Todas as operações realizadas no ambiente online geram uma infinidade de informações que, se bem aproveitadas, podem ser aplicadas para definir estratégias de marketing ou até direcionar políticas públicas. Essa é a tecnologia do Big Data, que já é uma realidade no Brasil e no mundo. Em entrevista ao Instituto Millenium, Leandro Bortolassi, sócio-fundador da Eight, agência especializada em projetos de inteligência para a comunicação corporativa, fala sobre as mudanças tecnológicas no setor. Ouça!
“Por exemplo, ao entrar no Google para pesquisar uma informação, você gera um dado que fica no serviço de servidor e é utilizado para aprimorar a plataforma, entender seu hábito de pesquisa, de navegação… Cada busca por um produto de seu interesse também gera um dado, que pode ser utilizado para estratégia de marketing. O compartilhamento da sua localização pelo Waze é uma informação colaborativa, que ajuda no aprimoramento e utilização de rotas de tráfego. A soma de todas essas operações, que são praticamente infinitas, chamamos de Big Data”, explica Leandro.
Para Leandro, o Big Data é o viabilizador da era da inteligência da informação. Além de já ser usado para dimensionar estratégias de negócios e marketing, ele também pode contribuir para a elaboração de projetos no âmbito público. Um exemplo é o estudo inédito sobre violência contra a mulher no estado de São Paulo, realizado pela Eight. A pesquisa cruzou informações disponíveis em diversos bancos de dados para descobrir questões como as regiões com maiores índices de violência, os horários com mais volume de incidência e os padrões de vulnerabilidade retirados destas informações.
Ao cruzar todos os dados, o levantamento estabeleceu um mapeamento com questões importantes para a pauta. Uma das conclusões encontradas, por exemplo, foi o fato de que as localidades com maior ocorrência de crimes não são atendidas pelas delegacias especializadas na mulher, que estão mais presentes onde os índices de violência são menores e a concentração de renda mais alta.
“A partir daí, você consegue gerar insights estatísticos que te proporcionam desenvolver toda uma estratégia de posicionamento diante deste segmento, que no caso seria a segurança publica. Entender quais fatores podem, por exemplo, influenciar o homicídio contra mulheres. Você analisa uma série de dados do IBGE, da Secretaria de Segurança Pública, do DATASUS, e começa a estabelecer correlações com base nisso, para poder compreender o problema, a causabilidade e, a partir daí, construir o seu projeto e a sua narrativa, de que forma você pretende abordar isso e implementar um modelo de politica publica ou criar uma consciência na imprensa e na opinião pública a respeito do assunto”, pontua.