O juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, disse nesta segunda-feira, 26, que ‘as coisas vão mais lentamente no Supremo’. Em entrevista no programa Roda Vida, da TV Cultura, Moro foi questionado pelo jornalista João Caminoto, diretor de jornalismo do Grupo Estado, sobre qual era o seu sentimento diante do fato de já ter condenado mais de 100 investigados enquanto os processos ‘capengam’ na Corte máxima.
“Eu não sou censor do Supremo para emitir juízo de valor”, disse Moro, que emendou com uma crítica ao foro privilegiado, instrumento que beneficia políticos. “Alguns ministros já declararam isso, esse instituto do foro privilegiado através do qual altas autoridades da República respondem diretamente no STF. É algo que não funciona muito bem. O Supremo não é preparado para julgar esses recursos.”
O juiz defendeu ‘eliminar’ ou ‘reduzir bastante o foro privilegiado’. “Quem sabe assim tenhamos processos mais rápidos.”
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Sobre um suposto ‘acordão’ para salvar políticos, o juiz disse. “Eu não posso acreditar numa hipótese dessas. Já trabalhei convocado no Supremo, já vi como ele funciona, tive possibilidade de conhecer alguns ministros. Não posso simplesmente acreditar nisso.”
Participam da bancada de entrevistados também Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal Folha de S.Paulo; Daniela Pinheiro, diretora de redação da revista Época; Ricardo Setti, jornalista e escritor; e Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes.
O programa também conta com a participação do cartunista Paulo Caruso.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”