Em um mundo cada vez mais protecionista, a aplicação de medidas de defesa comercial contra o Brasil representa perda anual de quase US$ 1 bilhão em exportações, revela estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) feito a pedido do GLOBO. Em média, quando algum tipo de restrição é adotada contra um produto brasileiro, as vendas para o exterior caem 86% ao longo de um período de 12 meses. Os setores mais afetados são os de metais, papel e açúcar.
A maior parte das barreiras foi usada pelos Estados Unidos, mas, em valor, a China foi quem deu maior prejuízo, ao adotar salvaguardas às importações de açúcar. As exportações do produto caíram de US$ 757,5 milhões para US$ 54,9 milhões. Isso fez com que o Brasil iniciasse um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Aumento das restrições
A análise da CNI considerou o comportamento das exportações brasileiras a partir de 13 medidas de defesa comercial aplicadas entre 2015 e 2017, divididas em antidumping, compensatórias e salvaguardas. O dumping ocorre quando um produto é vendido, em determinado mercado, a preço inferior ao valor normal no país de origem. Isso causa danos à indústria nacional. O subsídio é uma ajuda do Estado ao exportador do país, como recursos e incentivos fiscais. Já a salvaguarda é adotada em caso de surto na importação de determinado produto. O governo cria algum tipo de barreira, como elevação de tarifa, para proteger a indústria nacional.
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– O aumento do uso de instrumentos contra o Brasil mostra que o país precisa apoiar mais os exportadores nesse processo e fortalecer seu sistema de defesa comercial – afirma Carlos Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI.
Segundo ele, a aplicação de barreiras cresce em ritmo acelerado. O número subiu de duas em 2015 para seis em 2016 e nove no ano passado.
Para Abijaodi, o governo precisa acompanhar melhor os produtos em que o Brasil é competitivo e o comportamento de outros mercados em relação a esses bens. Assim, é possível se antecipar e apoiar de forma mais efetiva os exportadores caso seja adotada algum tipo de restrição.
Em uma proposta encaminhada aos presidenciáveis, antes da definição do segundo turno, que será disputado por Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), a CNI pediu o fortalecimento do sistema de defesa comercial.
Fonte: “O Globo”