O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avalia que a retomada econômica pode ser mais gradual do que o esperado anteriormente. A informação consta na ata da reunião realizada na semana passada, que decidiu pelo corte da taxa básica de juros, Selic, de 3,75% para 3%.
“(…) a menos de avanços médicos no combate à pandemia, é plausível um cenário em que a retomada, além de mais gradual do que a considerada, seja caracterizada por idas e vindas. O cenário básico considerado pelo Copom passou a ser de uma queda forte do PIB na primeira metade deste ano, seguida de uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre deste ano”.
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e os diretores da autoridade monetária. A cada 45 dias, eles se reúnem para decidir o patamar da Taxa Selic e fazem uma avaliação da situação da economia brasileira.
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De acordo com a ata, os membros entendem que a pandemia terá um impacto desinflacionário, ou seja, de redução na inflação, associado a um grande nível de ociosidade na produção.
A incerteza da economia também levará a um aumento na poupança e redução na demanda. Sem saber para onde a economia está andando, pessoas e empresas tendem a ser mais conservadores em suas compras e investimentos, assim diminuindo a demanda.
O BC reconheceu que as expectativas para a inflação estão abaixo da meta de 4%, mas reafirmou o compromisso em atingi-la e disse que a meta “segue sendo o principal objetivo da política monetária”. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas permite uma oscilação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Segundo o último boletim Focus, com as expectativas do mercado, a estimativa para a inflação em 2020 é de 1,76%, portanto, abaixo da meta.
Novos cortes
Como já havia exposto no comunicado de corte nos juros, o BC reforçou que considera um “último corte” na taxa de até 0,75%, com algumas limitações.
“O Copom entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional. O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo”, diz a ata.
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Já na última reunião, dois membros do comitê defenderam um corte mais agressivo na Selic, para reduzir os riscos de descumprimento da meta de inflação em 2021, que está em 3,75%. No entanto, a opinião que prevaleceu era da necessidade de aguardar um pouco mais para fazer um novo corte.
“Entretanto, foi preponderante a avaliação de que, frente à conjuntura de elevada incerteza doméstica, o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e pode ser pequeno. Assim, o Copom optou por uma provisão de estímulo mais moderada, com o benefício de acumular mais informação até sua próxima reunião”, acrescentou o documento.
‘Recessão com poucos precedentes históricos’
Na visão do BC, há uma “realocação dos ativos” devido à crise global. Isso significa que investidores preferem colocar seus recursos em outros países, mais seguros e resilientes em crises, do que o Brasil. Essa questão traz um “ambiente desafiador” para os países emergentes. O BC afirmou que a recessão atual tem “poucos precedentes históricos”.
“Além disso, projeções apontam para uma recessão global com poucos precedentes históricos. Esses dois fatores ajudam a explicar uma saída de capitais de países emergentes significativamente superior à ocorrida em episódios anteriores. Entre os emergentes, aqueles com maior vulnerabilidade fiscal tendem a ser os mais prejudicados”.
Fonte: “O Globo”