Chegou a hora de deixarmos de lado as disputas eleitorais e trabalhar pelo País. O Brasil nunca precisou tanto do “partido do bem”, de pessoas exemplares, sérias, competentes e dedicadas que estejam dispostas a arregaçar as mangas e trabalhar para melhorar a política, a gestão pública, a educação e a lutar pelas reformas estruturais do País.
Problemas recorrentes indicam nossa resistência a mudar de atitude e de crença; a rever valores e incentivos obsoletos que nos levam a postergar as reformas essenciais do Estado brasileiro e acreditar em “balas de prata” e atalhos populistas. Procuramos os culpados pelos nossos males, em vez de assumirmos que nossos infortúnios são fruto das nossas escolhas (ou não escolhas). Como dizia Marcel Proust, “é mais fácil viver na falsa procura do que na responsabilidade de encontrar”. Aqueles que desejam continuar a reclamar do Brasil nas conversas de botequim devem parar de ler este artigo. Este é um texto para os que acreditam que cidadania não implica apenas direitos, mas também deveres. Dever cívico de ajudar a decidir os rumos do País. Somos corresponsáveis pelo destino do Brasil.
Para fazer algo concreto pelo Brasil não é preciso criar ONG, abrir mão da sua profissão ou mudar de vida. Mas é preciso ter dedicação e o compromisso de doar seu tempo, trabalho ou dinheiro para uma causa que lhe cause inquietação. Sugiro quatro trilhas de atuação para os próximos quatro anos.
1) Lutar pelas reformas de Estado. É urgente desburocratizar processos, simplificar regras e descentralizar o poder, devolvendo mais autonomia e recursos aos Estados e municípios. Precisamos aprovar as reformas previdenciária e política (voto distrital), implementar o verdadeiro federalismo, simplificar o sistema tributário e abrir a economia para que o Brasil se torne mais competitivo e produtivo no mundo global. Essas reformas só sairão do papel se nós, cidadãos, pressionarmos o Congresso Nacional; caso contrário, prevalecerá o interesse do corporativismo que se resume a frear as reformas. Existem várias instituições trabalhando pelas reformas. O Centro de Liderança Pública (CLP) trabalha em parceria com várias instituições e movimentos cívicos para aprovar as reformas da Previdência e o voto distrital no Congresso. Esses movimentos necessitam de pessoas para todo tipo de tarefa: mobilização, marketing, conhecimento – acadêmico, político, temático – e captação de recursos, entre outros;
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2) Lutar pela renovação política. Para mudar a política é preciso ter mandato. Utilizando uma metáfora futebolística, a torcida na arquibancada pode incentivar o time, mas não ganha o jogo. Numa democracia, a maneira de entrar no jogo é pela via do voto e de eleições. Por isso é fundamental atrair gente boa e competente para servir ao País por intermédio da política. Pare de dizer em casa que “política é coisa de ladrão” e incentive os seus filhos e netos a participarem da política. Há ótimas instituições preparando os jovens para entrar na política partidária.
O RenovaBR e a Raps, por exemplo, recrutam, treinam e apoiam pessoas dispostas a ingressar na política. Esses movimentos elegeram dezenas de parlamentares e até mesmo um governador nas eleições deste ano.
3) Lutar pela formação de líderes púbicos e pela melhoria da gestão pública. O CLP está há mais de dez anos formando e capacitando lideranças públicas que atuam nos governos municipais, estaduais e federal por meio de programas de liderança e de gestão pública. É por intermédio de governantes e servidores públicos dispostos a comprar as brigas políticas para melhorar a eficiência da gestão pública, a eficácia do Estado e a efetividade das políticas públicas que nós vamos criar um Estado que sirva ao cidadão, ao invés de se servir dos brasileiros para sustentar os seus privilégios.
Instituições como o Comunitas, a Brava e o Movimento Brasil Competitivo vêm implementando programas de melhoria da gestão pública e tem uma longa trajetória de iniciativas bem-sucedidas em Estados e municípios. Se você quiser conhecer as pessoas que estão fazendo a diferença na gestão pública, deixe de ler os jornais e procure essas instituições. Você conhecerá o Brasil que está dando certo.
4) Lutar pela qualidade da educação pública. Se o Brasil pretende assegurar a igualdade de oportunidades para todos e garantir que os jovens estejam preparados para enfrentar os desafios do mundo do conhecimento, é preciso redobrar o esforço para melhorar a qualidade da educação básica. É inacreditável que metade das nossas crianças não esteja devidamente alfabetizada e que 48% dos nossos jovens não concluam o ensino médio. Felizmente, há muitas instituições meritórias trabalhando na melhoria da educação.
Os Institutos Ayrton Senna e Alfa e Beto fazem um ótimo trabalho na alfabetização de crianças. Já o Instituto Unibanco atua na melhoria do ensino médio. O Movimento Todos pela Educação cumpre um papel importante na frente de mobilização por mudanças na política educacional. A Fundação Lemann faz um trabalho importantíssimo na formação de secretários de Educação dos Estados e municípios e na articulação com prefeituras e governos estaduais na implementação da Base Nacional Curricular Comum – um instrumento vital para melhorar a qualidade do ensino e certificar que o aluno está aprendendo o conteúdo básico no ano/série da sua idade.
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Por fim, é impossível melhorar a educação se não investirmos na formação de professores. O Instituto Singularidades atua nessa área vital.
Portanto, se você quiser trabalhar para o seu País, escolha uma dessas trilhas. O Brasil lhe será grato, mas o maior agradecimento virá dos seus filhos e netos, a quem você vai deixará como legado um País melhor.
Mãos à obra!
Fonte: “Estadão”, 01/11/2018