A automação e a globalização estão mudando rapidamente o ambiente de trabalho. Essa transformação pode gerar um agravamento das tensões sociais e econômicas no mundo. Caso os governos queiram impedir esse efeito, devem agir desde já, de forma ágil e decisiva. Essas são algumas conclusões de relatório divulgado nesta terça-feira (21/05) pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com o documento, quase metade de todos os empregos podem ser eliminados ou radicalmente transformados nas próximas duas décadas devido à automação. O diretor da área de trabalho da OCDE, Stefano Scarpetta, disse à Bloomberg que o ritmo da mudança será “devastador”.
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As mudanças vão atingir os trabalhadores de maneiras diferentes. Enquanto a tecnologia vai beneficiar alguns, com o surgimento de novos postos e o aumento da produtividade, outros sofrerão perdas. Os mais atingidos, segundo o relatório, serão os profissionais mais jovens, que trabalham meio período e têm pouca qualificação, e as mulheres, que estatisticamente ocupam os piores empregos, com os menores salários.
“Mudanças estruturais rápidas e profundas estão no horizonte, trazendo novas oportunidades, mas também incertezas entre aqueles que não estão preparados para compreendê-las”, disse Scarpetta.
O relatório também conclui que o número de pessoas na classe média irá cair e que haverá uma insatisfação generalizada nos países ricos. Parte desse efeito já pode ser sentido, com o apoio de grandes massas a líderes populistas em diferentes partes do planeta.
A recomendação da OCDE é que os profissionais invistam ainda mais em qualificação. Os líderes governamentais, por sua vez, são orientados a reforçar a proteção para os trabalhadores informais e autônomos – ou seja, aqueles com menos acesso a direitos trabalhistas.
Os números da OCDE
– 14% dos empregos podem desaparecer devido à automação de 15 a 20 anos;
– 32% dos empresgos devem mudar radicalmente por conta da tecnologia;
– 1 em cada 7 trabalhadores atua por conta própria — 1 em 9 tem contrato temporário;
– 6 entre 10 trabalhadores não possuem habilidades básicas em TI;
– a participação em sindicatos caiu pela metade nas últimas três décadas.
Fonte: “Época Negócios”