*Por Bruno Rigamonti Gomes/ Líderes do Amanhã
Muito se discute sobre como bilionários deveriam redistribuir renda para pessoas menos afortunadas. A prerrogativa geralmente utilizada é de que há desigualdade social, e por isso, para diminuir a diferença entre os mais ricos e os mais pobres, quem tem mais dinheiro deveria ter seu patrimônio mais taxado ou doar parte de sua propriedade legitimamente conquistada. Será que faz sentido?
A ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, em uma argumentação no Parlamento Britânico certa vez disse: “(…) o problema não é a desigualdade, é a pobreza”. A única forma de reduzirmos a pobreza, por conseguinte, é criando riqueza e, para que isso ocorra, é preciso que haja livre mercado.
É importante ressaltar que economia não é um jogo de soma zero. Uma pessoa que se torna rica não deixa outra mais pobre. Isso pode ser observado pela trajetória da pessoa mais rica da atualidade, de acordo com lista divulgada pela Forbes, em abril de 2021: Jeff Bezos, fundador da Amazon. Até acumular o seu patrimônio atual, Bezos gerou muito mais riqueza para terceiros (acionistas da empresa, por exemplo) do que para si próprio. Isso sem contar os empregos diretos e indiretos gerados desde a fundação da empresa e suas subsidiárias, além do valor gerado para a sociedade com as inovações, produtos e serviços criados.
Em sua última carta anual direcionada aos acionistas como CEO do grupo empresarial em 2021, Bezos demonstrou alguns marcos obtidos no ano que se passou: a Amazon teve um lucro líquido de US$ 21,3 bilhões, sendo esse, portanto, o valor que a companhia gerou para seus acionistas. Já em relação aos colaboradores, a empresa pagou US$ 80 bilhões em salários e US$ 11 bilhões em benefícios, totalizando US$ 91 bilhões. Ressalta-se que, considerando apenas o ano de 2020, a empresa contratou 500 mil funcionários, empregando 1,3 milhão de trabalhadores em todo o mundo, atualmente.
Além disso, o valor gerado para os vendedores que utilizam sua plataforma de marketplace totaliza US$ 25 bilhões em vendas. E se considerarmos o valor gerado para seus clientes, tanto do e-commerce quanto da AWS (Amazon Web Services), o valor totaliza US$ 164 bilhões, sendo US$ 126 bilhões e US$ 38 bilhões, respectivamente.
A premissa utilizada neste último cálculo é o tempo que a Amazon ajuda seus usuários a poupar. Segundo Jeff Bezos, 28% dos clientes finalizam uma compra pelo site em menos de 3 minutos, e 50% da sua base de clientes o fazem em menos de 15 minutos. Caso esses mesmos clientes fossem realizar compras equivalentes em uma loja física, o tempo médio seria de, aproximadamente, uma hora.
Esses dados se referem apenas ao ano de 2020, logo, se considerarmos todos os outros anos desde a sua criação, certamente, é inegável como houve geração de riqueza e benefícios claros para inúmeras pessoas ao redor de todo o mundo.
Ora, se quando uma pessoa atinge o status de bilionária, ela não deixou outra(s) mais pobre(s), impor taxações excessivas à sua propriedade privada seria um contrassenso, visto que essa medida seria um balde de água fria àqueles que acreditam na soma de esforços individuais para gerar um bem coletivo. Mais do que olhar para quem “tem muito” como se fosse um(a) usurpador(a) de inocentes, é preciso valorizar aqueles que empreendem em meio às adversidades e conseguem obter retorno do valor que geram para seus clientes e os benefícios produzidos para a sociedade.
