Poucos assuntos se tornaram tão relevantes e ganharam tanto destaque no debate mundial quanto a educação. A semente desse debate são as profundas mudanças econômicas, tecnológicas, políticas, sociais, ambientais e demográficas que estão ocorrendo. Desde a educação infantil, passando pelo ensino fundamental e ensino médio (chamados de educação de base), até a educação superior (por definição, profissionalizante, mas também destinada à formação da cidadania e do desenvolvimento moral), o mundo da educação enfrenta transformações complexas e, por que não dizer, necessárias.
As instituições educacionais constituem unidades econômicas e sociais, nas quais comparecem os “conteúdos” (o que é ensinado), a “pedagogia” (a ciência do ensino e aprendizagem, que trata da forma de transmitir conhecimentos, competências e habilidades) e a gestão (o planejamento, as estratégias, as ações e os processos de administração). Os conteúdos são os insumos do produto final, a pedagogia é o processo de produção e a gestão é maneira de gerir o complexo organizacional da instituição educacional.
Os desafios são muitos, e tanto os gestores quanto os professores estão diante da necessidade de repensar tudo o que tem sido feito, com a mente aberta, longe de dogmas e com disposição para aceitar novas ideias, pois a dinâmica do mundo, a evolução da sociedade e, sobretudo, a fantástica revolução científica tecnológica assim o exigem. Para tanto, é preciso compreender o ambiente, o cenário, o mundo no qual os desafios se impõem.
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A era das certezas absolutas, das ideias imutáveis, está acabando. Uma vida baseada em valores morais sólidos e princípios corretos de empreendedorismo, gestão e liderança é, essa vida, a estrutura sólida sobre a qual um empresário ou gestor pode construir seu sucesso, desde que as ideias de ação cotidiana e as soluções técnicas sejam adaptadas aos novos tempos e às novas exigências. A norma deve ser: estudar, observar, aprender, mudar, avaliar, corrigir rumos, renovar e evoluir.
Nos últimos 70 anos, o mundo foi virado e revirado, e as transformações impuseram medos, esperanças, incertezas e novas realidades, tudo isso ditando um cenário cheio de marcas novas, entre as quais algumas predominam. No mundo: a superpopulação urbana, o envelhecimento acelerado, o esgotamento de recursos naturais. No Brasil: a pobreza elevada, a baixa produtividade do trabalho, o baixo capital físico. Esses desafios terão de ser enfrentados com urgência e eficiência. Essa é a condição para o progresso.
Tão logo termine o ano de 2020, o mundo terá vivido as duas primeiras décadas do século 21 com acontecimentos que significarão mudanças profundas na vida econômica, social e política, e deixarão marcas radicais na conformação do meio ambiente, do sistema produtivo e do trabalho em todas as regiões. O mundo adentrará a terceira década do século com um elenco de problemas complexos, e com uma lista de desafios que, conforme as soluções e as condutas sociais, moldarão a vida humana para o progresso e felicidade, ou para o atraso e sofrimento.
O nível de educação e o grau de qualificação profissional é que dirão se você estará apto ou não para desempenhar as novas funções. Domínio de línguas, habilidade de leitura e escrita, domínio da matemática, raciocínio lógico e pensamento analítico serão atributos exigidos não em nível elementar, mas em nível razoavelmente avançado. O sistema educacional será julgado pela capacidade de dotar os estudantes desses atributos, não pelos diplomas que outorga.
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Atualmente, a superação da pobreza depende de elevado nível de educação básica, boa formação profissional obtida em curso superior ou técnico, além da atualização constante diante da evolução da ciência e da tecnologia. Isso vale para o indivíduo e vale para a nação. Os problemas do trabalho passam pela necessidade de estudar, debater, persuadir e ser persuadido. Ouvir é o verbo da moda. E sobre a capacidade de ouvir, o professor Rubem Alves disse:
“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute, de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Nós amamos não a pessoa que fala bonito. Amamos a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando nasce de longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor cresce. E é na não escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção”. Pense nisso!
Fonte: “Gazeta do Povo”, 19/09/2019