A série de indicações literárias dos especialistas e parceiros do Instituto Millenium termina nesta quinta-feira com sugestões do diplomata Paulo Roberto de Almeida e do professor de Direito da USP e FGV José Eduardo Faria.
Almeida indica a leitura de “A Constituição contra o Brasil: Ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988”. O livro, organizado por ele próprio, é composto por 65 artigos do economista e diplomata Roberto Campos, igualmente divididos entre a fase constituinte e pós-promulgação da Constituição, precedidos e sucedidos por dois ensaios de Almeida.
A sugestão de José Eduardo Faria é o livro “Do PT das lutas sociais ao PT do poder”, de José de Souza Martins: “Um livro fundamental, de um autor que observou como sociólogo esse partido desde seu nascimento, para entender o que ocorreu com o que poderia ser um projeto de transformação social do país”, opina Faria.
Confira as indicações anteriores:
Roberto Rachewsky
“A minha recomendação é ‘A revolta de Atlas’, de Ayn Rand, publicado pela Editora Arqueiro. É um romance filosófico com viés distópico, que retrata uma sociedade que entra em franca decadência em decorrência da ética altruísta e da política coletivista estatista que adota, o que faz com que os indivíduos que criam valor e riqueza revoltem-se contra a opressão do governo.”
João Luiz Mauad
“Sempre que me pedem indicações de livros, meus primeiros pensamentos são os clássicos que marcaram a minha formação, como ‘A riqueza das nações’ (Adam Smith), ‘A democracia na América’ (Alexis de Tocqueville), ‘A Sociedade Aberta e os seus inimigos’ (Karl Popper), bem como alguns clássicos da ficção: ‘Viagens de Gulliver’ (Jonathan Swift), ‘A revolução dos bichos’ (George Orwell) ou ‘Crime e castigo’ (Dostoiévski). Mas todos esses são bons livros para se auto presentear. Como a proposta aqui são indicações de livros para dar de presente, sugiro dois brasileiros recentes, que muito me agradaram: ‘Guia politicamente incorreto da política brasileira’ (Rodrigo da Silva), leitura imprescindível para quem quiser saber com detalhes como chegamos até aqui. E ‘Saudades dos cigarros que nunca fumarei’ (Gustavo Nogy), uma coletânea de crônicas deliciosas sobre diversos assuntos.
Cláudia Costin
Para quem quer entender melhor a condição humana, Costin indica “O novo Iluminismo”, de Steven Pinker: “Uma obra de fôlego que tenta mostrar para onde caminha a humanidade, fazendo uma brilhante defesa da razão, da ciência e do humanismo, como bem define o subtítulo em português”. A especialista indica também a obra de Mario Vargas Llosa, “La llamada de la tribu”, ainda não traduzida, no qual o autor peruano, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, detalha o pensamento de sete grandes liberais, entre eles Adam Smith, Hayek e Isaiah Berlin.
João Batista Oliveira
A indicação do presidente do Instituto Alfa e Beto é “Ten ways to destroy the imagination of your child” (“Dez maneiras de destruir a imaginação de seu filho”, em tradução livre) de Anthony Esolen. O título — apesar de negativo, aponta Oliveira — tenta ensinar como transformar crianças em “gemas preciosas”. “Uma leitura oportuna face às mudanças de rumo que se anunciam para a educação no Brasil”, indica o presidente do Instituto Alfa e Beto. O livro não tem versão em português.
Roberto Luis Troster
O economista dá três indicações para quem busca boa leitura. A primeira delas é a obra em “Lombard Street: A description of the money market” (em inglês), de Walter Bagehot. “Publicado em 1873, é surpreendentemente contemporâneo para entender a dinâmica da crise que o Brasil está acabando de atravessar”, diz Troster. A segunda recomendação é o clássico “Os sertões”, de Euclides da Cunha. A obra é considerada o primeiro livro-reportagem brasileiro e trata de um tema ainda atual, retratando a luta contra a natureza e a incompreensão das elites brasileiras. O economista também indica a obra “Os argentinos”, escrita por Ariel Palacios, opção para os mais interessados em ter uma visão abrangente sobre a Argentina.
Demétrio Magnoli
A dica do sociólogo e doutor em geografia humana é o livro “The spirit of democracy”, de Larry Diamond. “Foi a primeira voz a alertar, claramente, para a ‘recessão democrática’ que varre o Ocidente com a ascensão dos populismos. Vale a pena lê-lo, especialmente para quem leu ou está lendo o aclamado ‘‘Como as democracias morrem’, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt”, sugere.
Sebastião Ventura
O advogado e conselheiro do Instituto Millenium indica “New power” de Jeremy Heimans e Henry Timms, livro que aborda novas formas de negócio, dinâmicas da tecnologia e as consequentes estruturas inovadoras de poder e sua influência sobre o capital humano. “O mundo definitivamente mudou, exigindo um pensamento aberto, fluído, polivalente e capaz de engajar as pessoas em virtuosos projetos vencedores”, aponta.
Fabio Giambiagi
“Getúlio”, de Lira Neto: “A obra faz uma minuciosa reconstituição de época e leva o leitor a transitar por 50 anos da vida política do país praticamente como se estivesse participando contemporaneamente dos fatos. Além disso, é um livro que retrata as raízes de muitos de nossos problemas, como as dificuldades federativas, as relações complexas entre o Executivo e o Congresso, o desafio de formar uma maioria parlamentar, a importância da liderança dos governadores, etc. Uma leitura ao mesmo tempo fundamental e agradável”.