Em sua terceira versão, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deve ser aprovada até novembro, de acordo com o Conselho Nacional de Educação. Uma vez aprovada, cabe implementar. E a educação vai melhorar? Uma boa metáfora é imaginar a educação como um automóvel que precisa de quatro rodas para circular, sendo o currículo uma delas.
Podemos aprender algo das práticas de países com bom desempenho ou que melhoraram em anos recentes. Do passado recente, salientam-se Portugal, Polônia, Cingapura, França, Inglaterra e pelo menos duas províncias do Canadá, British Columbia e Ontário. Também há lições interessantes a tirar dos embates que se travam nos Estados Unidos.
E o Brasil? Relembrando o automóvel, suas quatro rodas são (1) currículo, (2) políticas para atrair e manter bons professores, (3) avaliação consistente e (4) financiamento e gestão eficiente do setor e das escolas. Currículo sozinho não faz nada. A “roda” mais crítica são professores que, no mínimo, dominem os conteúdos do currículo. Este é o grande desafio que o país se recusa a enfrentar. Não é possível dar saltos na educação sem mudar essa situação.
No Brasil, a maioria dos políticos e responsáveis pela formulação de políticas acredita ser possível “trocar o pneu com o carro andando” e que tudo se consegue quando “todos participam de tudo”. Os resultados da Prova Brasil e do Pisa comprovam que isso não é verdade: o carro não sai do atoleiro.
Alguns países, incluindo alguns dos já citados, estabeleceram políticas em dois tempos. De um lado, adotaram estratégias comprovadamente adequadas — e conhecidas sob o nome de ensino estruturado — para lidar com os professores tal como eles são. De outro, criaram novas condições para atrair e manter jovens qualificados no magistério. Por aí pode ser que o carro saia do atoleiro.
Fonte: “Veja”, 19/09/2017.
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