Os candidatos à presidência da Câmara têm nas mãos o futuro do Brasil. Aquele que for eleito estará responsável, entre outras coisas, por colocar em votação as reformas propostas pelo Ministro Paulo Guedes.
Enquanto Arthur Lira (PP-AL) recebe o apoio do Presidente Bolsonaro, Baleia Rossi (MDB-SP) é o candidato do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, e tem ao seu lado um bloco robusto de apoiadores.
Se Lira representa apoio às reformas, Baleia é uma grande incógnita. O deputado votou com o governo em 90% das matérias, sendo considerado tão base de governo quanto Lira. Mas o que o apoio de partidos de oposição ao governo pode significar?
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O mestre em economia Maurício Bento não vê Baleia Rossi como uma ameaça à agenda de reformas. “Apesar de não ser o candidato do governo, uma vitória do Baleia Rossi não parece uma derrota para o governo, desde que, avaliada pela ótica das reformas”, opinou. Ouça o podcast!
Maurício Bento acredita que teremos um 2021 de retomada da agenda de reformas. “O Arthur Lira propõe, como prioridade máxima de sua candidatura, a PEC Emergencial. O Baleia Rossi propõe a PEC da Reforma Tributária, que é inclusive de sua autoria, como prioridade. Nós temos dois candidatos que estão se colocando como reformistas na disputa da presidência da Casa”, contou.
Para Paulo Moura, cientista social e mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Baleia Rossi representa continuidade e isso não significa avanços na agenda reformista. “A aliança que Baleia está montando com os partidos de esquerda tem como pré-requisito, exatamente, o compromisso de fazer oposição ao governo e à agenda do Ministro Paulo Guedes, caso eleito”, opinou. Ouça o podcast!
O Bloco Independente, como foi nomeada a frente ampla de apoio à candidatura de Baleia Rossi, reúne 10 partidos (MDB, PT, PSDB, PSB, DEM, PDT, PCdoB, Cidadania, PV e Rede), ultrapassando, em tese, os 257 votos necessários para elegê-lo, se não fosse por um detalhe do pleito: a votação para presidente da Câmara é secreta e orientação partidária não significa, necessariamente, voto certo. “Em todos os partidos há dissidências. Os deputados votam conforme os seus interesses e a lógica da eleição não passa por votação partidária em bloco”, explicou Paulo Moura.
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Independentemente do resultado no dia 1º de fevereiro, que além de presidente da Câmara, elege também vice-presidente, secretários e suplentes, o que se espera de quem ocupa um cargo de representante do povo, em qualquer esfera, é que defenda os interesses da população.
Uma das grandes preocupações hoje é a retomada econômica. Muitos projetos propostos pelo Ministro Paulo Guedes acabaram empacados no congresso. Das 19 medidas, apenas 3 foram aprovadas.
Em 2021, é preciso priorizar a PEC Emergencial, para sustentar o teto de gastos, a Reforma Tributária, fundamental para a produtividade da economia brasileira e geração de empregos, e a Reforma Administrativa, para estancar a sangria dos gastos públicos.