O PT se beneficiou, ademais, dos efeitos das reformas de FHC, que demoraram naturalmente a se materializar e impulsionaram o crescimento. Afora um verdadeiro maná dos céus, Lula manteve a política econômica de seu antecessor, dissipando temores de que o partido adotaria suas arcaicas ideias. A confiança aumentou e, com ela, a disposição para investir e consumir.
Leia mais
Rolf Kuntz: Mais que dinheiro, falta critério no país da gastança
Adriano Pires: Metamorfose ambulante
Tudo isso acelerou o ritmo de crescimento da renda e do emprego, o que foi ampliado pela criação (aí sim, no governo Lula) do crédito consignado, que permitiu o acesso, aos bancos, de uma massa de pessoas físicas antes alijadas. Ampliou-se o consumo de bens e serviços pelas classes menos favorecidas, incluindo viagens aéreas.
O PT nunca vai confessar que a piora se deu por sua ação no governo. Quando os fatores positivos se esgotaram, seria a hora de promover reformas para aumentar o potencial de crescimento e preservar a confiança dos mercados. O partido optou, todavia, por medidas insustentáveis da expansão da atividade econômica: aumento de gastos, queda na marra da taxa básica do Banco Central (Selic), crédito barato pelos bancos oficiais e transferência de R$ 500 bilhões ao BNDES para ofertar crédito subsidiado a grandes empresas. Dilma dizia que “gasto é saúde”. Não tinha como dar certo.
+ de Maílson da Nóbrega: A tragédia do Museu Nacional é a síntese de muitos erros
A marcha da insensatez se acelerou no governo Dilma, incluindo uma danosa política de intervenção nos preços de energia e derivados de petróleo. A recessão tem origem, pois, nos governos do PT. Temer, ao contrário do que dizem os petistas, tem a seu crédito as ações para reverter as lambanças, particularmente as do período Dilma.
Vários estudos mostram que o Brasil levará de seis a oito anos para restabelecer o nível de atividade econômica e emprego de 2014. Ou seja, os dois primeiros anos do próximo governo, talvez todo o período, serão de baixo crescimento. Além disso, dificilmente haverá um novo maná dos céus.
Não existirão, assim, as condições para o PT cumprir a promessa de restabelecer o ambiente de consumo e de benefícios de seu período de governo. Os petistas exploram a imagem do eleitorado sobre tempos que ficaram para trás. Pura demagogia!
Fonte: “Veja”, 09/09/2018