O desafio é conciliar as duas frases abaixo:
“No Brasil até o passado é incerto”. Esta é de Pedro Malan.
“A história é testemunha dos séculos, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, mensageira do passado. Esta é de Cícero, na sua famosa obra “De Oratore” – e que sempre serviu para valorizar a História e justificar o seu estudo.
Pois é sobre as promessas desse passado incerto que Edmar Bacha, José Murilo de Carvalho, Joaquim Falcão, Pedro Malan e Simon Schwartzman coordenaram um verdadeiro tratado intitulado “130 anos: Em busca da República”. Inevitável a lembrança de Proust “À la recherche du temps perdu”.
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A busca de guias para o futuro sempre se faz com referência ao passado. O termo “cultura” – cada vez mais aviltado e hoje sujeito à “guerra cultural” – ressurge com força nesse imperdível trabalho. A história é contada por decênios – como diria o Conselheiro Acácio foram 18 nesses 180 anos. E é contada a partir de três perspectivas – juristas, economistas e cientistas sociais. Uma seleção estelar foi escalada pelos organizadores para redigir os diversos capítulos.
A leitura é imperdível. Trata-se de um livro de História escrito para o apressado leitor dos nossos tempos. A linguagem é acessível. A obra se utiliza das luzes das diversas ciências sociais para entender o passado. Há um fio da meada conduzido cuidadosamente pelos resumos dos principais eventos de cada década.
Na apresentação geral Pedro Malan dá o tom – a convivência do peso do passado e a promessa do futuro – com seus traços de teimosa permanência. Com chave de ouro, Marcos Lisboa fecha o livro relembrando ao leitor que cabe a cada um de nós a responsabilidade de realizar a promessa – desenvolvimento com inclusão social.
Imperdível.
Fonte: “Veja Online/Blog Educação em Evidência”, 26/06/2019