores nomeados por eles na Petrobras.
É saber o rastro de destruição deixada pela corrupção sistêmica engendrada pela ORCRIM. É ter bem claro, como tudo começou, o Mensalão e a Lava-jato, e que se não fossem alguns destemidos, como o Joaquim Barbosa no STF e o Sergio Moro, juiz federal em Curitiba, a “maionese já tinha desandado” há muitos anos. Ou seja, cinicamente, nada teria mudado e os mesmos, o tal “mecanismo”, ainda estariam se locupletando, sob a égide da impunidade. Só que chegaria uma situação em que o País acabaria se tornando ingovernável. Há de se esclarecer a “crise ética” que vivemos, fruto desta corrupção sistêmica, na qual, para tudo, há um jeitinho para acomodar os “esquemas e acordos”. Somos uma sociedade corroída pela corrupção e isto muito piorou nestes últimos anos de PT.
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A ascensão de Jair Bolsonaro veio do imponderável. Muitas eram as pesquisas a considerá-lo pouco competitivo num segundo turno, mas uma facada acabou mudando o curso da história. Se no passado, estranhamento, vários postulantes foram tirados da reta, como Eduardo Campos, do PSB, num acidente mal explicado, agora, tentaram com o capitão. Acabaram catapultando sua eleição. Foi um fenômeno meio a lá Trump, na qual, nem ele mesmo acreditava, mas o discurso moralizador e anti-PT no caso do Bolso, acabou servindo como bálsamos aos ouvidos de muitos. Tanto é que, ao ser eleito, nem sabia quem seria o seu vice.
Bom, foi eleito, seu vice acabou o general Hamilton Mourão, que até tem se mostrando muito mais equilibrado e vetusto do que o próprio presidente, já dito aqui, um “elefante desastrado numa cristaleira”. Bolso tem criado tensões, ao meu ver, totalmente desnecessárias. Mais parecem cismas, vinganças tolas, rusgas antigas. Ele deve ter bem claro que se acirrar os ânimos e não se reinventar, tentando uma trégua, tentando formar uma governabilidade com o mínimo de consenso, não conseguirá completar o seu mandato.
Voltando ao balanço dos meus 54 anos, é saber, no entanto, quando é crise de fato ou algo plantado por parte da mídia e dos opositores, para tentar desestabilizar o atual governo. Ou ambas as coisas, já que o Bolso cisma em alimentar intrigas.
É finalmente saber qual a agenda econômica deve ser abraçada. Saber o que interessa neste momento dramático do País. É observar que o que acaba com o Brasil é o corporativismo, várias “castas encasteladas nos seus feudos”, e que não querem perder seus privilégios.
+ Doar para o Imil ficou mais fácil
É contra isso que o ministro Paulo Guedes tem lutado… Por que? Porque sabe que sem as reformas, com destaque para a da Previdência, nosso destino será o fundo do poço, podendo ser mais fundo, caso cavemos mais. Guedes é um “selfmade man”, um “sobrevivente”, que nunca “mamou nas tetas” do Estado. Se fez no mercado financeiro, ajudou a criar um banco (o Pactual, depois BTG), uma universidade (IBMEC) e, sim, ele sim sempre foi um “outsider”. Nunca acreditou na produção acadêmica em Economia das Universidades Públicas, porque sabia bem dos caos reinante nestas instituições,
Ele, e tantos outros economistas da PUC e da FGV, portanto, têm moral para falar e fazer o que pretendem. Que assim seja.