A quebra do sigilo fiscal da filha do candidato José Serra e de integrantes da oposição é de extrema gravidade. É um crime que revela tanto uma política de assalto às instituições do Estado de Direito como, por consequência, um desprezo profundo pela democracia por parte daqueles que deveriam garantir os direitos do cidadão.
Pois o Estado existe para garantir a ordem e os direitos. Quando um indivíduo, seja o humilde Francenildo ou a filha do Serra, é covardemente agredido pelo Estado, todos nós estamos sendo aviltados. Sim, foi o Estado aparelhado quem perpetrou o crime e isso é também da ordem da política. É um crime político.
Agora, começa uma farsa para que acreditemos que foi apenas um crime comum, ou um malfeito, ou até que a oposição é a responsável. Desavergonhada pantomima.
Aí entra a questão do caráter das pessoas. Em tudo, no fim, aparece o indivíduo e seu caráter. Há muito vivemos no Brasil um processo de desmoralização de valores fundamentais, seja na política, seja na esfera social.
Acoberta-se o mensaleiro, protege-se o companheiro pego com a mão na botija de dólares, sobe-se no palanque de milicianos e tudo anda sem sobressalto. Vendo tudo isso acontecer, onde anda a intelectualidade que se fez na luta por liberdades e direitos? Grande parte cala-se. Vive no silêncio cúmplice, comendo os canapés nos salões do poder.
O Brasil progrediu na economia, nesses últimos 16 anos, mas vive sua mais grave crise política depois da reconquista da democracia. E é bom saber, o Estado Totalitário começa com a cooptação da consciência da parte dócil da intelectualidade. Foi sempre assim no último século, que foi o século dos genocídios.
“O Dia” – 05/09/2010
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