O seguro de veículos ainda é um dos carros-chefe do setor de seguros e uma das carteiras mais importantes da maioria das seguradoras. Mas começou a fazer água logo depois do início da crise econômica desencadeada pelo governo do PT. Ao longo dos últimos anos vem perdendo força porque a venda de carros novos entrou numa espiral descendente e os seguros de usados deixam de ser feitos depois do período em que o custo-benefício é vantajoso para o segurado.
A soma das duas realidades impactou negativamente a carteira de seguros de veículos da maioria das seguradoras. Há quem tenha compensado a queda das vendas com a melhora dos resultados, especialmente dos sinistros e das despesas comerciais. Mas esta não é a regra.
Assim, da mesma forma que no ano passado os seguros de veículos não se distinguiram pelo crescimento, 2019 deve ser um ano chocho para a carteira. E a regra vale para um bom número de modalidades de coberturas, começando pelos seguros de vida, impactados pelo alto desemprego que assola a nação e que tem como consequência a redução do número de funcionários registrados e, consequentemente, a redução dos segurados das apólices de seguro de vida em grupo das empresas.
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O desemprego também pode ser responsabilizado pelos planos de previdência complementar abertos estarem patinando, sem saírem do lugar. Da mesma forma que pode ser considerado culpado pela não renovação de seguros que durante anos foram regularmente contratados, mas que, em função da crise, perderam espaço para outras necessidades mais importantes.
Eu não tenho a resposta para a reversão do quadro de baixo crescimento do País e do setor de seguros em 2019. Ninguém tem, até porque este ano a economia não deslanchou, ainda que as medidas para isto estejam em andamento, como a reforma da Previdência e a reforma tributária, que deve ser votada logo em seguida.
Mas uma das grandes vantagens das crises é que elas nos tiram da zona de conforto e nos obrigam a olhar para o lado, sob risco de, se não o fizermos, perdermos o lugar ou até mesmo a competitividade que nos permite ter sucesso nos mais diferentes segmentos da economia.
A grande discussão que tem permeado o setor de seguros é a viabilização de outros canais de vendas, especialmente a internet e os celulares, verdadeiros pulmões das novas gerações que já nascem com os aparelhinhos nas mãos.
É evidente que o canal celular vai chegar e vai ocupar espaço muito importante na comercialização pelo menos dos seguros mais simples.
A pergunta é qual o desenho que o novo cenário terá e quem será o responsável pelas vendas. De outro lado, informações recentes dão conta de dados curiosos, como o fato de o Brasil ter mais de 139 milhões de animais de estimação. Será que esta informação não traz embutida uma rara oportunidade de novos negócios?
Os pets atualmente custam tão ou mais caro do que os filhos. Quem já precisou levar seu cão ou gato a um veterinário sabe o tamanho a que a conta pode chegar, especialmente se, além da consulta, forem necessários exames sofisticados e medicamentos para tratar o quadro.
O seguro para pet é uma realidade, mas está longe de alcançar o potencial prometido por 139 milhões de animais de estimação, metade deles na região Sudeste, a mais rica do País e a mais habituada a contratar seguros.
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Investir num produto como este, especialmente em época de crise, pode ser muito interessante, afinal, o prêmio do seguro é mais barato do que o custo de um veterinário. Assim, ainda que com a grana curta, o dono do pet vai considerar a possibilidade de se proteger com uma apólice desenhada para fazer frente à despesa extra capaz de comprometer seu orçamento. Afinal, quem tem sabe: com crise ou sem crise, ninguém vai deixar de cuidar de seu “amigão”.
O seguro para pet é apenas um exemplo de uma realidade que pode se transformar em oportunidade para negócios que se manterão inclusive depois da crise.
Saia da caixa, olhe em volta, seu sucesso pode estar mais perto do que você imagina.
Fonte: “Estadão”, 05/08/2019