Inevitável num feriado parar para pensar nas características mais gerais de determinadas políticas públicas: a diplomacia constitui um desses lamentáveis exemplos de total descompasso entre os requerimentos mais desejáveis para a inserção global do Brasil na globalização e a mais total incompreensão sobre as bases racionais da adequação entre meios e fins, provavelmente porque seus promotores aderiram de maneira beata (e a meu ver completamente estúpida) às invectivas alucinadas contra o globalismo e o fantasma do “marxismo cultural” emanadas de um guru destrambelhado que vive há 16 anos fora do Brasil.
A realidade é que a diplomacia brasileira atual converteu o Brasil em objeto do ridículo universal. Uma das características mais evidentes (e mais alarmantes) da atual diplomacia bolsonarista é o alinhamento da política externa brasileira com a dos EUA, mais exatamente com a diplomacia de Donald Trump, numa demonstração inédita em nossa história de extrema subserviência a um dirigente estrangeiro.
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Ficará certamente como marca exclusiva de uma gestão que não conseguiu, em 4 meses de governo, explicar racionalmente as bases conceituais, os princípios estratégicos e as prioridades táticas de uma diplomacia até aqui extremamente confusa, hesitante, incompreensível no plano da estrita funcionalidade entre meios e fins, provavelmente porque seu titular não possui nenhum dos atributos que normalmente qualificam um chanceler consciente da responsabilidade inerente ao alto significado nacional de seu trabalho.
Demonstra, ao contrário, sua subserviência total aos amadores que guiam de forma autoritária o seu trabalho de mera assistência sabuja, atendendo inclusive a recomendações estapafúrdias de um sofista completamente inepto em matéria de relações internacionais. Nunca antes na diplomacia, mesmo…
Fonte: “Blog Diplomatizzando”, 01/05/2019