Foto: Money Sharma / AFP
Os governos do Brasil e da Índia anunciaram um compromisso formal cujo objetivo é dobrar o comércio bilateral para US$ 15 bilhões em três anos. A meta está incluída no comunicado conjunto que o presidente Jair Bolsonaro e o primeiro-ministro Narendra Modi divulgaram neste sábado.
Para o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araujo, há disposição mútua de alavancar o comércio bilateral, como mostra a meta para até 2022. Ele avalia que esse processo virá em conjunto com mais investimentos nos dois grandes mercados emergentes.
Araújo confirmou também que não tinha visto até agora tanta vontade política para multiplicar o acordo de preferência tarifária entre Mercosul e Índia, de 450 para mais de 2 mil produtos. Ou seja, o número de produtos que entrarão nos respectivos mercados com tarifa menor vai aumentar substancialmente. Mas a negociação prossegue, até porque se trata de acordo com o Mercosul e não apenas com o Brasil.
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O ministro das Relações Exteriores comentou também que o presidente Bolsonaro falou em rever, não em suspender, a disputa do Brasil contra a Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa de subsídios indianos na exportação de açúcar.
Para o ministro, a revisão sobre a denúncia na OMC virá num contexto envolvendo outros temas. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que será preciso avaliar, por exemplo, o contexto de cooperação para produção de etanol pela Índia.
A Índia é o quarto maior parceiro comercial do Brasil na Ásia. O fluxo bilateral atingiu US$ 7 bilhões em 2019, com exportações brasileiras no valor de US$ 2,76 bilhões e importações provenientes da Índia somando US$ 4,26 bilhões.
Segundo o Itamaraty, o país asiático tem importante participação no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) brasileiros, particularmente na transmissão de energia elétrica, com investimentos previstos da ordem de R$ 7 bilhões.
Antes da divulgação do comunicado, o presidente Bolsonaro usou as redes sociais para dizer que as expectativas sobre o relacionamento bilateral entre Brasília e Nova Délhi eram as melhores, e que o comércio entre os dois emergentes poderia pular de US$ 6 bilhões para mais de US$ 50 bilhões até 2022.
A cifra é considerada pouco realista, o deputado Eduardo Bolsonaro, presente ao encontro entre o pai e Modi, comentou que efetivamente o primeiro-ministro indiano estimou “que até 2022 o patamar mínimo dessa relação comercial entre Brasil e Índia ficaria em US$ 50 bilhões”.
— Talvez ele tenha se equivocado nos dados. Acho que o Modi está bem otimista e entusiasmado. Torço para que isso ocorra. Se contarmos o que há hoje, US$ 6 bilhões é muito pouco para um país que tem 1,2 bilhão de pessoas — disse o deputado.
Compra de gergelim
A Índia aceitou abrir seu mercado para a entrada do gergelim do Brasil, informou hoje a ministra Tereza Cristina, depois de reuniões com as autoridades indianas em Nova Delhi. De seu lado, o Brasil vai permitir a entrada de semente de milho indiano.
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O gergelim é ainda uma cultura de segunda safra depois da soja, e está em expansão. As exportações chegaram a US$ 24,6 milhões no ano passado. O Vietnã importa metade do volume vendido pelo Brasil.
O Brasil joga firme na expansão das exportações do gergelim ainda mais que o mercado internacional desse produto é estimado em US$ 3 bilhões por ano. A India produz muito e consome muito. A China, por sua ve, deve importar um milhão de toneladas em 2020.
A ministra Teresa Cristina vê boa disposição para intensificação do comércio bilateral. A abertura para o gergelim deverá ser publicada no comunicado final da visita de Bolsonaro.
Fonte: “O Globo”
Foto: Money Sharma / AFP