Quatro em cada cinco apurações relativas a homicídios cometidos em 2015 seguem em aberto na Polícia Civil. Dados são do Instituto de Segurança Pública (ISP)
Quatro em cada cinco investigações da Polícia Civil do Rio sobre assassinatos ocorridos no segundo semestre de 2015 ainda estão em andamento, mesmo dois anos após as mortes. É o que revela levantamento feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), ao qual o G1 teve acesso.
Os números em aberto dizem respeito à letalidade violenta: 78,56% não foram concluídas; enquanto 20,8% foram. Em compensação, apenas 0,64% são consideradas encerradas sem êxito.
Os dados representam a quantidade de inquéritos levados ao Ministério Público, o que não significa que os autores tenham sido presos. A reportagem entrou em contato com o ISP e o MP mas não obteve retorno até a última publicação.
“O importante é saber quantos chegam em condições de ser promovido em ação penal, com provas suficientes de materialidade e autoria. De qualquer forma, é um dado muito pequeno se a gente pensar em taxa de elucidações de crime. No Brasil, de um modo geral, menos de 10% dos crimes com violência intencional chegam à justiça em condições para que os autores sejam processados”, avalia o ex-comandante geral da Polícia Militar, Ibis Pereira da Silva.
Para ele, a melhora pode ser alcançada com investimento na perícia técnica que, segundo Ibis, deveria ser subordinada ao Ministério Público ou à Justiça e não à polícia. “Até porque o autor da morte pode ser policial”, diz ele em alusão aos autos de resistência.
Além dos homicídios dolosos, entre os crimes englobados em letalidade violenta, estão incluídos os autos de resistência, roubos seguidos de morte e lesão corporal seguida de morte.
De acordo com dados do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), dos 6.073 inquéritos iniciados em 2009, apenas 150 viraram denúncias, oito anos após o seu início. Até agora, 1.512 foram arquivados. Outros 40 entraram na categoria “desclassificados”, ou seja, deixaram de ser homicídio e passaram a ser tentativa de homicídio, o que retirou os casos do Tribunal do Júri e levou o processo para uma vara criminal. Do total, 4.371 casos ainda estão sendo investigados.
Resposta da Civil
O G1 perguntou se a Polícia Civil gostaria de emitir alguma opinião sobre os dados para justificar o baixo número de casos elucidados.A corporação respondeu em tópicos.
Seguem, abaixo:
1. As investigações das DH’s primam pela primeira qualidade.
2. Que uma investigação depende de outros órgãos e também do programa de proteção à testemunha.
3. Nos últimos anos, os números de prisões aumentaram significativamente, ano após ano.
4- Poderíamos ter resultados superiores também com investimentos em tecnologia que ainda aguardamos receber.
5- Conforme publicações recentes da imprensa, os índices de elucidação de algumas modalidades de homicídios já se encontram em patamares bastante elevados como no caso do feminicídio.
6- Salientamos, por fim, que o padrão nova DH ainda se encontra restrito à Capital, Niterói e São Gonçalo e Baixada Fluminense, sendo certo que a sua implantação nas demais regiões do estado implicaria em consistente melhoria dos números apresentados.
Fonte: “G1”
No Comment! Be the first one.