Um bom profissional ou empreendedor que almeja crescer na vida deve conseguir entender como os maiores nomes dos negócios chegaram ao topo. Para fazer isso, é importante analisar suas histórias e, principalmente, os fatores-chave que definiram suas trajetórias e os motivos de suas escolhas terem dado tão certo. Analisando a vida de Jeff Bezos, pode-se extrair algumas condutas e princípios que o levaram a construir uma empresa de nível global como a Amazon. Provavelmente o leitor já ouviu que “uma equipe consegue atingir resultados muito maiores e melhores do que indivíduos de forma isolada”. Para Bezos, não basta apenas formar equipes, é preciso se cercar dos melhores.
O processo de contratação da Amazon é no mínimo inusitado, com perguntas do tipo: “Quantos postos de gasolina existem nos Estados Unidos?”. Mais do que responder corretamente, a busca é por entender a criatividade e o método que o candidato à vaga utilizará para encontrar uma possível solução.
A Amazon é uma empresa com milhares de funcionários, e é considerada A Loja de Tudo (isso quase todo mundo sabe). Mas o que muitos desconhecem é que ela começou vendendo apenas livros físicos. Este foi um posicionamento de Bezos desde o início: Pense grande, comece pequeno.
Jeff Bezos já tinha a ideia de criar “A Loja de Tudo” desde o início do negócio, mas sabia que, para conseguir conectar os pontos de seu grande plano estratégico, seria necessário começar por algo menor que pudesse ser validado antes de crescer. Com isso em mente, largou uma carreira promissora em Wall Street na cidade de Nova Iorque e foi abrir uma loja on-line de livros em Seattle, também nos Estados Unidos. Aos poucos foi agregando novos produtos para serem vendidos, e hoje consegue vender literalmente tudo (ou quase tudo).
A jornada de crescimento da empresa foi muito acelerada, com um nível de satisfação muito elevado por parte dos clientes desde o início. Algo muito marcante nos discursos de Bezos é: “seja genuinamente focado no cliente”.
Um fato muito interessante é que toda mesa de reunião da empresa tem uma cadeira com o assento vazio representando a figura do cliente. Isso é para mostrar para todos que quem manda na empresa é, de fato, o cliente. Esse pensamento de Jeff Bezos tinha um propósito muito claro de fidelizar sua clientela, e por entender que a empresa tinha um propósito muito maior.
Comumente as pessoas querem investir em algo que gera dividendos em dois ou três anos e, se nesse tempo elas não conseguem, passam para algo diferente. A Amazon, no entanto, foi fundada em 1994 e até hoje nunca distribuiu dividendos, mesmo tendo dinheiro em caixa para o fazer. Ela prefere reinvestir seus recursos no próprio crescimento, evidenciando seu foco no longo prazo.
Um conceito que muda a vida de empreendedores é entender sobre Equity, que pode ser traduzido como o Patrimônio Líquido da empresa. Se um indivíduo tiver uma visão de longo prazo e focar no aumento de valor da empresa ao invés de retirar todo o lucro, há uma chance muito maior de o seu patrimônio pessoal se multiplicar muito mais pela valorização de suas cotas da empresa em que é sócio.
Uma outra característica marcante na história da Amazon é a capacidade de criar serviços e produtos inovadores. Ao longo da trajetória da empresa, diversos segmentos foram sendo impactados, como os de computação em nuvem e logística, utilizando tecnologia desenvolvida pela própria empresa. Isso dá a ela algumas vantagens competitivas, principalmente pelo fato de que detém a propriedade sobre algo muito estratégico no seu negócio.
Jeff Bezos, junto com sua equipe, entendeu que, para consubstanciar a sua visão do que a empresa deveria se tornar, precisaria focar em criar os seus diferenciais competitivos ao invés de utilizar o que já existia.
Evidencia-se ao leitor que bilionários (ou trilionários), comumente, têm uma grande capacidade de utilizarem suas trajetórias profissionais para criar legados em diversos setores da economia, elevando, consequentemente, o padrão de vida da humanidade e propiciando oportunidades de enriquecimento lícito para inúmeros outros indivíduos que estão dispostos a também gerar valor para sociedade. Bilionários deveriam existir, e assim será!